Rafael é zootecnista, formado pela Universidade Estadual Paulista UNESP, Câmpus de Ilha Solteira-SP, mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP. É analista e consultor de mercado da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos e avaliação e perícia. Editor-chefe do Relatório do Mercado de Leite, publicação da Scot Consultoria. Atua nas áreas de análises, estabelecimento de cenários, estratégias de mercado, realização de projeções de preços, oferta, demanda, análises setoriais e pesquisa de opinião e imagem. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.
Foto: Scot Consultoria
O zootecnista e consultor de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, será um dos palestrantes do Encontro dos Encontros, evento que reúne o Encontro de Criadores, o Encontro de Adubação de Pastagens e o Encontro da Pecuária Leiteira. Para introduzir o que ele abordará no evento a Scot Consultoria o convidou para um bate-papo sobre o mercado de fertilizantes e sobre o mercado de leite.
Rafael é zootecnista, formado pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Câmpus de Ilha Solteira-SP, mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP. É analista e consultor de mercado da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos e avaliação e perícia. Editor-chefe do Relatório do Mercado de Leite, publicação da Scot Consultoria. Atua nas áreas de análises, estabelecimento de cenários, estratégias de mercado, realização de projeções de preços, oferta, demanda, análises setoriais e pesquisa de opinião e imagem. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.
Scot Consultoria: Rafael, nos conte um pouco sobre o que será abordado nas suas palestras do Encontro de Adubação de Pastagens e do Encontro da Pecuária Leiteria e sobre a importância deste evento para a pecuária.
Rafael Ribeiro: No Encontro de Adubação de Pastagens eu vou trazer o cenário do mercado de fertilizantes. Como está a relação de troca quando analisamos o preço do adubo em relação a moeda do pecuarista que é o preço do boi gordo, e um pouco das estratégias e expectativas para o mercado de adubo nesse segundo semestre de 2019.
No Encontro da Pecuária Leiteira, eu vou comentar sobre o mercado do leite. Falar um pouco sobre como está a oferta de leite no país, o consumo, ou seja, os pontos importantes que tivemos este ano como fator limitante para as altas de preço no primeiro semestre. Além disso, as expectativas para o restante do ano e o que nós enxergamos para o mercado do leite em 2020.
Scot Consultoria: Sobre fertilizantes, como tem se desenvolvido o mercado em 2019?
Rafael Ribeiro: Nós vimos um começo de ano de preços mais frouxos em função do impacto menor do câmbio comparativamente com o que vimos no primeiro semestre de 2018. Esse fator puxou bastante os preços dos adubos naquele período.
Esse ano tivemos um começo de temporada mais calmo, com um câmbio mais calmo e a demanda também mais tranquila, comum para este período. Mas, de março a abril em diante, o cenário mudou em função da demanda maior, de um cenário mais ajustado de oferta no mercado mundial e preços mais firmes no mercado externo. Também não podemos deixar de descartar que em maio e junho tivemos um câmbio acima de R$4,00, que de alguma maneira impactou o mercado pontualmente.
O que eu quero dizer é que depois de um começo de ano mais calmo, vimos, a partir de março e abril, um cenário com preços subindo no mercado interno, em função dessa demanda e do cenário no mercado internacional.
Em relação a demanda, nós observamos esse aumento pela antecipação para o plantio da safra 2019/2020. Esse cenário tem dado sustentação aos preços que, por ora, ainda estão em um patamar abaixo do que chegaram em julho e agosto de 2018.
Até agosto de 2019 teremos essa maior movimentação interna para a aquisição do adubo para o plantio da safra de grãos 2019/2020, que tem maior peso em termos de demanda para o mercado interno.
Scot Consultoria: O produtor que ainda não adquiriu o seu adubo ainda vai encontrar janelas de compras para a aquisição do produto? Quais as expectativas desse mercado para o segundo semestre deste ano?
Rafael Ribeiro: Pensando no curto prazo, julho, agosto e até as primeiras semanas de setembro, há previsão de um cenário de demanda interna firme, ou seja, um cenário com cotações firmes no mercado brasileiro. Nós destacamos as recentes quedas no dólar, que chegou a R$4,10 em meados de junho e já está em patamares abaixo de R$3,80, o que pode limitar as altas, mas até agosto temos, de modo geral, um cenário mais firme de preços.
Para o pecuarista temos oportunidades de compara mais para o final do ano, passado esse momento de movimentação interna mais firme. Normalmente, outubro, novembro e dezembro são meses no qual boa parte do adubo já foi adquirido, pensando na safra de grãos, e geralmente existem oportunidades de compra.
Com as expectativas de que o preço da arroba do boi gordo reaja com mais força no segundo semestre a relação de troca pode melhorar mais para o final do ano. Esse inclusive será um dos assuntos que abordaremos durante a apresentação, analisando o poder de compra do pecuarista e destacando oportunidades no final do ano. Novembro e dezembro são meses que temos chuvas em maiores volumes e mais bem distribuídas pelo país e quando se adubem as pastagens.
Scot Consultoria: Mudando agora o assunto para o mercado do leite, qual foi o cenário do mercado de leite nesse primeiro semestre do ano?
Rafael Ribeiro: Com relação a captação vimos, até maio, os volumes caindo no mercado interno, nas principais bacias leiterias, como região Sudeste, Centro-Sul e região Sul do país. Em termos de preços nós vimos uma valorização, porém essa alta foi mais tímida na comparação histórica e aí entra a questão do consumo, da demanda.
No mercado interno temos o consumo crescendo, mas crescendo muito pouco em relação ao ano passado. Alguns setores até apresentaram estabilidade ou quedas em termos de venda.
Essa dificuldade de escoamento na ponta final da cadeia acabou limitando as altas de preços para o leite ao produtor. No pagamento de junho, por exemplo, o que nós vimos foi uma alta pouco expressiva nos preços já com um viés de baixa no mercado do leite. Nós vimos um cenário de oferta recuando, pensando na curva sazonal de produção do Brasil, mas os preços não subiram nas proporções observadas em anos anteriores considerando o período de entressafra.
É importante destacar essa questão do consumo aquém das expectativas iniciais em relação a demanda por lácteos esse ano. Os indicadores de consumo e intenção de consumo nos mostram uma situação de cautela, com o consumo interno patinando em função do cenário de crise.
Scot Consultoria: Com deve se comportar os preços do leite ao produtor daqui para frente?
Rafael Ribeiro: Temos que levar em consideração que daqui para frente temos um período de safra, em que normalmente a produção é crescente, e se não tivermos a demanda acompanhado esse incremento da produção a tendência é que tenhamos uma queda nos preços. Aliás, historicamente o segundo semestre é de preços em baixa em função do período de safra.
Porém, nesse período temos a questão dos custos de produção, pensando nos sistemas de produção a pasto ou com uma certa suplementação. Setembro e outubro, devemos ter uma retomada do capim o que ajuda no incremento da produção, mas acaba baixando o custo de produção da atividade.
É necessário ficar atento a questão do mercado, e sempre buscar melhorar a eficiência em termos de produtividade visando diluir os custos.
Em resumo, a previsão é de baixa nos preços aos produtores. Uma retomada da economia e do consumo será fundamental para dar sustentação aos preços.
Entrevista originalmente publicada no informativo Boi & Companhia no. 1347.
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