Juliano Sabella Acedo é zootecnista formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), especialista em gestão, master marketing, trabalha há 23 anos no setor de nutrição animal e foi presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM).
Scot Consultoria: Juliano, quais os principais pontos que o produtor deve levar em consideração na hora de suplementar o rebanho?
Juliano Sabella: Primeiro, o produtor deve entender que o suplemento é um insumo essencial para a produção, portanto, um investimento que não pode ser negligenciado. Depois, ele deve procurar o suplemento adequado para cada categoria animal, época do ano, realidade da fazenda e seus objetivos. Uma avaliação técnica é muito importante para encontrar o melhor suplemento e a melhor estratégia para cobrir todos esses pontos.
Scot Consultoria: Quais os maiores benefícios da suplementação para bovinos, tanto de corte quanto de leite? Existe alguma estimativa do retorno financeiro para quem emprega a suplementação em sua produção?
Juliano Sabella: No início da suplementação mineral no Brasil, há 70 anos, o suplemento era utilizado para "curar" doenças causadas pela deficiência de minerais. Hoje os suplementos são utilizados para aumento de produtividade e eficiência. Sem eles, não atingimos altos ganhos de peso e produção de leite, além de taxas de fertilidade elevadas, pois os minerais serão limitantes. Então, o não uso traz ineficiência e prejuízo. O tamanho do retorno financeiro depende do incremento de produtividade de cada tipo de suplemento em diferentes sistemas de produção. Há centenas de trabalhos científicos comprovando o custo-benefício positivo e mostrando os melhores retornos em diferentes situações.
Scot Consultoria: No seu ponto de vista, quais são os principais desafios para o mercado de suplementação animal hoje no Brasil, visto a dependência que temos de mercados externos para matérias-primas?
Juliano Sabella: Quando pensamos nos desafios da suplementação, o maior que temos é o não uso, ou o uso inadequado dos suplementos, em doses menores que as recomendadas.
A dependência de mercados externos, seja no fornecimento de matérias-primas ou na indexação dos preços, é um agravante, uma vez que ele não tem correlação com o mercado do boi e do leite. Então, em determinadas épocas, a relação de troca @ ou litro de leite por quilo de suplemento é prejudicada e agrava mais o problema da baixa taxa de mineralização do nosso rebanho. Hoje, tudo o que é produzido de suplemento no país é suficiente para suplementar corretamente 100 milhões de cabeças, ou seja, apenas 43% do rebanho brasileiro.
Scot Consultoria: Juliano, falando de sustentabilidade, na sua opinião, quais seriam os desafios e oportunidades da pecuária brasileira frente a esse tema?
Juliano Sabella: Vejo muito mais oportunidades que desafios. Temos muito para crescer em produtividade e isso traz benefícios amplos nos três pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. No Simpósio da ASBRAM, em novembro de 2023, foi apresentado um trabalho feito pelo Departamento de Economia da ESALQ que mostrou que a desoneração tributária do setor gera aumento no uso dos suplementos. Assim, conseguimos observar em números que para cada R$1,00 desonerado, eleva-se R$1,49 no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Esse incremento de produtividade reduz o custo da cesta de alimentos para a população e reduz a emissão de gases de efeito estufa por quilo de carne ou litro de leite produzidos. Como nossos índices produtivos médios são baixos, é fácil elevá-los e aproveitar amplamente todas as oportunidades de mercado.
Scot Consultoria: O que significou para você receber o Prêmio "Zootecnista Mais Influente 2023” da Associação Brasileira de Zootecnia?
Juliano Sabella: Foi uma surpresa e uma honra muito grande. Com 24 anos no mercado, ver que todo o esforço e trabalho desenvolvido nesse tempo trouxe contribuição para nossa pecuária, é muito gratificante. Ainda mais para mim que, na adolescência, sempre sonhei em ser zootecnista.
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