A saída momentânea de compradores do mercado de boi está provocando oscilações nos preços da arroba no País, apesar de não ter havido qualquer aumento de oferta de confinamento. Os contratos para entrega em 30 dias recuaram 0,4% neste mês, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A especulação também vem atingindo o mercado futuro. Desde o dia 30 de junho, o recuo do contrato novembro na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) foi de 5,2%, de R$94,50 para R$89,50 ontem. De acordo com avaliação dos pesquisadores do Cepea, a oferta de boi continua restrita, de forma a não justificar o movimento de baixa. O orgão constatou que os frigoríficos conseguiram comprar alguns lotes em Mato Grosso do Sul e aumentaram, portanto, a escala de abate, ficando mais confortáveis para sair do mercado momentaneamente. Conseguiram assim abaixar um pouco o preço, segundo relatório Cepea. Enquanto isso, em algumas praças do País o preço da arroba supera os R$100,00. De acordo com Waldir José Eduardo Soares, diretor da Pantanal Certificadora, a venda ocorreu em uma propriedade certificada para vender para a União Européia, em Pedra Preta, Sul do estado de Mato Grosso. "Foi a fazenda Vila Rica, que vendeu na semana passada um lote de 2 mil animais a R$100,00, livre de Funrural, o que significa um preço de R$102,00", diz Soares. O preço é 17% superior ao valor da arroba na região, que está cotada a R$87,00. Ele conta que essa fazenda entrou há 10 dias na lista das propriedades credenciadas. "Outra lote de 1,5 mil animais está em negociação e muitos frigoríficos estão vindo atrás", diz Soares.
O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Luiz Carlos Oliveira, afirma que não há lucratividade para a indústria que adquire o animal a esse valor. "Os frigoríficos que fazem isso é para manter mercado na União Européia. A médio e longo prazos, essa realidade não vai se sustentar. Esperamos que a condição se normalize com o ingresso de mais propriedades na lista de autorizadas para venda à UE e recuperação do rebanho", avalia Oliveira.
Custos
A valorização da arroba do boi - nos últimos 12 meses foi de 49% em média no País, segundo a
Scot Consultoria - não está chegando proporcionalmente ao bolso do pecuarista. Isso porque essas altas estão sendo engolidas pelos custos de produção. Além do custo maior com mão-de-obra, o sal mineral também vem apresentando altas significativas de preço. De fevereiro para março foi de 8,57%. No ano, acumula 47,12%.
Relatório do Cepea mostra que nunca foi tão caro produzir boi no Brasil. De fevereiro para março, o custo operacional total subiu 4,04% e, no acumulado do ano, a alta foi de 13,13%.
Rússia
Um frigorífico de Rondônia teve suas exportações para o mercado russo suspensas. O Serviço Federal Veterinário e Fitossanitário da Rússia comunicou ontem ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que a partir de 21 de julho aplicará "restrições temporárias" à importação de carne bovina desse frigorífico, cujo nome não foi divulgado. O comunicado russo informa que, antes de serem liberados para comercialização, os produtos serão submetidos a análises laboratoriais.
Foram detectados pelo serviço veterinário russo excesso de microrganismos na carne desse estabelecimento que, segundo o Mapa, fazem parte da flora bacteriana normal das carnes e não oferecem risco à saúde dos consumidores. A Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa informou que o mercado brasileiro continua aberto para a exportação de carne bovina para a Rússia, inclusive Rondônia.
Fonte:
Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Fabiana Batista. 16 de julho de 2008.
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