Pelas mãos desses homens passa boa parte das decisões do agronegócio brasileiro. É deles a missão de prever o que acontecerá nos mercados a curto, médio e longo prazo. De suas previsões nascem estratégias de plantio, compra de terras e até o aporte em novos negócios ou compra de empresas. Sob a responsabilidade desses senhores há milhões de dólares em jogo e qualquer erro de análise pode resultar em prejuízos retumbantes.
Diante desse cenário que não permite margem de erro, há uma obsessão comum: a busca por informações de qualidade. E, por esse trabalho, são bem remunerados. Por questões estratégicas, suas empresas preferem não revelar seus faturamentos, no entanto, segundo levantamento da Dinheiro Rural, as líderes de mercado chegam a faturar R$10 milhões ao ano. Para isso, oferecem uma série de serviços que ajudam no planejamento de empresas e produtores. Uma palestra, por exemplo, pode custar entre R$3 mil e R$20 mil. Estudos mais avançados, com projeção de cenários a longo prazo, podem chegar a custar até R$1 milhão. Tudo vai depender do nível de detalhamento. Se forem necessárias informações sobre regiões, com levantamento de municípios o preço dispara. Mas, em média, essas projeções para grandes grupos têm preço de R$100 mil. O que fazem, afinal, essas empresas? É o que veremos adiante...
Segundo André Pessôa, titular da Agroconsult, as consultorias são, na verdade, produtoras de informações. Os profissionais de sua empresa vão a campo diariamente. Dos rincões brasileiros à soja americana, passando pelos campos e estoques chineses, tudo é analisado. “Temos contato direto com produtores em diversas regiões desses países”, diz Pessôa. Saber as probabilidades de um evento econômico ou climático com antecedência é fundamental, na opinião do titular da Safras & Mercados, Carlos Macchi. “Muitos investimentos dependem desses cenários”, avalia. De acordo com José Vicente Ferraz, da AgraFNP, informação é uma necessidade. Sua empresa mantém uma pesquisa permanente sobre preços de terras nas principais regiões agrícolas do Brasil. É um trabalho duro, que envolve a pesquisa de mais de 200 municípios. Mas, em compensação, é possível, literalmente, mapear onde estão as boas opções de negócios. “Desde que se tenham as informações corretas”, pondera Ferraz.
Para Fernando Muraro Jr., da Agência Rural, é importante o consultor ter uma sólida formação econômica e agronômica. Isso porque, segundo ele, é preciso entender a lógica da agricultura para poder projetar cenários financeiros plausíveis. “Nós damos o panorama e as possibilidades, mas cabe ao cliente a decisão”, sentencia. Especializada em pecuária de leite e de corte, a Scot Consultoria acompanha desde a oferta dos produtos na praça até como se comporta o cenário mundial. Em sua base de dados entram informações de todas as regiões produtoras, bem como o comportamento dos compradores. “Temos que dar ferramentas para os produtores fazerem as melhores opções”, avalia Alcides Torres Jr., titular da empresa. A consultoria ainda trabalha com planos de recuperação de propriedades e planejamento a longo prazo. “Informação é o nosso principal produto”, resume.
Fonte: Revista Dinheiro Rural. Por Ibiapaba Netto. Janeiro de 2008.