Doutor pela UNESP, campus de Jaboticabal e pela University of Kentucky (EUA) na área de produção e nutrição de ruminantes. Pós doutor pela Pennsylvania State University (EUA) na área de nutrição de ruminantes.
Foto: Scot Consultoria
Dr. Antonio Ferriani Branco foi professor de nutrição animal na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Ministra disciplinas nas áreas de sistemas de nutrição de ruminantes, métodos de avaliação de alimentos para ruminantes e tecnologia da produção de rações e suplementos, é professor em cursos de especialização, mestrado e doutorado.
Branco é doutor pela UNESP, campus de Jaboticabal e pela University of Kentucky (EUA) na área de produção e nutrição de ruminantes. Pós doutor pela Pennsylvania State University (EUA) na área de nutrição de ruminantes.
Pesquisador nível 1 do CNPq, com pesquisas na área de nutrição e produção de ruminantes. Editor de livros na área de produção de ruminantes. Consultor de várias revistas científicas e de fundações de amparo à pesquisa. Experiência de mais de 36 anos como consultor técnico.
Scot Consultoria: Professor Branco, o período das águas está aí. Na sua opinião, qual estratégia pode ser mais válida para o pecuarista, o uso de um proteinado de baixo consumo ou a suplementação mineral?
Antonio Branco: Se levarmos em conta as características de crescimento de nossas pastagens nessa época do ano, na prática, faltaria proteína. Com o uso de proteinados de baixo consumo (0,1 a 0,2% do peso vivo), quando bem balanceados, temos uma estratégia melhor, pois podemos eliminar o provável déficit de proteína bruta e fornecendo, ainda, todos os minerais necessários aos animais.
Scot Consultoria: Quais são os mandamentos para uma boa suplementação mineral, visando uma produção animal em pasto de forma mais eficiente?
Antonio Branco: Devemos usar suplementos bem balanceados, com fontes de minerais de alta qualidade, alta disponibilidade, que forneçam pelo menos 50% das exigências dos microelementos, que estejam acessíveis o ano todo, em cochos apropriados e em número de cochos suficiente. Uma prática pouco utilizada e que deve ser implementada, é o monitoramento do consumo, pois apenas os níveis de garantia não são suficientes para sabermos se o consumo dos minerais está adequado.
Scot Consultoria: Quais os principais pontos críticos na hora da decisão quanto ao tipo de suplementação a ser utilizado nos períodos de seca e das águas?
Antonio Branco: A meu ver, o ponto crítico é o planejamento pecuário, que inclui as metas de desempenho desejadas e o programa nutricional do rebanho. Nesse planejamento, devemos colocar o orçamento forrageiro como prioridade máxima. Sem isso, todas as decisões são muito pontuais e do tipo que “apaga incêndio”.
Scot Consultoria: Uma grande quantidade de bovinos consome dietas que não correspondem às suas necessidades em relação aos minerais. Quais são os principais sintomas da deficiência mineral nesses animais?
Antonio Branco: Os sintomas são muitos, alguns decorrentes de mais de um tipo de deficiência, outros mais específicos. Em termos gerais, podemos dizer que os maiores problemas são: menor ganho médio diário e baixas taxas de fertilidade, de prenhez e de nascimento para as matrizes. Em relação aos bezerros, maior taxa de mortalidade, menor peso à desmama e maior gasto com medicamentos. Tudo isso resulta em menos quilo de bezerro produzido/vaca exposta no caso de cria, e menor produção de arrobas/hectare nos outros sistemas.
Scot Consultoria: As fontes de fósforo utilizadas nos suplementos minerais podem ter contaminantes, como metais pesados. Quais os efeitos eles podem ter no organismo dos animais? Como o produtor pode ter maior controle e segurança na administração desses suplementos?
Antonio Branco: Deve-se buscar sempre a utilização de produtos que contenham fontes seguras de fósforo e com monitoramento da qualidade em relação aos valores máximos toleráveis para os metais pesados. Quando acima desses níveis máximos, os metais pesados sempre são prejudiciais, tanto aos animais, quanto aos humanos e afetam negativamente a produção e a saúde. Não podemos esquecer que, depois que entram na cadeia alimentar, não saem mais e por isso, é fundamental que esses contaminantes não estejam presentes nos produtos de origem animal.
Scot Consultoria: Na nutrição de monogástricos, quando tratamos a respeito de suplementação mineral, principalmente de fósforo, temos uma grande vertente atualmente a respeito do uso de enzimas exógenas. Existe alguma possibilidade da aplicação de enzimas exógenas em dietas bovinas?
Antonio Branco: No caso de monogástricos esse assunto já é bem consolidado, mas em relação aos ruminantes ainda há poucos trabalhos publicados a respeito. Uma das minhas orientandas de doutorado fez a tese avaliando os efeitos da fitase sobre a absorção de fósforo em bovinos e não encontrou respostas significativamente positivas. Ainda vejo essa possibilidade com muito cuidado.
Scot Consultoria: Professor Branco, como fazer a escolha correta de suplementação de bovinos a pasto, vinculado ao seu sistema de produção? Proteinado de baixo consumo para um pecuarista que trabalhe única e exclusivamente com cria é uma melhor opção do que a suplementação apenas com sal mineral? Isso aumentaria a taxa de prenhez e o score corporal das matrizes?
Antonio Branco: Como já disse anteriormente, o planejamento pecuário é fundamental para as escolhas corretas em relação aos produtos para nutrição do rebanho. Mas, considerando as características de nossas pastagens, não tenho dúvidas que o uso de suplementos minerais proteicos de baixo consumo resulta em ganhos técnicos e econômicos superiores aos suplementos minerais apenas.
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