O setor de produo de semente forrageira deve seguir crescendo entre 7% a 8% ao ano, impulsionado pela expanso dos sistemas produtivos integrados - lavoura-pecuria e sombreado, por exemplo -, pela maior produo de biomassa e produo agrcola sustentvel. A estimativa da Associao para o Fomento Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras Tropicais (Unipasto), que destaca o fato de a prtica ganhar cada vez mais espao, independente de eventuais altas nos preos das sementes, como neste ano em que o clima prejudicou a multiplicao.
Segundo o diretor-executivo da Unipasto, Marcos Roveri, a forrageira no serve apenas para pastagem. Ela importante para fixar o nitrognio no solo e reter o carbono, e fundamental em todos os processos de sustentabilidade, diz. No ano passado, o setor registrou receita aproximada de R$500 milhes.
Alm do crescimento da demanda interna neste ano, a associao prev maior faturamento com as vendas externas de sementes forrageiras. Os associados da Unipasto, 28 produtores entre os mais de 650 existentes no Pas, respondem por 70% da comercializao no mercado interno e 90% das exportaes.
Segundo Roveri, o volume exportado na safra 2009/2010 caiu por conta da crise econmica: foram embarcadas 5,16 mil toneladas de sementes ante 8,9 mil toneladas do ciclo 2008/2009. Nesta safra, a perspectiva de uma pequena recuperao do mercado internacional, em torno de 15%, para cerca de 6 mil toneladas de sementes puras embarcadas (VC 100%). O Valor Cultural (VC) indica o grau de pureza da semente.
Conforme informaes do Ministrio da Agricultura, na safra 2009/2010 a inscrio de reas de campo de semente forrageira foi de 125 mil hectares, e duas variedades foram predominantes: 86% da rea foi ocupada com capim brachiaria e 11% com panicum. Roveri diz que essa rea considera apenas os produtores legalizados, que so 40% a 50% do total. Como as plantas forrageiras geram outras sementes-clones, muitos produtores distribuem o produto de maneira informal, diz, lembrando que todos os dados fornecidos pela associao so projetados com base nas informaes oficiais.
Como boa parte da produo total de sementes forrageiras do Pas - estimada em 40 mil toneladas - sofreu com a estiagem no incio do plantio e com fortes chuvas ao fim do ciclo, o nmero final deve ser cerca de 30% menor, de acordo com levantamento prvio da Unipasto. Essa queda na produo se refletiu nos preos, que chegaram a dobrar no intervalo de um ano.
Segundo a
Scot Consultoria, em agosto deste ano, o preo do quilo da cultivar
Brachiaria brizantha (VC 50%) subiu 150% entre os meses de agosto de 2009 e de 2010, passando de R$4,07 para R$10,18. J a variedade MG-5 (VC 51%) passou de R$5,20/kg para R$11,51/kg no mesmo perodo, alta de 121%.
Se para os produtores de sementes o valor mais alto compensa as perdas, para os pecuaristas que precisam de novas reas de pastagens ou recompor o capim, a relao de troca caiu pela metade, mesmo com a valorizao do boi gordo. Em um ano, a arroba do boi gordo subiu cerca de 20% usando-se como referncia a praa de Araatuba (SP).
J as sementes forrageiras tiveram aumentos entre 37% e 150%, dependendo da variedade. Assim, exemplifica a
Scot, quem comprava 20kg de
Brachiaria brizantha (VC 50%) com 1 arroba de boi em agosto de 2009, um ano depois s conseguiria adquirir 10kg da cultivar.
Para os pecuaristas de leite, que no intervalo de um ano tiveram queda de 10,6% no preo recebido, a relao de troca ficou ainda pior. Em agosto de 2010 eram necessrios 13 litros de leite para a aquisio de 1 quilo da semente, quase trs vezes mais do que no mesmo perodo do ano passado. A Unipasto estima que h 170 milhes de hectares em reas de pastagens no Brasil e apenas 50 milhes de hectares seriam nativos.
O pecuarista Flvio Aranha, da Fazenda Bela Alvorada, de Guararapes (SP), disse que a estiagem na regio oeste do Estado j dura mais de um ms, o que est prejudicando a qualidade do pasto. Por isso, metade das 800 cabeas de gado nelore que possui est sendo suplementada com cana. Dos 1.050 mil hectares da propriedade, 300 hectares so cultivados com forrageira. No entanto, Aranha ainda espera que chova no mnimo 70mm para possibilitar a rebrota do capim. E depois disso ainda teremos de esperar de 30 a 40 dias para colocar o gado novamente no pasto, afirma, torcendo para que no precise recompor a rea de pastagem.
Fonte:
Agncia Estado. 15 de setembro de 2010.
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