Frigorficos aproveitaram o momento de turbulncia no setor de carnes para pressionar o mercado, e a arroba do boi despencou em todo o Pas. Em algumas praas, como em Goinia (GO) a desvalorizao chegou a 14%. No h praticamente negcios sendo realizados, mas a avaliao de analistas a de que, mesmo com o embargo da Unio Europia (UE) carne
in natura do Brasil, no h espao para esse nvel de recuo de preo. "O cenrio de 2008 ainda positivo em termos de remunerao ao pecuarista", garante
Fabiano Tito Rosa, da
Scot Consultoria.
Ele explica que esse movimento dos frigorficos no vai durar muito, no mximo, at um pouco aps o carnaval. "Pode ser que, precisando fazer um pouco de caixa, o pecuarista ainda venda alguma parte nessa volta do carnaval. Mas, a situao no perdura por muito tempo, pois a relao de oferta de boi com a demanda interna ainda continua justa, mesmo com a sada da UE", avalia
Rosa.
Ele informa que nas regies antes habilitadas para exportao UE, como Goinia, o preo da arroba chegou a cair de R$73 para R$63, 13,7% de queda. "Mas isso preo de balco. No podemos consider-lo uma referncia. No acredito que, por enquanto, esteja saindo negcios a esse valor", diz. Alm de a oferta estar escassa, detalha
Rosa, os frigorficos estavam com capacidade de abate ociosa, em alguns casos, at de 50%. "Alm disso, muitos fizeram investimentos em ampliao", acrescenta
Rosa.
Em Gois, o aumento da capacidade instalada foi de 20% do ano passado para este e, a estimativa de que a ociosidade hoje esteja justamente nesse percentual, segundo o presidente do Sindicato das Empresas e Derivados de Carnes (Sindicarnes) de Gois, Jos Magno Pato. "Hoje temos oito frigorficos, at ento, habilitados para vender UE. Juntos, eles somam capacidade de abate de 1,3 mil cabeas por dia. A partir de hoje, eles j esto com 20% de ociosidade", informa Pato.
Sobre a queda forte de preos, ele afirma que, de fato, houve "choque no mercado de boi gordo", em todo o Estado. "Os frigorficos pisaram no freio de compra", informa o presidente do Sindicarnes.
Esse movimento de presso baixista de preos normal, na opinio de Sebastio Guedes, presidente do Conselho Nacional da Pecuria de Corte. " momentneo, especulativo. Est faltando boi e vai continuar faltando no mdio e longo prazos", afirma.
Embarques
Outra preocupao neste momento sobre o cumprimento dos contratos j firmados. O presidente da Associao Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec), Marcus Vincius Pratini de Moraes, diz que preciso que a Comisso Europia flexibilize para que seja embarcada toda a carne certificada e que est industrializada em todo o Pas e at a caminho dos portos. "Mas eles estabeleceram que s embarcam carnes que j tivessem com o documento que marca a data que o navio vai sair. O restante das cargas, segundo ele, est sendo contida. "H de 10 mil a 12 mil toneladas de produto aguardando embarque para a Europa nos portos brasileiros. Isso sem contar toda a carne contratada, que j est industrializada no interior do Pas", acrescenta Pratini. Dependendo do destino final, a carne refrigerada precisaria ser liberada em um prazo de pelo menos 3 meses para no se deteriorar, segundo o presidente da Abiec.
Fonte:
Gazeta Mercantil. Por Fabiana Batista. 1 de fevereiro de 2008.
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>