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Scot Consultoria

20 arrobas por hectare por ano a pasto. Como chegar lá?


Quinta-feira, 5 de abril de 2018 - 06h00

Foto: Wolf Sementes


Carlos Ohara é engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP. É sócio fundador da ViaVerde Consultoria e especialista na área de bovinocultura, forragicultura e cereais.

Carlos será um dos palestrantes do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, que acontecerá de 17 a 20 de abril, em Ribeirão Preto-SP e Barretos-SP. Entrevistamos o consultor sobre os principais aspectos que envolvem a formação, adubação e manejo de pastagens, tema de sua palestra.

Para mais informações sobre o evento acesse, www.confinamentoerecria.com.br.

Confira na íntegra a entrevista:

Scot Consultoria: O senhor poderia comentar sobre o que será abordado na sua palestra?

Carlos Ohara: A palestra abordará um panorama geral das 146 fazendas assistidas pela ViaVerde mostrando alguns dados relevantes e o posicionamento das mesmas perante o público presente.

A ideia é mostrar que mesmo em fazendas assistidas tecnicamente há uma variação muito grande de resultados na lotação em cabeças/hectare que podem ser convertidas em unidades animais/hectare para ficar mais preciso, mas que na essência a comparação continua válida.

Será notado que os números são muito semelhantes variando na grande maioria de uma cabeça/hectare a quase três cabeças/ha quando se considera a lotação média anual.

Na questão de formação de pastagens iremos defender o plantio de sementes enterradas como forma de garantir a operação e economizar nesta fase importante, já que responde pela produtividade do pasto bem formado e vem sendo muito difundida nos sistemas de integração lavoura-pecuária.

Serão também apresentados dados de evolução de duas fazendas que controlam seus índices zootécnicos e a parte financeira bem como um caso de boa produtividade onde se atingiu mais de 20@/ha/ano com técnicas de adubação, manejo e bom desfrute.

Scot Consultoria: Qual é a importância da adubação do pasto? Como o pecuarista pode manejar as exigências nutricionais da forrageira?

Carlos Ohara: Pasto também é uma cultura agrícola que depende da reposição de nutrientes para ser perene e produtiva. Quem não aduba acaba reformando pastagens, perdendo dinheiro de forma cíclica. Ou seja, quem não aduba não aumenta sua produtividade e perde competitividade.

O pecuarista deve contar com apoio técnico para avaliar sua condição local de fertilidade de solo e exigência das forrageiras perante seu sistema de produção para estabelecer um programa de reposição de nutrientes e potencialização de resultados via adubação para ganhar mais dinheiro.

Scot Consultoria: Qual é o incremento de margem esperado com o manejo correto da cultura? Este ganho cobre o custo da operação?

Carlos Ohara: Via de regra temos nas fazendas cerca de 1 cabeça/ha. Manejando o pasto, corrigindo solo e fertilizando é possível dobrarmos esta quantidade admitindo que não iremos mudar o sistema de produção da fazenda de gado de corte que trabalha somente a pasto, inclusive na seca.

Segue uma resposta fornecida a um bom gerente de fazenda:

Para efeito de esclarecimento/alinhamento, estamos aplicando 40kg de nitrogênio (N) para cada unidade animal de 450kg de peso vivo a mais que colocamos na fazenda.

Jogar calcário, fósforo e potássio fazem parte da manutenção dos pastos para que os mesmos suportem 1,5UA/ha ao longo do ano e não entrem num ciclo de reformas, gerando gastos grandes e aumentando custo fixo pois cai a lotação.

Estes 40kg de N (100kg/ha de ureia ou 120kg/ha de nitrato) custam R$130,00/ha que divididos por 7 meses (novembro a maio) geram um custo de R$18,50 por cabeça por mês o que equivale a um aluguel de pasto barato. Há também efeito de melhora dos capins na seca, mas nem está entrando na conta.

O maior efeito acaba sendo na diluição/diminuição dos custos fixos da fazenda (cercas, mão de obra, curral, etc.) pois dobra ou triplica o rebanho com a mesma estrutura. Lembrando que o melhor manejo é aplicar sempre os fósforos antes dos nitrogênios e potássios para otimizar efeito do N.

Scot Consultoria: O rendimento econômico com adubação aumenta conforme aumenta-se a dose de adubação? Essa resposta de ganho é linear?

Carlos Ohara: A resposta de produção de pastagem é linear até níveis altos de adubação, ou seja, quanto mais adubo mais gado, porém o rendimento econômico depende do sistema de produção.

Não adianta adubar muito nas águas e não fazer um bom programa de suplementação na seca, avaliando as categorias que serão tratadas, a genética, o mercado, o custo dos insumos, etc.

Via de regra trabalhamos no Brasil Central com lotações no verão entre 3 a 10 unidades animais/ha e depois as pastagens na seca não suportam mais do que 1,5 a 2 UA/ha. Esse desafio da estacionalidade possui muitas soluções.

Scot Consultoria: Quais estratégias o pecuarista deve adotar para lidar com a variação do dólar e alta nos preços dos fertilizantes?

Carlos Ohara: Primeiramente acompanhar o mercado, saber balizar se o fertilizante está em um patamar bom ou ruim na média histórica. Em segundo lugar fazer suas contas frente à expectativa de mercado da sua moeda (preço da @) e o restante do seu custo de produção para avaliar se há chances de ganhar ou não caso o fertilizante esteja em patamares de preço elevado.

A exemplo de bons produtores agrícolas, o correto é acompanhar o mercado e comprar fertilizantes antecipadamente.

Scot Consultoria: Qual é a receita para uma adubação eficiente? Quais etapas devem ser respeitadas para que o pecuarista alcance resultados positivos?

Carlos Ohara: A primeira etapa é planejar por que adubar, onde adubar e como adubar. Três dicas básicas são muito importantes de serem respeitadas:

I. Procurar adubar nos melhores lugares da fazenda para que o dinheiro volte mais rápido;

II. Adubar sempre logo após o pastejo para aumentar a eficiência de aproveitamento do adubo no estímulo à formação de perfilhos do capim tornando-o mais produtivo;

III. Realizar pastejo eficiente para que não haja desperdício de capim.

Scot Consultoria: O que o senhor recomendaria ao pecuarista que pretende iniciar o manejo de seu pasto?  

Carlos Ohara: Recomendo inicialmente procurar um bom técnico especializado na área, com comprovada capacidade para ajudar e acompanhar.

O manejo do pasto é dinâmico, a cada momento ocorre de forma um pouco diferente, temos uma planta viva que responde às condições de clima, solo e variação da carga animal.

Muitas vezes nem é necessário investimento, apenas manejo via rotação de pastagens e ajustes de lotação que com um bom treinamento da equipe envolvida pode gerar bons resultados.

Adubar será uma consequência natural a ser incorporada na rotina da fazenda.

Entrevistado:

Carlos Ohara, Sócio Fundador da ViaVerde Consultoria.


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