Engenheiro agrônomo, pós-graduado em fertilidade do solo e nutrição mineral de plantas, especialista em microbiologia do solo.
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Scot Consultoria: Como é realizado o manejo biológico e quais sãos os bioinsumos disponíveis hoje no mercado brasileiro?
Alessandro Guieiro: Atualmente temos um alto nível tecnológico para o emprego de agentes biológicos e aplicações embasadas por análises biológicas do solo. Há centenas de produtos registrados para uso na agricultura no Brasil, como os fungos e as bactérias multifunções.
Scot Consultoria: Em linhas gerais, qual a preocupação das grandes produtoras de café referente à preservação do meio ambiente e à preservação da saúde dos consumidores? Quantos por cento do mercado produtivo brasileiro têm adotado medidas assertivas referentes a este assunto?
Alessandro Guieiro: Está acontecendo o que chamamos de “paladar consciente”, onde cada vez mais, o consumidor quer saber o que contém no alimento que ele está ingerindo. Além disso, os produtores estão mais conscientes com sua produção, buscando a melhoria do ambiente e a preservação da saúde das pessoas.
Ainda é difícil fazer uma análise quantitativa, porque o processo está apenas começando. Há um longo caminho a ser percorrido, mas o importante é que os primeiros passos já foram dados e precisamos dar continuidade.
Scot Consultoria: O produtor tem tido maior rentabilidade, tanto na questão financeira quanto na produção, quando adota o manejo biológico?
Alessandro Guieiro: Sim, quando falamos de manejo biológico, as práticas ecológicas devem ser adotadas, para que tenham, de fato, eficácia agronômica. Dessa forma, é possível reduzir gradativamente a dependência por pesticidas e fertilizantes inorgânicos.
É importante entender que, na maioria das vezes, o ambiente de produção está em colapso e doente, principalmente, por estar há várias décadas em um ciclo que chamamos de “quimioterapia”.
Scot Consultoria: Na sua opinião, como é a situação do Brasil comparada a outros países? Quais os países mais avançados na utilização de bioinsumos?
Alessandro Guieiro: Hoje, o Brasil exporta informações sobre o manejo biológico e ocupa uma posição muito importante quando é comparado com outros países.
Somos pioneiros em muitas práticas e, constantemente, realizamos pesquisas para configurar ações mais objetivas, assertivas e sustentáveis, tanto na parte financeira como na proteção do meio ambiente e da saúde dos consumidores. Porém, o mundo ainda está engatinhando no que se refere às práticas conservativas com a utilização de bioinsumos. Há um caminho longo a ser seguido
Scot Consultoria: As exigências dos consumidores mundiais têm crescido a cada ano quando o assunto é qualidade do alimento. Hoje, existe alguma certificação que comprove que os produtores estão utilizando bioinsumos?
Alessandro Guieiro: No Brasil, temos certificadoras que garantem a qualidade dos alimentos orgânicos e que asseguram a produção com a utilização mínima e responsável de pesticidas.
Scot Consultoria: Quais os países que se destacam no cultivo de café orgânico?
Alessandro Guieiro: Os países que têm destaque na produção orgânica certificada são: México, Peru, Guatemala, Costa Rica, Colômbia e El Salvador. O México se destaca por ter sido o primeiro a ter uma certificação orgânica e ser detentor da maior produção mundial.
Mas, o Brasil avança na cafeicultura orgânica em uma velocidade intensa com a chegada das práticas biológicas. Elas trouxeram ferramentas importantes no manejo, o que desperta o interesse de muitos produtores para migrarem de forma gradativa e consciente para este modelo sustentável.
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