Foto: veja.com.br
Durante as duas últimas semanas o Brasil sentiu a paralisação dos caminhoneiros em protesto ao valor cobrado dos combustíveis. Nesses dias, o escoamento e entrega de insumos de todos os setores nacionais foram prejudicados. Agora com a retomada normal do fluxo nas rodovias, conseguimos ter dimensão do quanto isso impactou o setor de proteína animal.
Para tratar melhor sobre o assunto e esclarecer algumas dúvidas, convidamos Ricardo Santin vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), para uma entrevista.
Veja a seguir:
Scot Consultoria: Quais as consequências da greve dos caminhoneiros na exportação de carne? É possível mensurar o tamanho das perdas financeiras para a exportação?
Ricardo Santin: Ainda não é possível determinar se os embarques não-efetivados não poderão ser recuperados nos próximos dias – com base nas médias diárias para o período, podemos considerar que o Brasil deixou de exportar mais de 120 mil toneladas de carne de frango e de suínos durante a greve.
Entretanto, de forma geral e somando com as perdas internas de comercialização, custos logísticos e outros, a partir de levantamentos que fizemos junto aos associados, a avicultura e a suinocultura do Brasil foram impactadas em R$3,15 bilhões nestes 10 dias.
Scot Consultoria: E qual setor das proteínas animais foi o mais prejudicado com a paralisação?
Ricardo Santin: Não podemos responder pelo setor de bovinos.
Se consideramos apenas a mortandade de animais, o setor de aves foi mais impactado. Mas é preciso considerar tudo que está nesta conta, que envolve toda a retomada a produção e da distribuição de produtos, o que torna as perdas para avicultores e suinocultores equivalentes proporcionalmente.
Scot Consultoria: Existe algum plano para evitar maiores perdas, caso a paralização das rodovias retome?
Ricardo Santin: Não existe a crença de que os movimentos sejam retomados. Entretanto, o setor tem preparado planos de contingência para evitar estragos maiores.
Scot Consultoria: Como ficaram os contratos de exportação que não puderam ser cumpridos? Há algum tipo de multa as indústrias?
Ricardo Santin: Esta é uma negociação entre o exportador e o importador. Obviamente, há custos com a perda dos embarques, prejuízo logístico e multas contratuais caso a caso.
Scot Consultoria: São reversíveis os danos as exportações de carne brasileira, mesmo com um 2018 difícil em virtude de Operação Carne Fraca, Operação Trapaça e paralisação dos caminhoneiros?
Ricardo Santin: Existem danos permanentes que já são considerados prejuízos e não são recuperáveis, e que se somam às situações das exportações para mercados como União Europeia e Rússia. O que o setor buscará é compensar com ainda mais trabalho e busca por novas oportunidades de exportação. Mais trabalho é o único caminho.
Entrevistado:
Ricardo João Santin, vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
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