Domingos Velho Lopes é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ex-secretário da agricultura do Rio Grande do Sul, coordenador da comissão de Meio Ambiente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul e produtor rural
Scot Consultoria/A hora do boi: Qual a importância da participação do Brasil na COP28?
Domingos Lopes: As COPs (Conference of the Parties, sigla em inglês), propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU), costumam tratar da pauta ambiental, sustentabilidade e dos fundos de investimentos e políticas internacionais para a manutenção da produtividade com sustentabilidade. Portanto, é extremamente importante para o Brasil ter participado da 28° edição, pois, no nosso caso em especial, o gás metano é o que envolve nossa atividade pecuária, sendo liberado nas produções e considerado um gás de efeito estufa (GEE). O setor agrário é capaz de sequestrar e mitigar os GEEs produzidos pelas demais atividades produtivas e de transformação.
Scot Consultoria/A hora do boi: O que é o Grupo Koronivia e qual sua importância para a COP 28?
Domingos Lopes: O grupo foi montado para a COP de Glasgow há dois anos, colocou as atividades agropecuárias e silvícolas como parte da solução da emissão dos gases de efeito estufa. O Grupo Koronivia trata das atividades e das políticas internacionais para aumentar a sustentabilidade da produção.
Scot Consultoria/A hora do boi: Você acredita que a entrada dos produtores rurais no mercado de créditos de carbono é algo real e possível?
Domingos Lopes: Sim, a venda de créditos de carbono é uma cadeia de comércio recente, que trará ganhos marginais importantes às outras atividades agropecuárias, mas não principais. Atualmente, no Brasil, a atividade acontece dentro de um mercado voluntário, com metodologias de grandes empresas baseando-se no mercado internacional, através da associação de produtores com grandes áreas, buscando fundos de investimentos para esse comércio. Entretanto, não é um mercado regulado no país. Para os produtores poderem atuar como pessoa física e explorar os créditos de carbono, são necessárias regulamentações ou legislações de mercado definidas a nível federal, uma vez que é necessária a definição e delegação dos agentes ou órgãos para atuar nas emissões de créditos, certificações e fiscalização dessas operações.
Scot Consultoria/A hora do boi: Quanto à recuperação de pastagens nos Pampas gaúchos, ela está evoluindo?
Domingos Lopes: A recuperação de pastagens degradadas é uma das atividades a serem desenvolvidas na agricultura de baixo carbono, em que há necessidade de aumento da área foliar para a realização de mais fotossíntese, além do sequestro do carbono liberado nas produções agropecuárias. A recuperação de pastagens já é uma realidade praticada no campo e fomentada através de linhas de crédito do Plano ABC, que vem sendo implementado nos últimos anos e confere protagonismo ao Brasil como um mitigador, resiliente e sustentável em suas práticas agropecuárias, ao invés de um degradador.
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