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Scot Consultoria

Boi do RS atinge cotação recorde


Quarta-feira, 16 de maio de 2007 - 09h56

Preços mais altos do País afetam abates, exportações e provocam demissões nas indústrias locais. O típico churrasco gaúcho está mais salgado. O Estado tem o maior preço do boi gordo do País, atingindo cotação recorde em 10 anos. No município de Erechim o gado é vendido a US$32,70 a arroba, 18% mais que em São Paulo. A sustentabilidade dos preços altos, que perduram há 17 meses, trouxe queda nas exportações e demissões. "O Rio Grande do Sul está fora do mercado. Com esse preço não podemos competir. É o pior momento da história, mesmo quando comparado com a crise da aftosa", diz Zilmar Moussalle, diretor-executivo, Sindicato das Indústrias de Carnes do RS (Sicadergs). Cerca de 10% dos trabalhadores das indústrias foram demitidos e outros 15% estão em férias. A média de exportação mensal caiu de 20 mil toneladas para 10 mil toneladas neste ano. A situação do Rio Grande do Sul é um início de um bom ciclo para a atividade primária - que pode ser vivido em todo País. Desde dezembro de 2005 que o boi gordo do Estado custa mais que a média nacional. No entanto, os produtores gaúchos amargaram quatro anos com cotações inferiores em até 15% a São Paulo. A alta é um reflexo de uma conjunção de fatores. A crise provocada pela febre aftosa, em 2001, reduziu os preços do boi gordo e incentivou o abate de matrizes - superior ao número de machos desde abril de 2002, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve exportação de gado em pé - cerca de 120 mil animais - e seca, que diminuíram a quantidade de animais disponíveis. Aliado a isso, a demanda aumentou, já que entre abril e setembro do ano passado, o Rio Grande do Sul era o único Estado habilitado a exportar para a Rússia, devido aos embargos impostos pela ocorrência de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, em 2005. "O mais determinante, sem dúvida, foi a redução das matrizes", diz o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. Ele acredita que os preços podem chegar ao auge em 2008. "O bezerro que não se encontra hoje é o boi gordo que falta amanhã", afirma. Assim como no boi gordo, as cotações dos bezerros no Estado são as maiores do País. O pecuarista Ricardo Vinhas, da Campanha Gaúcha, reduziu em 40% a terminação dos animais porque a reposição está cara. Ele vende o boi gordo a R$2,10 o quilo, mas o bezerro não é comprado por menos de R$2,80. Com a restrição das exportação para a Rússia, em 2006, para o restante do País, o abate no Estado chegou a 2,2 milhões de cabeças por ano. Resultado: faltam animais para as indústrias. "Não tem matéria-prima acabada e o que tem está caro", diz Moussalle. Segundo ele, a solução, em curto prazo, é a entrada de animais de outros Estados - desde que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o reconheçam com o mesmo status sanitário do Rio Grande do Sul. Em médio prazo é o investimento em matrizes e produtividade. "Está na hora de montarmos um plano estratégico conjunto", diz o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Simm. Segundo ele, insustentáveis eram os preços praticados antes de 2006. Fonte: Gazeta Mercantil. Caderno C. Por Neila Baldi. 15 de maio de 2007.
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