A exportao de gado em p est preocupando os frigorficos brasileiros em um ano de escassez de oferta. Em 2007, foram 431,8 mil animais enviados para o exterior - acrscimo de 76%. Apenas no primeiro bimestre deste ano o volume j supera 75 mil animais. Somente nesta semana foram embarcados 9 mil bovinos do Rio Grande do Sul. A previso do setor que este mercado cresa entre 30% e 40% em 2008. O Brasil detm 12% do comrcio mundial de gado vivo, estimado em US$2 bilhes. O preo pago pelo produto - que em um ano se valorizou 150% - que tem estimulado as vendas. Em fevereiro, o valor mdio era de US$837,00 por cabea.
Diante deste cenrio, a Associao Brasileira dos Frigorficos (Abrafrigo) solicitou ao governo a taxao da exportao de gado. Mas justamente uma empresa do setor a maior exportadora de gado em p do Brasil: o Minerva.
Em 2007, o frigorfico embarcou 175 mil animais ou cerca de 40% enviado por todo o setor. Da parte do Minerva, os embarques tm sado do Par. Mas algumas tradings tambm esto comercializando o gado do Rio Grande do Sul. "Talvez a disponibilidade de porto explique os envios desses dois extremos", acredita Pricles Pessoa, presidente da Abrafrigo.
Os maiores compradores de gado vivo do Pas so a Venezuela e o Lbano. Para o Oriente Mdio - principal destino do rebanho gacho - os animais so embarcados em navios e viajam cerca de 25 dias. Antes da remessa, os bovinos passam por um perodo de adaptao alimentao que iro receber, de cerca de 20 dias.
A analista da
Scot Consultoria, Giuliana Nogueira, explica que a exportao voltada para dois mercados: de gado para engorda e de animais para a reproduo. No caso do Lbano e Venezuela so enviados animais magros. Outro mercado promissor Angola, de bovinos que iro recompor o rebanho local. Neste ano, de acordo com os dados da consultoria, ainda no foram embarcados animais destinados reproduo.
O presidente da Comisso de Pecuria de Corte da Federao da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Simm, diz que a venda externa um nicho de mercado explorado pelo pecuarista. Segundo ele, em mdia, a exportao paga entre R$0,25 a R$0,50 por quilo de animal vivo a mais que o mercado interno. Mas a falta de animais no Estado e o alto preo do boi so apontadas como causas para a ociosidade de 50% das indstrias gachas.
No Par, de acordo com os dados da consultoria, a exportao tem ajudado a aumentar o preo mdio do boi. Enquanto na mdia nacional a arroba valorizou-se 35% em um ano, no Estado chegou a 53%. "As exportaes acabam gerando concorrncia local", acredita
Giuliana. Segundo ela, a cotao mdia no estado est entre R$64,00 e R$66,00 a arroba.
"A mdia de rentabilidade deste mercado igual ou superior a do beef", diz Ronald Aitken, superintendente de Relaes com Investidores do Minerva. Na sua avaliao, os dois mercados no so concorrentes, nem excludentes. "Estamos indo atrs de oportunidades", justifica. Ele no quis comentar sobre uma possvel taxao desta venda.
Segundo o superintendente do Minerva, a demanda externa grande e o Brasil ainda tem muito espao para crescer. Aitken acrescenta que as compras tm motivos diferenciados. No caso do Oriente Mdio, por razes religiosas e, da Venezuela, por razes polticas - para proteger os empregos nos abatedouros. J na Angola, trata-se de recompor o rebanho e, na Itlia, a preferncia por bezerros.
Em um ano, os embarques do Minerva cresceram mais de 250%. Mas para este ano, a previso de volumes entre 30% a 40% maiores. O frigorfico compra os animais de terceiros para o embarque, que sai todo do Par.
Fonte:
Gazeta Mercantil. Caderno C. Por Neila Baldi. 3 de Abril de 2008.
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>