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Sidnei Maschio: Qual foi o comportamento do mercado do leite no último pagamento, realizado em julho/18, referente a produção entregue em junho/18? Quais foram as variações frente aos períodos anteriores?
Rafael Ribeiro: Foi o sexto mês consecutivo de alta para o produtor. Segundo levantamento da Scot Consultoria, no pagamento de julho, referente ao leite entregue em junho, a média nacional ficou em R$1,23 por litro, sem o frete.
Os valores máximos, com bonificação por volume e qualidade, chegaram a mais de R$1,50 por litro.
O aumento foi de 5,6%, frente ao pagamento anterior, e de 19,7% desde o começo do ano. Dependendo da região, a alta ultrapassa os 30,0% no acumulado do ano.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o produtor recebeu 6,5% mais neste último pagamento, considerando a média nacional.
Sidnei Maschio: Quais os motivos destas altas de preços para o produtor?
Rafael Ribeiro: A entressafra no Brasil Central e região Sudeste foi agravada pela falta de chuvas, que já ultrapassa cem dias em muitos estados, e o aumento do custo da alimentação concentrada em 2018.
No mais, o mercado ainda sente os efeitos da greve dos caminhoneiros no final de maio e começo de junho, que afetou de alguma maneira a curva de lactação dos animais.
Aqui vale destacar que houve quedas nas produções em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, mas nos estados do Sul do país a produção aumentou, ainda que em um ritmo menor que neste período do ano passado.
Sidnei Maschio: Você comentou sobre os aumentos nos custos de produção em 2018 que agravaram a queda na produção de leite nesta entressafra. Como tem se comportado estes custos e quais as expectativas?
Rafael Ribeiro: Os custos de produção da atividade leiteira caíram ligeiramente em julho.
Segundo o Índice Scot Consultoria de Custo de Produção o recuo foi de 0,8% em relação a junho deste ano.
A queda nos preços dos alimentos concentrados e dos combustíveis na primeira quinzena do mês puxaram o indicador para baixo. No caso do milho, por exemplo, os preços retomaram a firmeza na segunda metade de julho, porém, na média, as cotações estão abaixo do registrado em junho.
Mas é importante destacar que em relação a igual período do ano passado, os custos da atividade estão 10,5% maiores.
Para o curto prazo, a expectativa é de preços mais firmes para os alimentos concentrados, com a entressafra nos Estados Unidos e boa demanda interna e para exportação.
A janela de compras, principalmente do milho, foi mais curta este ano, com a menor produção e dólar em patamares mais altos. Mais detalhes no capítulo sobre o mercado de grãos.
Sidnei Maschio: De volta ao mercado do leite, quais as expectativas para agosto e setembro?
Rafael Ribeiro: Para o pagamento a ser realizado este mês (agosto), referente a produção entregue em julho, o viés do mercado ainda é de alta no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, porém, aumentou o número de laticínios falando em manutenção em relação aos levantamentos anteriores.
No Sul, a tendência é diferente, com o mercado já falando em quedas, devido à maior produção.
Para o pagamento a ser realizado em setembro (produção de agosto), o viés de baixa ganha força nos estados do Sul. Já nos estados do Sudeste, Centro-Oeste e Norte, a maior parte dos laticínios estimam manutenção dos preços pagos ao produtor, mas reajustes positivos não estão descartados.
Sidnei Maschio: E no mercado spot, qual foi o comportamento dos preços e quais as expectativas em curto prazo?
Rafael Ribeiro: No mercado spot, ou seja, o leite comercializado entre as indústrias, os preços subiram na primeira quinzena de julho, mas caíram, na segunda metade do mês. O aumento da produção nos estados da região Sul colabora com este cenário.
Os preços médios recuaram para baixo de R$1,90 por litro em São Paulo e Minas Gerais e a tendência é de queda nas próximas quinzenas.
A expectativa é de manutenção a queda nos preços do leite no mercado spot em curto prazo.
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