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Nem dificuldades tiram fôlego do mercado, dizem consultores


Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008 - 13h45

As perspectivas para o mercado de terras, apesar de favorveis, tambm apontam dificuldades. Em certas regies, a falta de infra-estrutura como estradas e acesso adequado distribuio da produo motivo de preocupao. Em outras, o clima tambm impe obstculos. A falta de chuva em determinados locais esbarra no alto custo de irrigao. "So dois pontos, no entanto, que se resolvem se houver planejamento de investimentos", afirma Jacqueline Bierhals, analista do Instituto FNP (iFNP). Como o investimento para a compra de terras no costuma ser de curto prazo, quem adquire reas em regies consideradas distantes muitas vezes projeta, para o momento da eventual venda, uma infra-estrutura de que ainda no dispe, diz Alcides de Moura Torres Junior, diretor da Scot Consultoria. As perspectivas so positivas quando a referncia o mercado das commodities, afirma Joo Beltrame, scio da Cleres Consultoria. O cenrio permanece de alta at 2012 para a produo de gros e fibras, principalmente algodo. A terra para esses cultivos deve se valorizar. Beltrame afirma que certas regies tm potencial de valorizao de 25% a 30%. Entre elas, cita o oeste baiano, as reas agrcolas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, alm da regio de Rio Verde, em Gois. Para a cana, projeta-se equilbrio entre oferta e demanda at 2010. O custo da terra deve permanecer estvel at l. Nessa lavoura tambm existe o efeito de uma correo da valorizao muito grande que houve at h trs anos. Segundo Bierhals, do iFNP, o fim da euforia canavieira tem o mrito de "selecionar o setor, pela sada dos aventureiros". Para a explorao de madeiras, em especial do eucalipto, a cotao das reas deve variar da estabilidade ligeira alta, afirma Beltrame, da Cleres. A alta dos valores da terra em 2007 foi precedida de dois anos de estagnao "tanto nos preos quantos nos negcios", diz Bierhals. Em 2004, a cotao do hectare comeou a cair depois da desiluso com o desfecho do boom, hoje considerado uma "bolha", do setor de soja no incio desta dcada. Diferena Em relao a 2004, Beltrame aponta uma diferena fundamental. Naquele ano, houve negcios com reas equivalentes ao tamanho de cidades, na faixa de 200 mil a 300 mil hectares. Agora, as maiores reas ficam entre 15 mil e 30 mil hectares. Ele afirma que tambm no h profissionais liberais que compravam de 500 a 1 mil hectares como investimento. Outra diferena do mercado atual para o do incio da dcada: Bierhals, do iFNP, diz que "o comrcio de terra caminha com sustentabilidade". Segundo ela, os negcios se lastreiam por "empresas com bons projetos e fundos de investimento que transferem capitais para ativos mais seguros". A reao do mercado de terras surgiu a partir de 2006, quando os EUA reduziram em 15% a rea da soja em favor do milho para a produo de biocombustvel. No Brasil, a febre pelo lcool se intensificou pela alternativa da cana-de-acar, conhecida desde a poca do Prolcool. A corrida pegou firme as terras de pastagens em So Paulo, no leste de Mato Grosso do Sul, no Tringulo Mineiro e no sul de Gois. Desde 2006, o mercado de gros no foi o mesmo. Com a demanda dos emergentes asiticos em ascenso, o mercado de soja voltou a ganhar fora, batendo recordes sucessivos nas Bolsas. Os negcios com milho, direcionado pelos EUA para o lcool combustvel, tambm no pararam de registrar altas. Fonte: Folha de S. Paulo. Dinheiro. Por Gitnio Fortes. 10 de fevereiro de 2008.
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