Reinaldo Cooke, zootecnista pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado e doutorado em Animal Sciences na Universidade da Flórida. Atualmente é professor adjunto (Beef Cattle Production) na Universidade do Texas A&M (EUA) e professor permanente na pós-graduação na FMVZ - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de zootecnia, com ênfase em bovinocultura de corte.
Foto: Scot Consultoria
Dando seguimento à série de entrevistas realizadas com os palestrantes do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, entrevistamos o professor Reinaldo Cooke sobre os impactos que o transporte e o manejo inicial no confinamento podem causar aos animais.
Reinaldo possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado e doutorado em Animal Sciences na Universidade da Flórida. Atualmente é professor adjunto (Beef Cattle Production) na Universidade do Texas A&M (EUA) e professor permanente na pós-graduação na FMVZ - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de zootecnia, com ênfase em bovinocultura de corte.
Scot Consultoria: Reinaldo, gostaríamos de saber qual a sua opinião sobre o evento e qual a importância de um evento como esse para a pecuária nacional?
Reinaldo Cooke: Um dos eventos mais bem organizados e de maior relevância que eu já fui no Brasil. Fiquei extremamente feliz em participar, o público que participa está realmente interessado nas novas tecnologias e a organização do evento está de parabéns, não só pela infraestrutura, mas pela oportunidade que vocês nos dão, para disseminar o conhecimento.
Scot Consultoria: Na sua opinião qual o principal desafio encontrado para confinar bezerros que acabaram de sair da desmama?
Reinaldo Cooke: Hoje, é entender os desafios que eles estão passando, no Brasil a gente não tem ideia ainda do nível de estresse que é aplicado a esses animais e como isso impacta a produtividade durante o período todo no confinamento.
É preciso ligar o sinal de alerta e entender que os manejos que nós fazemos são de alto potencial de estresse e precisamos encontrar métodos de minimizar esses impactos no animal.
Scot Consultoria: O senhor comentou na sua palestra sobre como o transporte pode causar estresse nos animais e como a parada para descanso pode afetar. Como amenizar esse problema?
Reinaldo Cooke: Amenizar o problema do transporte é o seguinte: começar a procurar animais que estejam próximos da fazenda ou do confinamento. As vezes nós ficamos atraídos por menores preços de animais provindos de muito longe, mas acabamos pagando o preço pelos problemas que causamos a esses animais, que nunca se recuperam.
O primeiro problema é logístico, onde você vai parar e desembarcar esses animais? O segundo é biossegurança, você pode estar levando ou trazendo doenças dessas paradas. E o terceiro, imagina você estar indo de ônibus para a Bahia, você senta no ônibus e vai andando, andando e tem uma hora que acostuma, você sabe que está enrolado. Ai você para no posto, come uma coxinha, toma uma Pepsi e fica feliz e aí, você lembra, “puxa vida, tenho que voltar para o ônibus”. Ou seja, muito mais estresse.
E por isso que a parada é mais um problema do que uma solução, porque você acaba embarcando e desembarcando o animal repetidamente. Então, a consideração a ser tomada é para buscar animais mais próximos do confinamento.
Scot Consultoria: Essa realidade já vivida nos Estados Unidos, de confinar animais desmamados, ainda é algo distante da realidade brasileira, na sua opinião isso é viável aqui no Brasil e em quais situações?
Reinaldo Cooke: Eu acho que aqui nós usamos algumas terminologias que confundem quem trabalha na área, confunde-se muito confinamento com terminação. Terminação é quando você está com animais que estão indo para o abate e confinamento é qualquer atividade que você confina os animais em qualquer ambiente mais intensivo.
Então, para a minha perspectiva, recria intensiva é confinamento, sequestro de bezerro é confinamento, uma dieta a base de forragem, da mesma forma que é feito nos Estados Unidos, é confinamento. Ou seja, já estamos fazendo isso aqui no Brasil, só estamos usando outro nome, recria intensiva e sequestro de bezerro que nada mais é que confinar animais jovens.
Tem algumas diferenças do manejo utilizado, dieta utilizada, mas a essência é basicamente a mesma.
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