Possui graduação em zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (2003), mestrado e doutorado em zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (2009) e é especialista de produtos na Mosaic Fertilizantes. Atualmente atua como responsável técnica pelo portfólio de nutrição animal e desenvolvimento de novos produtos, e trabalha com fosfatos há 12 anos.
Foto: Scot Consultoria
Nossa entrevistada da semana é Sabrina Marcantonio Coneglian, zootecnista e palestrante em uma das Trilhas de Conhecimento do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria. Sabrina bateu um papo conosco sobre as principais fontes de fósforo para nutrição animal, confira!
Sabrina Coneglian possui graduação em zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (2003), mestrado e doutorado em zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (2009) e é Especialista de Produtos na Mosaic Fertilizantes. Atualmente atua como Responsável Técnica pelo portfólio de Nutrição Animal e desenvolvimento de novos produtos, e trabalha com fosfatos há 12 anos.
Scot Consultoria: Quais são as principais fontes de fósforo para suplementação mineral de bovinos de corte?
Sabrina Coneglian: Existem diversas fontes de fósforo destinadas à nutrição dos animais. Podemos dividir primeiramente em 2 grandes grupos: fontes orgânicas e fontes inorgânicas. Quando falamos de fontes orgânicas temos as fontes de origem animal e as fontes de origem vegetal. Fontes orgânicas de origem animal são as farinhas produzidas a partir de animais, por exemplo: farinha de penas, farinha de ossos, farinha de carne, farinha de peixe etc.
Essas fontes são proibidas para ruminantes porque podem causar a conhecida "Doença da vaca louca". Apenas a farinha de ossos calcinada é liberada para ruminantes.
Fontes orgânicas de origem vegetal são pastagem, cereais, oleaginosas. Essas fontes possuem parte do fósforo na forma de "fitato", que necessita ter enzimas específicas para quebrar essas ligações e deixar o fósforo disponível para ser absorvido. As aves e suínos não possuem essa enzima, sendo interessante oferecer a esses animais fontes inorgânicas de melhor absorção.
Quando falamos de fontes inorgânicas, temos as inúmeras rochas fosfáticas. A origem dessas rochas (ígnes, metamórficas ou sedimentares) tem ligação direta com o teor de elementos indesejáveis presente. As mais puras são as rochas ígneas e por isso a Mosaic Fertilizantes utiliza apenas esse tipo de rocha para produção de fosfatos destinados à nutrição animal.
Scot Consultoria: Quais as vantagens do uso do fosfato bicálcico e monocálcico na nutrição animal?
Sabrina Coneglian: Quando pensamos em fontes de fósforo de origem inorgânica, são as fontes mais biodisponíveis. O fosfato bicálcico é a fonte de fósforo mais utilizada no mundo, em sistemas de produção a pasto. Tem um equilíbrio de pontes de hidrogênio que lhe confere estabilidade (não causa empedramento) e uma alta biodisponibilidade.
No entanto, deve-se levar em consideração diversos fatores: origem da rocha, modo de produção e matérias-primas utilizadas para fabricação. Nem todos os fosfatos são iguais. Dependendo da matéria-prima utilizada ele pode ser mais ou menos biodisponível. Lembrando que a linha foscálcio da Mosaic Fertilizantes é oriunda de rocha ígnea, produção verticalizada e reação com baixa temperatura.
Tudo isso faz com que o Foscálcio 19 (pó ou microgranulado) tenha proporções equilibradas de fosfato monocálcico: fosfato bicálcico na sua composição. Essa proporção faz com que o produto tenha mais biodisponibilidade sem correr risco de empedramento.
Scot Consultoria: Quais as consequências sanitárias e produtivas do uso de fontes com elevado teor de flúor?
Sabrina Coneglian: O flúor é um elemento indesejável quando pensamos em pureza de fosfatos. Excesso de flúor pode causar fluorose e isso interfere na mineralização óssea, por formar complexo com o cálcio e o fósforo, que os tornam indisponíveis para absorção e utilização no metabolismo.
