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Scot Consultoria

Cenário atual e expectativas para o mercado do boi gordo


Sexta-feira, 10 de agosto de 2018 - 12h35

Fonte: Scot Consultoria


Sidney Mashio: Hyberville, para a Scot Consultoria, o que foi que aconteceu com o boi gordo do começo de julho até agora?

Hyberville Neto: Sidney, comparando as cotações com o início de julho até agora, nós temos uma alta de 2,9%. Então depois das desvalorizações, de um cenário mais baixo no início da entressafra com a desova de animais em abril e maio, e da turbulência atrelada á greve com o acúmulo de boiadas, agora nós temos observado uma recuperação das cotações.

Sidney Mashio: Agora, pelo período do ano que nos estamos, o preço não deveria subir em uma tomada mais acelerada?

Hyberville Neto: Pela situação da oferta, nós poderíamos esperar um cenário de altas mais consistentes, mas a demanda, que embora melhor do que observado em 2017, tem ficado aquém do que nós esperávamos no início do ano. Então, ela tem segurado um pouco a valorização do boi gordo, mas a expectativa a curto prazo é positiva ao que se diz respeito aos preços para o pecuarista.

Sidney Mashio: Comparando essa mesma época do ano com os últimos anos, como que está a oferta de gado terminado nas principais regiões de comercialização do Brasil?

Hyberville Neto: Depois que nós entramos efetivamente na entressafra, que é o período atual, o primeiro giro do confinamento se torna muito importante ao que diz respeito as programações de abate. Estrategicamente para a indústria, ele é importante, e esse volume de gado confinado no primeiro giro foi fortemente afetado pela forte alta do milho e pelos preços do mercado futuro no momento de fechar essa boiada que não estavam atrativos. Então, o pecuarista projetava seus resultados esperados com base em uma estimativa de confinamento, usando ou não o mercado futuro, mas ele sempre fica de olho no que o mercado futuro aponta. Esses preços não caminhavam para resultados promissores, com boa parte do tempo sem grande viabilidade. E isso afetou a oferta de boiadas nesse primeiro giro e por isso temos, agora, esse cenário de baixa oferta.

Sidney Mashio: O que nós podemos esperar da oferta de boiadas do confinamento daqui para o final da atual temporada?

Hyberville Neto: Daqui em diante, para um curto prazo nós acreditamos em um cenário de ofertas limitadas. A maior disponibilidade de gado confinado ocorre a partir de setembro, outubro e novembro, principalmente, e a partir de outubro já é o chamado segundo giro, mas claro tem gente que confina o ano todo. Para esse gado de outubro e novembro nós tivemos viabilidade, nos últimos meses o mercado futuro cedeu, porém, já tem se recuperando, oscilando entre resultados, mas sem perder a atratividade. Então, deve ter um número maior de gado confinado, mas nós não acreditamos em um aumento forte porque a viabilidade ocorre, mas o retorno esperado não está a ponto de gerar um aumento forte de boiadas confinadas.

Sidney Mashio: E a respeito do consumo de carne, Hyberville, dá para ter alguma esperança de um aumento maior ainda nesse ano?

Hyberville Neto: As eleições acabam tendo um feito positivo sobre a renda e o fluxo de dinheiro para a população, e agora com Lava Jato e as regras eleitorais mudando, deve fazer com que esses efeitos sejam menores, mas independente das eleições, nós temos tipicamente no segundo semestre uma recuperação no consumo. A medida que nós nos aproximamos do final do ano nós temos as contratações temporárias e a própria economia como um todo trabalha mais ativa no segundo semestre. Então, com a associação desses fatores, as eleições, com peso relativamente moderado, e segundo semestre com sazonalidade, nós devemos ter uma recuperação do consumo, frente ao que foi observado no primeiro semestre, e um consumo relativamente melhor do que nós tivemos na segunda metade de 2017.

Sidney Mashio: Então o pecuarista pode ficar sossegado quanto a um possível risco de queda no preço do boi gordo, daqui até o começo da safra?

Hyberville Neto: Não é o esperado, mas como estamos no Brasil e a pancada pode vir a qualquer momento, é sempre bom trabalhar com as ferramentas de proteção de preço. Mas, o que nós temos hoje, as informações que nos dizem a respeito da oferta e demanda, nos levam a crer em um mercado firme com possibilidades de valorização ao longo do semestre sim.

Sidney Mashio: A exportação pode ajudar o pecuarista e empurrar o valor da arroba do boi gordo?

Hyberville Neto: As exportações têm registrados volumes interessantes e no acumulado dos primeiros sete meses nós temos uma alta de 5% em volume, considerando a carne in natura. Então, China e Hong Kong tem aumentado as compras e mantido um volume importante de exportações, um volume que tem colaborado com a precificação do produto, mesmo com essa lacuna de demanda deixada pela Rússia. Claro, tudo isso ajudado pelo câmbio, o que não diminui a importância da Rússia, se nós tivéssemos o mercado russo seria mais um volume a ser enviado, mas esses dois países têm suprido a falta desse mercado tão importante.

Sidney Mashio: Em relação ao gado de reposição, Hyberville, essa reação que nós temos visto nessas duas semanas quer dizer que o mercado firmou?

Hyberville Neto: Esse cenário mais firme para o mercado do boi gordo tem aumentado a demanda pelas categorias de reposição, principalmente pelas categorias mais eradas, mas o volume de negócios ainda anda um pouco travado. Nós temos uma procura maior por preços e negociações, mas os negócios fechados não têm aumentado em grandes volumes. Nós acreditamos que o mercado do boi gordo engrenando de maneira mais forte possa colaborar e destravar esse mercado, mas o cenário recente é de uma melhora também para quem tem boi magro e garrote para vender, principalmente. No que diz a respeito a bezerro e desmama, nós temos um cenário mais parado.


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