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Scot Consultoria

Expectativas para o mercado do leite

Entrevista com a zootecnista, analista de mercado da Scot Consultoria, Juliana Pila

Segunda-feira, 18 de março de 2019 - 10h45
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Zootecnista, formada pela Universidade Estadual Paulista-UNESP, com MBA em Gestão de Negócios pela Pecege USP/Esalq. É editora-chefe da área de pecuária de leite e da Carta Leite. Pesquisadora e analista do mercado pecuário (boi gordo, leite, grãos, frangos, suínos e insumos para a atividade). Ministra palestras e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi gordo, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.

Foto: http://www.apecuaristaiturama.com.br


Marusa Trevisan: Juliana, foi o segundo mês de alta no preço do leite pago ao produtor. O que explica esse aumento?

Juliana Pila: A queda na produção desde dezembro/18 aumentou a concorrência entre os laticínios pela matéria-prima (leite cru). Sendo este o principal motivo das altas nos preços ao produtor.

Cabe destacar, que o aumento em fevereiro de 4,1% em relação ao pagamento anterior foi a maior alta observada desde julho do ano passado.

Marusa Trevisan: Em relação a produção de leite, como ficou o fechamento de fevereiro? 

Juliana Pila: Com relação a produção, o volume captado (média nacional) caiu 2,8% em janeiro/19, na comparação mensal, e os dados parciais apontam para queda de 2,6% em fevereiro.

Além dos fatores climáticos, com estiagem em algumas regiões e excesso de chuvas em outras, o aumento no custo com alimentação, influenciaram o recuo na produção.

Houve queda na produção de leite no Brasil Central, regiões Sudeste, Norte e Sul. Nestas regiões o pico de produção foi em meados de dezembro/18.

Marusa Trevisan: Esse cenário de valorização deve continuar?

Juliana Pila: Para o pagamento a ser realizado em março, que remunera a produção entregue em fevereiro, em nível nacional, 44% dos laticínios pesquisados pela Scot Consultoria acreditam em alta no preço do leite e os 56% restantes falam em manutenção, em relação ao pagamento anterior.

Para o pagamento de março, porém o ritmo ou intensidade deverá ser menor que o verificado no pagamento de fevereiro.

Para aqueles laticínios que falam em manutenção no preço pago ao produtor, a questão principal está na dificuldade de evolução das cotações dos lácteos no atacado.

Mas a expectativa é que o movimento de alta perdure até meados de junho e julho, a depender é claro da demanda.

Marusa Trevisan: Tem alguma perspectiva de inversão no mercado?

Juliana Pila:  O mercado deve perder a firmeza quando a produção ganhar ritmo. Historicamente, a depender do clima e da demanda, a produção volta a crescer entre junho e julho e a partir de então os preços começam a recuar.

Marusa Trevisan: Já que estamos na metade no mês de março, como anda o consumo de leite no mercado inteiro?

Juliana Pila: Passado o período de festividade que tivemos, com o Carnaval, o consumo deve ganhar ritmo, ainda mais considerando que estamos na primeira quinzena do mês, quando a demanda aumenta. Pensando mais em longo prazo, apesar de alguns indicadores econômicos terem tirado um pouco o ânimo, como o resultado do PIB divulgado recentemente, as expectativas seguem de melhora no consumo este ano.

Marusa Trevisan: Como deve ficar o preço do leite pago ao produtor agora em março?

Juliana Pila:  A expectativa para o produtor de leite é de nova alta nos preços, no entanto destacamos que essa valorização será em menor intensidade que a verificada neste último pagamento. A remuneração do produtor deve seguir o movimento de alta até meados de junho e julho, quando a produção nacional deve começar a crescer.

Marusa Trevisan: E no mercado spot, que é o leite comercializado entre as indústrias, como anda a negociação? 

Juliana Pila: Os preços do leite no mercado spot tiveram forte incremente no final do ano passado e início de 2019, em fevereiro, porém essas valorizações nos preços foram menos intensas. Os valores máximos em São Paulo e Minas Gerais chegaram a R$1,70 por litro, posto na plataforma. A expectativa para os preços do leite no mercado spot é de manutenção, inclusive podendo recuar pontualmente, em função dos altos patamares de preços atuais e incertezas com relação à demanda nos próximos meses.

Marusa Trevisan: Em relação ao mercado externo, como é que está o preço do leite?

Juliana Pila: No mercado internacional, segundo os dados da plataforma GDT(Global Dairy Trade), que é referência no mercado internacional, o preço do leite em pó começou a ganhar força agora em 2019 em decorrência de uma menor oferta de leite nos principais países produtores, como Nova Zelândia.

Porém, apesar desta alta de preço, no primeiro bimestre deste ano as importações brasileiras de lácteos cresceram mais de 50% quando comparado com igual período do ano passado, fato esse que merece atenção, já que acaba interferindo na precificação do produto no mercado nacional.

Marusa Trevisan: Em abril acontece o Encontro de Recriadores e Confinamento da Scot Consultoria. Juliana, conta para gente os principais destaques e como fazer para participar.

Juliana Pila:  O grande assunto destaque desse ano é tecnologia. Abriremos o evento falando sobre a problemática da qualidade da carcaça e abordaremos temas como a intensificação na recria, gestão, bonificação da equipe, mercado entre outros assuntos. E para participar é muito fácil, é só entrar em contato pelo (17) 3343 5111 ou no site do evento. Mas atenção, até sexta estamos com valor especial de segundo lote.

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