Passados trs meses do fim do embargo da Unio Europia carne in natura brasileira, a lista das fazendas autorizadas a vender aos frigorficos exportadores deve crescer - at o momento s tinha encolhido. Hoje apenas 94 estabelecimentos - sendo 79 em Minas Gerais - esto na listagem. Mas a previso que, na prxima semana, pelo menos 23 novos sero includos. Parte dessas propriedades ainda est sendo auditada pelos estados. O nmero considerado ideal para a normalidade dos abates entre 3 mil a 5 mil fazendas.
A quantidade exgua de estabelecimentos fez com que, em trs meses, houvesse poucos abates - apenas dos frigorficos que no tm unidades no exterior, de onde poderiam encaminhar o produto. Alm disso, desde a retomada do mercado - os abates recomearam no final de maro, um ms depois de sada a listagem -, o gio tem se mantido na faixa dos R$10 por arroba, considerado baixo pelos pecuaristas, que seguram os animais ao mximo, em busca de preos melhores.
"A expectativa que, a partir de agora, a cada 15 dias haja nova atualizao da lista", diz o secretrio de Defesa Agropecuria do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, Incio Kroetz. Segundo ele, equipes esto no campo fazendo as auditorias das propriedades inscritas no Sistema ERAS (Estabelecimentos Rurais Aprovados pelo Sisbov), que permite a exportao para o bloco. A primeira lista do governo tinha cerca de 2,7 mil fazendas que tiveram de ser reauditadas. Destas, 106 foram aprovadas e, desde fevereiro, por diversos motivos, algumas foram retiradas. Neste perodo, tcnicos dos estados foram treinados pelos europeus para fazer a auditoria.
O Estado com a maior quantidade na primeira lista o que j enviou mais fazendas ao ministrio: foram trs at agora e outras 12 ainda sero auditadas. Dos cinco Estados autorizados, apenas Gois ainda no reiniciou as auditagens. O consultor Jos Sanches, da BDO Trevisan Consultoria, acredita que, com a prxima liberao, haver um boom de embarques relacionados a novos contratos. "Quem est exportando hoje para contratos antigos", afirma.
"Hoje so embarques pontuais, imprevisveis, pois dependem da estratgia de poucos vendedores", afirma
Fabiano Tito Rosa, analista da
Scot Consultoria. Dois grandes frigorficos brasileiros, o JBS e o Marfrig esto usando suas bases fora do Brasil para atender Unio Europia. Em nota, o Marfrig afirmou que, com as plantas da Argentina e Uruguai, conseguiu que o bloco continuasse a representar 52,1% das vendas da empresa no primeiro trimestre deste ano. Os demais frigorficos autorizados a exportar para a Unio Europia tm feitos poucos abates. De acordo com o diretor comercial do Independncia, Andr Skirmunt, os abates para o bloco seguem lentos. "H um ou outro lote disponvel, sem regularidade, perfazendo dois a quatro lotes mensais", afirma. Segundo ele, a quantidade de animais abatidos depende da fazenda, mas tem variado de 400 a 600. No Rio Grande do Sul, o frigorfico Mercosul, s conseguiu realizar um abate - a expectativa de um novo lote at o final desta semana. "Tudo o que tem disponvel ns estamos adquirindo e tentando exportar. Mas no est sendo fcil", afirma o presidente da empresa, Augusto Cruz. Ele no revela o valor do gio, mas diz que no possvel pagar muito caro, pois estaria "inflacionando o mercado e afetando a lucratividade da indstria".
O produtor Tiago Antoniazzi, um dos nove na lista gacha, reclama da pouca procura pelos animais. "Os frigorficos no esto repassando o valor de uma carne de melhor qualidade e, por isso, estou segurando e vendo se tem mercado externo. Por enquanto no est valendo a pena ser da lista", reclama. A insatisfao no ocorre s no Rio Grande do Sul, mas tambm nas fazendas mineiras - estado com a maior quantidade de propriedades na lista e que tem pelo menos quatro frigorficos autorizados a exportar. O pecuarista Oswaldo Murta Filho, de Carlos Chagas (MG), diz que vai segurar pelo menos 60 dias para vender seu terceiro lote, esperando obter preos melhores. Segundo ele, a primeira comercializao foi feita para honrar compromissos e no teve diferencial: R$77 a arroba. Na segunda, o animal foi vendido a R$90 a arroba - quando sai entre R$80 a R$85 a arroba em So Paulo. " preciso ter um diferencial de pelo menos 25% sobre o boi comum para compensar o desgaste que tem", diz Murta Filho.
A pecuarista Marta Elosa Marcondes da Silva, tambm de Minas Gerais, faz coro reclamao." Tem dado muito trabalho e em termos financeiros, no tem diferena", afirma. At o momento a propriedade, localizada em Francisco S (MG), comercializou apenas um lote, esperando vender outro em at dois meses. Na Fazenda Santo Antnio, em Joaquim Felcio (MG), foram duas vendas desde maro e a expectativa de um novo lote entre junho e julho, dependendo da disponibilidade de pastagem. "Se entrar no confinamento tem de ter um gio maior", diz o administrador, Fernando Antnio Pereira Diniz. Os animais esto sendo vendidos com uma diferena de R$10 por arroba.
Fonte:
Gazeta Mercantil. Agronegcio. Por Neila Baldi. 28 de maio de 2008.
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