Foto: Scot Consultoria
“Um evento como este [Encontro dos Encontros da Scot Consultoria] é imprescindível para que consigamos melhorar a nossa produtividade e nos tornarmos mais competitivos no mercado... Em eventos como este, divulgamos informações importantes e capacitamos profissionais e criadores.” Essas foram as palavras do professor da ESALQ, Roberto Sartori Filho, especialista em biotecnologias reprodutivas de bovinos, a respeito do Encontro do Encontros da Scot Consultoria, que acontecerá em Ribeirão Preto-SP, entre os dias 1 e 5 de outubro, no Centro de Eventos do Ribeirão Shopping.
Faça sua inscrição e participe deste grande evento rumo ao conhecimento das melhores práticas de adubação de pastagens, pecuária de cria e de leite e comprove as palavras do professor. Aguardamos por você!
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:
Scot Consultoria: Em sua opinião, qual a importância do Encontro de Criadores da Scot Consultoria, que reunirá os principais programas de melhoramento genético, e grandes pesquisadores da área, para debaterem o futuro da cria no Brasil?
Roberto Sartori Filho: Em minha opinião, um evento como este é imprescindível para que consigamos melhorar a nossa produtividade e nos tornarmos mais competitivos no mercado. Não podemos nos esquecer de que, apesar de termos evoluído rapidamente, as tecnologias relacionadas ao nosso setor ainda são pouco aplicadas. Esta é, justamente, a causa da nossa baixa produtividade. Entretanto, como podemos melhorar este cenário? A diferença se faz com eventos como o Encontro dos Encontros da Scot Consultoria, no qual divulgamos informações importantes e capacitamos profissionais e criadores.
Scot Consultoria: Professor, o senhor acredita que, hoje, já existam melhores recomendações e mais critérios no momento da escolha do protocolo correto?
Roberto Sartori Filho: Não tenho dúvidas sobre isto. Cada vez mais identificamos detalhes relacionados ao protocolo de IATF que interferem diretamente nos resultados de fertilidade que obtemos. Atualmente, estamos realizando inúmeros “ajustes finos” ao protocolo, visto que cada situação tem uma exigência peculiar. Por exemplo, fatores como a duração do protocolo, a inclusão ou não de certos fármacos, ou até suas dosagens, variam em função da categoria animal que estamos trabalhando, a condição nutricional do lote, entre outros fatores. Portanto, apesar de estarmos falando de uma “receita de bolo”, temos que nos atentar aos detalhes, que podem fazer toda a diferença.
Scot Consultoria: Quais variáveis o produtor deve ficar atento ao definir o protocolo? Raça, idade, aspecto nutricional? Quais suas indicações?
Roberto Sartori Filho: O produtor deve conhecer o seu rebanho e se programar para que tudo ocorra corretamente. A lista de variáveis que devem ser controladas é extensa e pode ser diferente entre as propriedades. Fatores como o período do ano estabelecido para a estação reprodutiva, o tamanho de cada lote e as categorias que compõem estes lotes (por exemplo, lote de novilhas, primíparas e multíparas), a condição corporal individual das fêmeas em um lote, o grau sanguíneo do rebanho (zebuínos ou taurinos), o touro/sêmen selecionado e a qualidade das doses de sêmen compradas, ou até a infraestrutura (curral, brete de contenção, equipe de funcionários, identificação das fêmeas e listas de manejo) podem fazer a diferença nos resultados obtidos. A minha indicação é de que o produtor busque um suporte técnico capacitado para que as decisões sejam tomadas. Desde a elaboração de um calendário de manejos, até o diagnóstico final de gestação, diversos pontos críticos podem prejudicar nossos índices.
Scot Consultoria: Os protocolos com melhores resultados de fertilidade são os mais caros ou o custo benefício vale a pena para o produtor?
Roberto Sartori Filho: Tudo deve ser colocado na ponta do lápis. A nossa contribuição para o setor não se limita a um bom entendimento da fisiologia da fêmea e obtenção de altos índices. De que adianta identificar a melhor tecnologia, a melhor combinação de fármacos, se um fator limitante como, por exemplo, o custo do protocolo pode impedir que isto seja colocado em prática, principalmente devido à busca pelos menores preços por parte dos técnicos e produtores? A IATF é, sabidamente, uma estratégia para melhorar índices reprodutivos e intensificar o sistema de produção. Contudo, apenas 12% de nossas fêmeas aptas à reprodução são inseminadas. Então, o nosso papel, neste cenário, é estudar possibilidades e simplificar/baratear as técnicas, para que possam ser aplicadas em larga escala. Independente disso, se houver um protocolo que eleve consistentemente os índices reprodutivos, mesmo que seja mais oneroso, certamente se pagará pelo aumento da produtividade e os demais benefícios que ele gera em uma propriedade. Ou seja, não se deve apenas buscar pelos protocolos mais baratos e sim, pelos mais eficientes, com melhor custo-benefício.
Scot Consultoria: Quais os principais problemas que envolvem a escolha errada de um protocolo e como o produtor pode reverter uma situação adversa?
Roberto Sartori Filho: Novamente, a minha recomendação é que o produtor tenha, ao seu lado, suporte de um técnico capacitado, já que, inúmeros detalhes dentro de um protocolo podem tornar os resultados sub-ótimos. Inclusive, baixos índices são preocupantes porque podem distanciar o produtor de novas tecnologias que, se forem corretamente aplicadas, só trazem benefícios. Em geral, os protocolos recomendados atualmente, assim como as empresas no mercado nacional, têm idoneidade e segurança. Apesar de haver pequenas diferenças entre esses protocolos, quando há problemas, raramente estão relacionados à escolha do mesmo, mas, sim, por outros motivos, como, por exemplo, manejo inadequado dos protocolos ou dos animais, problemas nutricionais, estresse, mão de obra mal capacitada etc. Independente de tudo, um monitoramento adequado e avaliações/diagnósticos precoces podem identificar potenciais problemas e implementação imediata de soluções. Ferramentas de gestão de dados são fundamentais para esse processo.
Scot Consultoria: Professor, um dos grandes desafios que envolvem a adoção da IATF é em relação às dificuldades do manejo. Há alguma maneira de maximizar o número de fêmeas protocoladas?
Roberto Sartori Filho: Sim, há maneiras de maximizar. Antes de qualquer coisa, é importante deixarmos claro que investimentos em equipe e estrutura, para que a IATF seja adotada, fazem parte do caminho para aumento da produtividade nacional. Devemos enxergar toda essa sistemática como um investimento, e não como um trabalho a mais. A partir do momento em que a rotina for adotada, os manejos farão parte do sistema de produção e se tornarão tão essenciais quanto trocar lotes de fêmeas de pasto. Mas, respondendo à pergunta, há maneiras de maximizar a estação reprodutiva, da mesma forma que há maneiras para otimizar resultados. Dentre as diversas opções, podemos adotar protocolos com durações diferentes. Por exemplo, o protocolo de 7 dias de implante e três manejos permite que um grande número de fêmeas seja inseminado durante uma curta estação reprodutiva. Desta forma, intensificamos a aplicação da técnica e otimizamos o serviço. Outras estratégias, como a re-ssincronização associada a um diagnóstico precoce, também podem intensificar o sistema.
Entrevistado:
Roberto Sartori Filho, professor da ESALQ.
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