Foto: Scot Consultoria
Scot Consultoria: Qual o tema abordado na sua palestra do nosso Encontro de Intensificação de Pastagem e qual a importância de um evento como esse para a pecuária intensiva nacional?
Enrico Lippi: O tema que abordei no evento é a sanidade em sistemas de pastagens intensivas, que foi muito bem lembrado por vocês, pois é um assunto pouco discutido entre os pecuaristas.
Quando você começa a intensificar e concentrar um número maior de animais por área, aumenta o risco de enfermidades, contaminação das pastagens e contaminação dos próximos animais. Nosso foco na palestra esteve em abordar os problemas com carrapatos e verminoses, que aumentam o risco de incidência quando temos uma intensificação de produção.
O evento é sensacional, a tendência é aumentar a produtividade dos rebanhos sem avançar sobre novas áreas. Hoje a pecuária está sendo muito cobrada por isso e, portanto, é fundamental oferecer ferramentas para pecuaristas e gerentes visando aumentar a produtividade.
Scot Consultoria: Qual o maior desafio sanitário que o produtor encontra em sistemas intensivos?
Enrico Lippi: Os principais desafios são detectar as doenças e ter a percepção de estar perdendo dinheiro. Esses são os pontos chave que você tem que mostrar para o pecuarista para que ele faça investimentos no manejo sanitário para diminuir os riscos de contaminações.
Basicamente, o que se sabe agora é que, em sistemas rotacionados intensivos, você tem mais risco de ter carrapatos principalmente em animais cruzados, meio-sangue, taurinos 5/8 ou praticamente puros. Embora o risco seja maior nesses animais, a raça Nelore também está passível de apresentar o problema. O importante é o produtor conhecer o ciclo do carrapato e saber que, em uma pastagem limpa e livre de carrapatos, após 60 dias, o bovino pode ser infectado novamente. O que se sugere é a implementação de um protocolo em que você escolha o melhor carrapaticida para sua fazenda (visto que a maioria dos carrapaticidas estão ficando resistentes) e usá-lo de maneira estratégia durante a cria. O mesmo ocorre em relação às verminoses: animais em sistemas intensivos não muito bem manejados correm maiores riscos, principalmente animais mais jovens.
Scot Consultoria: Fora a utilização de produtos químicos, qual o método mais eficiente que reduz o risco de infestação dos animais?
Enrico Lippi: Esse é um ponto importantíssimo. O que percebemos é que no manejo sanitário não é feita a aplicação correta dos carrapaticidas ou dos vermífugos. Muitas vezes o pecuarista troca de marca, que vai ter o mesmo princípio ativo, e se o princípio ativo não está funcionado bem ele vai continuar com o mesmo problema. É importante observar qual princípio ativo o seu rebanho está menos resistente com uma coleta de carrapatos para uma análise em laboratório.
Scot Consultoria: Qual a sua opinião sobre o fim da vacinação contra a febre aftosa em boa parte do Brasil?
Enrico Lippi: Eu acredito que determinados estados fizeram uma boa preparação, treinamento de reconhecimento de uma possível febre aftosa, controle sanitário de suas fronteiras, alto índice de vacinação e bom preparo financeiro para indenizar possíveis focos. Particularmente, sou a favor, mas em alguns estados isso deveria ser revisto.
Scot Consultoria: Quais as estimativas de perdas financeiras que o pecuarista tem com carrapato e verminoses?
Enrico Lippi: É muito difícil mensurar essa perda. Em um experimento feito em São Paulo, comparando o sistema rotacionado e o sistema de pastejo contínuo, começaram com uma quantidade pequena de carrapatos e ao término do experimento, com cerca de cem dias, foi necessário introduzir um módulo de tratamento preventivo nos animais que vieram do pastejo rotacionado, pois o número de carrapatos nesses animais era maior e eles perderam cerca de 16kg comparado com os animais em pastejo contínuo. Visto a importância deste assunto, iremos abordá-lo na palestra como ocorre esse ciclo, quais são os gargalos e como podemos atuar para diminuir a infestação de carrapato.
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