Interessante notar que os bovinos são os animais que possuem menor tolerância a flúor, se comparada a outras espécies. E é exatamente em formulações para bovinos a pasto que há maior inclusão de fontes de fósforo. Por isso, é tão importante esse monitoramento. As aves são as espécies com maior tolerância, seguidas pelos suínos, eqüinos, ovinos e bovinos. Também destaco que animais jovens, que são mais suceptíveis a essa intoxicação, são a categoria que mais necessita de fontes de fósforo para mineralização de ossos e dentes.
Os sinais de intoxicação de flúor são subclínicos, o que, no primeiro momento, causa a errada ideia de que não há problema no rebanho com o uso de fosfatos com alto teor de flúor. Animais com ossos e dentes mineralizados de forma incorreta não conseguem consumir a dieta de forma eficiente e nem ter estrutura óssea desejável para maior deposição de músculo.
Scot Consultoria: Por que algumas fontes com alto teor de fósforo apresentam baixa biodisponibilidade desse mineral para os animais?
Sabrina Coneglian: Como comentei anteriormente, há diversos fatores que impactam a biodisponibilidade de uma fonte de fósforo, como: origem da rocha, modo de produção, matérias-primas utilizadas para fabricação. Nem todos os fosfatos são iguais.
Scot Consultoria: A farinha de ossos ainda é utilizada? Quais os prós e contras?
Sabrina Coneglian: A farinha de ossos calcinada é liberada para ruminantes, no entanto, deve ser constantemente monitorada para verificação da queima total dessa matéria orgânica. Além disso, farinhas de ossos produzidas com excesso de temperatura podem apresentar fósforo na forma de pirofostato, totalmente indisponível para o animal.
Como a farinha de ossos é um fosfato tricálcico, ou seja, uma forma molecular que não há pontes de hidrogênio, esta fonte é muito estável, não empedra na linha branca. No entanto, essa falta de pontes de hidrogênio também a faz ser menos absorvível pelo animal.
Scot Consultoria: Qual a relação entre contaminantes e biodisponibilidade do fósforo?
Sabrina Coneglian: Quando falamos de contaminantes ou elementos indesejáveis, pensamos em chumbo, arsênio, cádmio, mercúrioetc. A primeira coisa que vem à mente é a intoxicação dos animais e até traços desses elementos nos produtos de origem animal (carne, leite). E isso realmente é real.
Mas o problema é muito maior que esse. Oferecer aos animais suplementos que possuem matérias-primas com alto teor de elementos indesejáveis, causa não somente toxidez e acúmulo desses elementos nos produtos de origem animal que chegam à nossa mesa, mas também afetam a absorção e utilização dos minerais essenciais, como o fósforo, impactando diretamente na produtividade e reprodução do rebanho.
Isso ocorre, pois existe um antagonismo entre minerais, onde o excesso de um mineral impacta negativamente a absorção de outro. E o excesso de chumbo, cádmio e até ferro impactam na absorção do fósforo.
Scot Consultoria: Sabrina, na sua opinião qual a importância de um evento como o Encontro de Recriadores para a pecuária nacional? Poderia comentar conosco sobre o que foi abordado em sua palestra?
Sabrina Coneglian: Eventos como o Encontro de Recriadores são muito importantes para o segmento. Por três dias tivemos acesso a muito conteúdo de qualidade,dos mais renomados especialistas do setor. A ideia de fazer o evento digital, neste momento desafiador que estamos vivendo, mostra mais uma vez a visão e pioneirismo da Scot Consultoria.
A ideia das Trilhas do Conhecimento também superaram as expectativas. Na minha palestra nós conversamos sobre os mitos e verdades que abrangem os fosfatos utilizados na nutrição animal atualmente. Há muitos mitos que devem ser explicados e há muitas informações importantes que devem chegar até os pecuaristas para que eles façam suas escolhas da melhor maneira possível
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