José Venâncio Demarque, possui formação na California State University, Saint Paul Escola de Negócios e experiência em estratégia de negócios.
Thomas Britze, possui formação em administração em negócios pela IHK Koln, experiência em operação de agronegócios pela Bayer.
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Destaque Rural / Scot Consultoria: Pensando no panorama mundial, atualmente, como o mercado de fertilizantes está reagindo?
Thomas Britze: O mercado de fertilizantes aumenta ano a ano, devido ao constante crescimento da produção brasileira. Em 2021, foram utilizadas 40 milhões de toneladas, 14% de crescimento de 2020, sendo um recorde. A previsão para os próximos anos é de safra recorde, consequentemente, para a utilização de fertilizantes também.
Há um porém: a guerra russo-ucraniana. O Brasil importa 85% dos fertilizantes básicos e a Rússia é nosso maior fornecedor de fertilizantes (N e K) ameaçando a oferta para a próxima safra. Porém, o Brasil se preparou bem, buscando alternativas e realizando acordos políticos com a Rússia para dar continuidade na aquisição desses produtos.
José Venâncio: O Brasil iniciou 2022 com um estoque de 7 milhões de toneladas de fertilizantes e terminará com 6 milhões de toneladas. É muito provável que não ocorra desabastecimento, mas isso pode impactar nos preços. Em 2021, os fertilizantes sofreram um incremento de 63% nos preços.
Destaque Rural / Scot Consultoria: Como é o perfil dos investidores nacionais e internacionais e de que modo eles afetam o mercado brasileiro?
José Venâncio: A pujança do agronegócio brasileiro avoluma o pioneirismo e atrai investidores do mundo todo. Fundos de investimentos e grandes empresas se interessam em investir no setor, interessados no sucesso do agro brasileiro. O ambiente macroeconômico é sim muito desafiador, mas, mesmo com a alta global de juros, ainda sim é interessante o investimento no agronegócio brasileiro. É interessante para todos: o produtor tem liquidez e desenvolvimento e, paralelamente, o investidor tem retorno positivo.
Thomas Britze: A conjuntura brasileira apresenta uma grande oportunidade. Somos uma nação que faz uso de diversas tecnologias como, por exemplo, o crédito de carbono. O potencial de crescimento do agronegócio brasileiro é gigantesco por conta da grande área que temos disponível, passível de dobrar a produção mantendo a sustentabilidade.
Destaque Rural / Scot Consultoria: O que vocês podem dizer sobre a dependência do Brasil na questão dos defensivos e fertilizantes?
Thomas Britze: Os mercados de fertilizantes e defensivos são distintos.
Sobre os fertilizantes, atualmente há uma necessidade de importar 85% do que consumimos. O Brasil tem um projeto em que, até 2050, esse valor caia para 60%. É preciso de um planejamento estratégico muito bom para ter esse resultado. Alternativas diferentes podem ser ótimas soluções, como condicionadores de solo e fertilizantes orgânicos, que podem reduzir a dependência de fertilizantes básicos em até 20%.
Os defensivos também não são amplamente produzidos no Brasil, sendo que 90% deles acabam sendo importados. Atualmente, os maiores produtores de defensivos do mundo são a China e a Índia. Por conta do lockdown, em virtude da pandemia do covid-19, e devido ao aumento do frete, os custos de alguns produtos aumentaram em demasia. Essa alta é repassada ao produtor, tornando o valor dos produtos muito acima da média de custo usual.
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