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Scot Consultoria

Planejar, planejar e planejar

Entrevista com o gerente de fomento pecuário no Frisa Frigorífico, Marcos Flávio Teixeira Pereira

Terça-feira, 28 de junho de 2022 - 09h30
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Médico-veterinário formado pela UNIFENAS, pós-graduado pela Rehagro, com MDA Master Dairy Administration pela USP/ESALQ e MBA em Gestão Empresarial pela FGV, voltado ao agronegócio. Foi promotor técnico na indústria farmacêutica MSD Saúde Animal e, atualmente, é gerente de fomento pecuário no Frisa Frigorifico, responsável pela originação de animais, insumos, bem-estar animal e certificações ante mortem e planos de relacionamentos.

Foto: Scot Consultoria


Scot Consultoria: Na sua opinião, em qual área do planejamento o pecuarista brasileiro é mais deficiente?

Marcos Flávio: A maior deficiência é no planejamento de risco do negócio. O pecuarista brasileiro é muito conservador e, como é natural do brasileiro ser otimista, ele acaba mitigando os riscos.

Scot Consultoria: Existe algum ponto do planejamento em que o pecuarista iniciante deva se atentar mais?

Marcos Flávio: Sim, no planejamento de venda e no planejamento de compra, seja de animal ou de insumo, que equivalem a cerca de 90% da operação.

Scot Consultoria: Qual a diferença na falta de planejamento quando se compara o pequeno e o grande produtor?

Marcos Flávio: O planejamento possui os mesmos princípios, independentemente do tamanho do negócio. Apenas as características do negócio mudam, como a escala e a localidade, influenciando mais no planejamento do que o próprio tamanho do projeto.

Scot Consultoria: Quais estratégias de planejamentos são essenciais para garantir a qualidade da carne?

Marcos Flávio: Pensando na qualidade da carne, não podemos esquecer, primeiramente, da origem genética dos animais, visto que dificilmente a nutrição adequada irá compensar o baixo rendimento de um animal com genética inferior. Em segundo lugar, vem o planejamento nutricional. A carne de qualidade demanda uma dieta mais energética, mais densa e por um período maior.

Portanto, o pecuarista que deseja entrar nesse nicho de carne especial deve estar preparado tanto na qualidade dos animais quanto na dieta ofertada.

Scot Consultoria: Qual o seu ponto de vista sobre a virada das propriedades rurais para empresas rurais?

Marcos Flávio: Eu vejo que nós estamos atrasados neste assunto, a propriedade rural demorou para ser vista como empresa.

A virada de uma fazenda para uma empresa se dá, principalmente, pelo valor que essas fazendas têm faturado. A redução das margens tem feito com que o produtor improdutivo saia da atividade e as fazendas que realmente são geridas como empresas, onde o foco está na produtividade e lucratividade, vêm ganhando espaço e comprando terras dessas fazendas improdutivas.

É um momento de mudança para a pecuária brasileira, deixando de ser um produtor ‘’artesanal’’ para se tornar um produtor empresarial. Hoje, com a questão dos nichos de mercado e os principais mercados que nós temos do boi gordo, o pecuarista que não gere sua fazenda como uma empresa ou irá acabar como um pecuarista de “boi caipira” ou irá sair da atividade, porque não há mais espaço para a ineficiência.

Scot Consultoria: Quais conselhos você daria a um pequeno produtor que deseja iniciar o planejamento eficiente da gestão de sua propriedade?

Marcos Flávio: Deve-se saber qual o principal objetivo da fazenda. Vejo muitos produtores querendo iniciar uma operação com algo que não é rentável.

Um exemplo é trabalhar com a cria em uma fazenda pequena, nós sabemos que é difícil conseguir perpetuar esse negócio, sendo que ele não tem escala e tem o custo fixo alto. Portanto, primeiro deve-se avaliar a viabilidade do projeto e só então deve-se trabalhar o planejamento de como otimizar ao máximo esse projeto.

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