Zootecnista pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2002), mestrado (2004), doutorado (2007) e pós-doutorado (2008) em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em manejo e adubação de pastagens e ecofisiologia de plantas forrageiras
Foto: Divulgao
Na rodada de entrevistas da semana, nossa convidada é Janaina Martuscello, uma das palestrantes que estará presente no Encontro de Intensificação de Pastagens da Scot Consultoria.
Scot Consultoria: Janaina, qual tema você abordará no nosso Encontro de Intensificação de Pastagens e o que esse evento poderá agregar para o produtor?
Janaina Martuscello: Irei abordar sobre planejamento forrageiro, estratégias para termos equilíbrio entre a oferta e demanda de forragem na fazenda, principalmente no período de seca. O evento trará uma discussão muito importante que é a compreensão de que a planta forrageira é um bem extremamente precioso e que precisamos de fato trabalhar para ter uma boa produção e colheita.
Scot Consultoria: Quais critérios o produtor deve se atentar na hora da escolha da forrageira? Qual caminho mais assertivo e os erros mais cometidos entre os produtores?
Janaina Martuscello: O erro mais cometido entre os produtores é acreditar que existe um capim milagroso. O que existe é um capim bem manejado e a escolha de uma planta forrageira depende de uma série de critérios. Não podemos avaliar um critério isoladamente, deve-se atentar às condições de clima e solo, elas são essenciais para escolha de uma forrageira.
Algumas plantas são mais difíceis de serem manejadas e isso exige um pouco mais de conhecimento sobre manejo de pastagem, às vezes o pecuarista procura uma forrageira com alta produtividade, mas não se atenta às condições que fazem essa planta ter alta produtividade. Buscar uma planta forrageira adequada para o seu sistema é quando ela se encaixa ao seu clima, solo, nível tecnológico e capacidade de manejo.
Scot Consultoria: Quais os principais indicadores físicos de uma semente saudável?
Janaina Martuscello: Um indicador excelente é a quantidade de sementes puras e viáveis por quilo de semente e a capacidade dessa semente em gerar um pasto. Se observamos apenas o preço dessa semente podemos acabar tendo um prejuízo enorme, portanto não se deve comprar semente pelo preço e sim pela qualidade.
Scot Consultoria: Como o pecuarista pode se prevenir da compra de sementes pirateadas?
Janaina Martuscello: Sempre procurar sementes que sejam certificadas e avaliar se essa semente terá pureza, para não levar para sua fazenda contaminações de invasoras.
Scot Consultoria: Qual a importância de um bom manejo para o resultado final?
Janaina Martuscello: O manejo é tudo, é o principal gargalo que temos hoje. Em uma escala de prioridades, o manejo é o mais importante do que qualquer outra intervenção, quando se tem um bom manejo, diminuímos o custo de produção, temos uma sustentabilidade ambiental fantástica com sequestro de carbono.
O pecuarista precisa entender que o capim deve ser bem produzido, mas sobretudo tem que ser bem colhido, antes de sair adubando pasto ou trocando genética de gado, nós precisamos concentrar nossos esforços em manejar bem os pastos e, a partir disso, teremos um bom desempenho do animal com um menor custo.
Scot Consultoria: Qual pesquisa com sementes você julga ser a mais promissora hoje?
Janaina Martuscello: Nós temos uma série de trabalhos sendo conduzidos, mas estamos bem adiantados em questões relacionadas a sementes revestidas, mas o básico ainda temos que mostrar para o pecuarista que é como plantar, pois muitos pecuaristas ainda não entendem a necessidade de fazer um bom preparo de solo, uma boa adubação fosfatada e cobertura da semente na semeadura. Observamos que muitas vezes os pastos ficam mal implementados, não pela falta da qualidade da semente, mas pela falta dos tratos agronômicos. Se conseguirmos mostrar para os pecuaristas a importância do pacote tecnológico, que é a formação de uma pastagem, nós vamos ter muitos hectares de áreas formadas e, consequentemente, uma menor tendência à degradação.
Scot Consultoria: Por que intensificar a pastagem hoje?
Janaina Martuscello: O valor da terra, hoje, faz com que tenhamos a necessidade de produzir mais em áreas menores, para um melhor aproveitamento dessa terra. Além disso, há todo um aspecto ambiental que conseguimos com pastos bem manejados e o aspecto econômico de uma fazenda mais intensificada.
Conseguimos desempenhos com taxa de lotação muito mais alta com sistemas intensificados. Quando se intensifica com uma planta forrageira que responda mais a adubação e que você controle essa lotação, você consegue ter uma lotação de 10 UA por hectare em sistemas adubados e irrigados, ou seja, você tem uma produção por área muito maior, fazendo o sistema ser mais eficiente.
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