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Scot Consultoria

Aquisição da Morrinhos pelo GP acirra disputa na área de lácteos


Quinta-feira, 17 de abril de 2008 - 13h14

A aquisição da Laticínios Morrinhos pelo GP Investimentos, confirmada ontem, é apenas mais um negócio no recentemente movimentado segmento de lácteos do país. "Só começou", afirma o analista Maurício Palma Nogueira, da Scot Consultoria, para quem os lácteos vivem cenário semelhante ao da carne bovina há cerca de dez anos. "O leite está seguindo o caminho do boi", acrescenta, referindo-se ao potencial de crescimento e à consolidação do segmento. O que chamou atenção no último negócio, fechado por R$308 milhões, foi o comprador, um fundo de investimentos que ainda não tinha participação no setor de agronegócios e atua em diferentes áreas, como logística, varejo, energia e telecomunicação. A intenção do GP, que comprou a Morrinhos (dono da marca Leitbom) por meio de uma de suas subsidiárias, é fazer novas aquisições em lácteos e crescer nessa área. No fato relevante divulgado ao mercado ontem, a GP informa que "a Leitbom é uma oportunidade singular para ingresso no setor brasileiro de laticínio e para se beneficiar do consistente crescimento da demanda interna e externa de produtos lácteos". Na avaliação de um executivo da indústria de alimentos, o objetivo do GP é ganhar corpo em lácteos e depois vender as operações. Outra fonte, também com grande experiência na área, concorda. "Foi um negócio de oportunidade", avalia. A Perdigão, que protagonizou alguns dos principais negócios recentes na área de lácteos - comprou a Eleva em outubro passado e a Cotochés este mês -, também chegou a olhar a Morrinhos. Nilza Alimentos e Nestlé são outras duas que tentaram comprar a empresa goiana, conforme fontes do setor. A primeira tenta crescer, e a gigante suíça busca garantir seu posto de primeira no ranking de captação de leite do país, que viu ameaçado depois que a Perdigão comprou a Cotochés. Com sete unidades no País, o maior ativo da Morrinhos é sua bacia leiteira, conforme analistas. Suas plantas estão localizadas em Goiás (cinco), Pará e Tocantins, e a empresa distribui sua linha de produtos - leite em pó, leite condensado, bebidas lácteas, queijos e leites longa vida - principalmente para Centro-Oeste e Nordeste. Para Nogueira, da Scot, o aporte de fundos de investimentos em segmentos do agronegócio é uma tendência, e a aquisição da Morrinhos pelo GP só confirma isso. Segundo ele, o que explica o interesse de investidores pelo setor de laticínios nacional é que este é um mercado ainda não totalmente explorado. "Há um mercado interno forte e um aumento da demanda lá fora", observa. Em sua análise, operações de fusões e aquisições devem continuar a ocorrer. Mas quem serão os novos protagonistas? Depois de o frigorífico Bertin, de carne bovina, comprar o controle da Vigor, há rumores de que a JBS-Friboi também poderia entrar no segmento, intenção que a empresa nega. Além disso, segundo fontes do mercado, a Perdigão também estaria de olho em outras oportunidades em lácteos, assim como a Parmalat, que acaba de comprar o "negócio Poços de Caldas" e direito de uso da marca Paulista da Danone. Segundo Rafael Weber, da Geração Futuro, o fato de já terem canais de distribuição bem estruturados leva empresas como o Bertin a investir no segmento. Além disso, o avanço da demanda internacional por lácteos, que elevou preços e as oportunidades de exportação a partir do Brasil, também está no foco dos investidores. Conforme o comunicado divulgado pela GP à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no fim da tarde de ontem, o preço de R$308 milhões pago por 100% do capital da Morrinhos "está sujeito a ajustes decorrentes dos trabalhos de diligência em curso, especialmente na determinação do valor de capital de giro e endividamento líquido da Leitbom na data de transferência (14.04.2008)". A empresa informa ainda, que fará um aumento de capital de R$18 milhões na Morrinhos. Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha. 15 de abril de 2008.
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