Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade da Região da Campanha (2002), especialista em Gestão em Agronegócios e especialista em produção, higiene e inspeção de produtos de origem animal. Atualmente é gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus, e atua como professora horista da Universidade da Região da Campanha, nas disciplinas de tecnologia e industrialização de carnes e derivados, e higiene e inspeção de carnes e derivados.
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Scot Consultoria: O que há por trás de um selo de certificação "Carne Angus" e qual a principal diferença de uma carne considerada “comum” para a carne Angus certificada?
Ana Doralina: O selo de certificação é a garantia da qualidade. Mostra que o produto passou por uma avaliação criteriosa de um técnico da Associação Brasileira de Angus, na qual vários critérios foram avaliados e aprovados. Esta é a principal diferença entre a carne comum e a carne Angus: ao consumir a carne Angus, o consumidor pode esperar características como maciez, sabor e suculência, além de um produto padronizado, bem apresentado.
Scot Consultoria: Como obter o selo de carne Angus? Quais as exigências e em quanto tempo o produtor consegue ter essa certificação?
Ana Doralina: Para obter o selo, o produtor deve enviar seus animais para a indústria frigorífica de sua preferência que seja parceira do Programa Carne Angus Certificada. As avaliações começam ainda com o animal vivo, antes do abate, onde avaliamos animal por animal com relação ao padrão racial, que deve ser de no mínimo 50% sangue Angus cruzado com outras raças de corte.
Na sequência, as avaliações ocorrem durante o abate onde avaliamos o grau de acabamento, que deve ser no mínimo mediano, a idade e conformação de carcaça.
Se aprovadas, as carcaças recebem o carimbo da Carne Angus e existem diferenciações de preços para estas carcaças. Esse processo acontece diariamente nas indústrias parceiras do Programa.
Scot Consultoria: Recentemente, a Associação Brasileira de Angus esteve nos Emirados Árabes Unidos para prospectar novos mercados. Você pode comentar um pouco de como foi o desempenho da empreitada e o que o mercado pode esperar?
Ana Doralina: Fomos, a convite do Ministério da Agricultura, participar da missão que participou da Abu Dhabi International Food Exhibition, uma importante feira de alimentos que conta com a participação de 31 países e 16 mil visitantes.
Lá o Programa Carne Angus teve a oportunidade de conhecer inúmeros interessados na carne Angus brasileira, foi possível explicarmos o processo de certificação e as garantias que a carne Angus traz, e prospectar novos mercados e novos clientes.
Já exportamos para o Oriente Médio e, em 2021, esse mercado foi responsável por 32% do total de carne Angus brasileira exportada. Foi muito interessante acompanhar a missão da CNA também, onde visitamos diversos varejos, para realmente entendermos o real potencial deste mercado.
Então podemos esperar novas exportações com certeza, pois existe um mercado para carne premium estabelecido e crescente.
Scot Consultoria: Com relação ao Confina Brasil, a Associação Brasileira de Angus esteve conosco pelo segundo ano consecutivo. Como vocês enxergam o futuro do projeto para a pecuária intensiva do país?
Ana Doralina: O Confina Brasil é um projeto inovador e de grande importância, pois temos a oportunidade de visitar projetos de pecuária intensiva nas mais diversas regiões do país, conhecendo suas peculiaridades, dificuldades e inovações. Isso nos traz uma riqueza de informações nas mais diversas áreas e, como Associação de raça, podemos ver a raça sendo utilizada, acompanhar seus pontos positivos e as possibilidades de melhorias, onde a associação tem que buscar interagir com este produtor e auxiliá-lo, seja através do setor de fomento, ou do melhoramento genético, buscando canalizar este produto de alta qualidade para os mercados que o demandam e valorizam.
Estarmos próximos aos produtores, sejam eles criadores de Angus ou não, sempre nos traz muito conhecimento, trocas de informação e muitos desafios.
A respeito do futuro do projeto, a pecuária brasileira está em evolução contínua, é ágil, e conhecê-la e entendê-la é essencial para o futuro, sendo assim essa expedição é de grande importância para a pecuária nacional.
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