Foto: acrissul.com.br
Sidnei Maschio: Como é que foi o comportamento do preço do leite pago ao produtor no mês passado, pelo leite entregue na indústria em janeiro?
Rafael Ribeiro: Os preços do leite ao produtor subiram depois de oito meses em queda. Considerando a média nacional houve alta de 1,6% no pagamento realizado em fevereiro, frente ao anterior. Segundo levantamento da Scot Consultoria, o produtor recebeu, em média, R$1,044 por litro, sem o frete.
Apesar da reação, na comparação com fevereiro do ano passado o preço está 6,0% menor este ano, em valores nominais.
Sidnei Maschio: E o que aconteceu com o custo de produção do fazendeiro no mês passado, rafael?
Rafael Ribeiro: No mês, o índice aumentou 0,5% em relação a janeiro deste ano.
Sidnei Maschio: Quais foram os insumos que pesaram mais nesse aumento do custo de produção do leite no mês passado?
Rafael Ribeiro: As altas de preços dos alimentos concentrados, com destaque para o milho e o farelo de soja, colaboraram para o incremento do custo da atividade.
Sidnei Maschio: - Essa alta no preço dos grãos deve ser motivo de muita ou de pouca preocupação da parte do pecuarista produtor de leite, rafael?
Rafael Ribeiro: É um motivo de preocupação. Em março o peso destes alimentos nos custos de produção da atividade tem sido ainda maior.
Daqui para frente tudo dependerá do clima, de como avançará a colheita da safra de verão e situação da segunda safra, além do cenário na Argentina, que sofre com a falta de chuvas e tem tido a sua produção revisada para baixo.
Sidnei Maschio: Rafael, comparando com esta mesma época do ano passado, como é que está hoje o custo de produção do leite?
Rafael Ribeiro: Considerando fevereiro deste ano, em relação a igual período do ano passado, os custos da atividade estão 7,6% menores este ano.
Para março, levando em conta a alta de preços verificadas até então, a expectativa é de que este quadro mude. Atualmente, o milho está 15,0% mais caro em relação a março de 2017. Para o farelo de soja, esta diferença é de 13,0% no mesmo período.
Sidnei Maschio: Março será mais um mês de alta no preço pago ao produtor?
Rafael Ribeiro: Para o pagamento a ser realizado em março, referente a produção de fevereiro, 66,0% dos laticínios pesquisados pela Scot Consultoria acreditam em alta do preço do leite ao produtor e 34,0% falam em manutenção frente ao pagamento anterior.
O movimento de alta deverá ganhar força daqui para frente, com a produção caindo nos principais estados produtores. A intensidade desta alta dependerá de como reagirá a demanda interna.
Sidnei Maschio: Onde devem ocorrer as maiores quedas na entrega do produto para a indústria?
Rafael Ribeiro: Destacamos o Rio Grande do Sul, onde a falta de chuvas vem afetando a produção de leite.
Mas de forma geral, nas principais bacias leiteiras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste a expectativa é de queda na produção nos próximos meses. As quedas em março estão estimadas entre 0,5% e 4,0%, dependendo da região.
Sidnei Maschio: O brasil inteiro continua esperando a recuperação econômica para que o consumo de derivados de leite, entre tantas outras coisas, possa voltar a crescer no país. É agora em março que isso vai acontecer, Rafael?
Rafael Ribeiro: A expectativa é de melhora no consumo interno daqui para frente, com o retorno as aulas e fim das festas, mas é preciso cautela, já que a retomada da demanda poderá ser tímida e um ritmo mais lento esse ano.
No atacado, os preços dos lácteos subiram em fevereiro e deverão manter a tendência de alta agora e março e meses seguintes.
Sidnei Maschio: Como está hoje o andamento da negociação no mercado spot, que é aquele feito só entre as empresas do setor, e por que é importante o pecuarista prestar atenção nesse comércio?
Rafael Ribeiro: No mercado spot, ou seja, o leite comercializado entre as indústrias, os preços subiram fortemente. O reajuste médio nos estados pesquisados (SP, MG, GO, PR e RS) foi de 14,4% na segunda quinzena de fevereiro, frente ao fechamento de janeiro último. Os preços máximos já ultrapassam os R$1,20 por litro, posto na plataforma.
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