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Scot Consultoria

Indústrias e criadores se mobilizam atrás do gado


Quinta-feira, 15 de maio de 2008 - 08h51

A dificuldade de oferta est fazendo produtores e frigorficos buscarem animais fora de seus Estados e do Brasil para repor a produo. A Bahia recebe pecuaristas de outras localidades atrs de seus bezerros, enquanto as indstrias de So Paulo tiveram de aumentar a compra de bovinos fora do Estado. Mas a pior situao no Rio Grande do Sul: frigorficos e produtores importam animais do Uruguai. "Indstria e pecuarista esto precisando ir cada vez mais longe atrs do gado", diz o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. Segundo ele, em decorrncia do ciclo pecurio est sendo comum achar frigorfico com 40% de ociosidade, uma mdia de entressafra. Por conta disso, de acordo com o analista, as indstrias de So Paulo, que geralmente compram at 50% dos animais dos estados vizinhos, esto com 90% da escala fornecida de outras localidades. "E quem trabalha com recria e engorda tambm est e tendo de andar atrs do gado, que nem o frigorfico, alm de pagar mais por isso". De acordo com levantamento da Scot Consultoria, desde o incio do ano, na mdia brasileira o boi gordo acumula alta de 10,89%, enquanto os animais de reposio subiram mais: o bezerro 24,87% e o boi magro, 27,06%, indicando a dificuldade de oferta. No acumulado de 12 meses, o boi gordo aumentou 43,48%, o bezerro 43,20% e o magro, 49,52%. "O Brasil todo est com falta de animal para reposio", afirma Maria Gabriela Tonini, da Scot Consultoria. Ela lembra que nos ltimos anos, com os preos baixos, o pecuarista se desfez de matrizes - o descarte chegou a mais de 40% do total dos abates. Situao que em 2007 se reverteu: o abate de matrizes caiu 7% e o de machos cresceu 6,8%. Relao de troca Segundo dados da Scot Consultoria, na Bahia onde o produtor est conseguindo com o boi gordo ter a melhor reposio do Pas. O animal com 16 arrobas compra 2,59 bezerros e 1,58 bovinos magros. "Isto porque a oferta est maior", afirma Maria Gabriela. O gerente de Programas Especiais do Servio Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da Bahia confirma que, por conta disso, tem muito pecuarista de Minas Gerais, Gois e Esprito Santo buscando animal nas fazendas baianas. Segundo ele, o aumento de oferta ocorre porque eles esto em um perodo de "seca verde": h pasto, mas no h gua para os bovinos. "O pessoal est precisando se desfazer de animais para poder no morrer de sede e, alm disso, h poucos frigorficos para a oferta", conclui. Situao inversa ocorre no Centro-Oeste. A pior relao de troca para a compra de bezerro no Pas em Gois: 1,71. Para o boi magro em Mato Grosso do Sul: 1,24. Maria Gabriela explica que o que ocorre nestes dois estados que o preo dos animais de reposio est subindo mais que o do boi gordo. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, um bezerro de um ano vendido a R$720, enquanto na Bahia custa R$400. Paulo Molinari, da Safras & Mercado, lembra que tem boi magro a R$1,1 mil no Centro-Oeste." H dificuldade no Brasil todo. E, no Rio Grande do Sul e em So Paulo est impossvel", afirma. O resultado a importao de animais. O presidente da Comisso de Pecuria de Corte da Federao da Agricultura do Rio grande do Sul (Farsul), Carlos Simm, diz que j entraram, desde o incio do ano, mais de 10 mil bovinos - incluindo animais para a pecuria leiteira. Ele lembra que o pecuarista est retendo fmea para ter mais bezerro - a relao no abate est 30% a 70% - mas ainda no foi suficiente para aumentar a oferta. Com menos animais, a capacidade ociosa da indstria local de 45%. O diretor-executivo do Sindicato das Indstrias de carnes do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle, diz que as empresas tambm esto comprando o produto final de outros estados. O presidente do frigorfico Mercosul, Augusto Cruz, diz que 10% do abate no estado j de gado uruguaio. Segundo ele, com a maior disponibilidade de oferta naquele pas, o animal chega a valores at 10% inferiores do gacho. "A compra mais por falta de oferta que por convenincia de preo", afirma. Cruz diz que a importao foi a soluo para manter uma escala mnima de abate no Estado. Segundo ele, a falta de matria-prima fez com que a empresa precisasse mudar o funcionamento de suas plantas, inclusive de outros estados: algumas apenas desossando, enquanto outras esto abatendo. O presidente da empresa diz que nas unidades do Paran e Centro-Oeste a capacidade est mais alta, apesar de se pagar tambm mais por este animal. "Se no tivesse oferta l, no teramos onde buscar, pois a distncia proibitiva. E trata-se de outro gado", lembrando que no Sul os animais so de raas europias. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegcio. Por Neila Baldi. 15 de maio de 2008.
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