A inflao no campo est acima da verificada na cidade. Estudo da
Scot Consultoria mostra que, no acumulado do ano, o custo da pecuria leiteira e de corte foi superior ao custo de vida nas cidades. O mesmo ocorreu no ms de julho e no perodo dos ltimos doze meses. A chamada crise dos alimentos, que elevou o preo das
commodities agrcolas e, deste modo, levou a roldo outros produtos, como o dos adubos e suplementos minerais, a explicao para a diferena.
Alm de viver um perodo com custo mais alto, o produtor no est conseguindo repassar toda esta elevao. Os preos recebidos no subiram mais que a inflao ou que os custos. No ms de julho houve perda nas duas atividades, enquanto no ano, a valorizao do preo do leite est superior ao aumento nos preos e, em 12 meses, o boi teve cotao com alta superior verificada no custo. Mas na comparao com a inflao, as duas atividades perderam no ms, no ano e em 12 meses. Os valores foram calculados a partir de uma estimativa do IGP-DI, que deve ser divulgado nos prximos dias. Pela projeo da consultoria, o ndice fechar julho em 1,90%.
Os custos esto sendo absorvidos pelo produtor e pela indstria, diz
Maurcio Palma Nogueira, analista da
Scot Consultoria. Segundo ele, a maior presso ocorre para a indstria e, depois, para o produtor. O consumidor sente parte da inflao dos alimentos, que teriam de ter aumentado mais. Alm disso, os alimentos ficaram quase 15 anos sem reajustes, afirma.
Em 12 meses
Nogueira lembra que, no caso do agronegcio, o melhor parmetro para comparao o anual, por causa da sazonalidade da atividade. No perodo de 12 meses, os custos que mais subiram foram os da pecuria de corte: 53,05%. Na mesma comparao, os preos da atividade se elevaram 42% e a inflao, medida pelo IGP-DI somou 14,11%. Os custos da atividade leiteira subiram mais em 2007. Agora a elevao ocorre mais na pecuria de corte, acrescenta. Segundo ele, no caso da pecuria de corte o maior aumento no adubo e na suplementao mineral. Enquanto o adubo responde por 8%, a suplementao representa entre 18% e 22% do custo da atividade. No perodo de um ano, os preos dos fertilizantes se reajustaram em mais de 100% e os da suplementao, 170%.
Para a atividade leiteira, o maior peso o dos concentrados (que basicamente tm gros): 40% do custo, enquanto os adubos respondem por 12% a 15%. Em um ano, os valores pagos por concentrados subiram 65%.
Nogueira lembra tambm que outros custos subiram de forma significativa no perodo de um ano, como o dos defensivos (14,5%) e o do leo diesel (14%).
Carne pior
Apesar de, teoricamente, os nmeros em um ano serem mais favorveis pecuria de leite, em relao perda para a inflao ou na comparao com os preos,
Nogueira afirma que a atividade est melhor que a de corte. Isto porque, segundo ele, em 2007, os preos do leite subiram e os do boi gordo no. E, neste ano, os do leite, mesmo que em menor variao, esto mais altos, enquanto o boom do boi gordo ocorre em 2008.
Quando os nmeros das duas atividades so comparados ms a ms, no perodo de um ano, fica clara a perda da pecuria de corte maior que a do leite. Em 12 meses, os custos da criao de bovinos de corte s tiveram reajustes abaixo da inflao duas vezes. Na mesma comparao, a pecuria leiteira ganhou seis vezes da inflao.
Quando a comparao apenas o ano de 2008, mais uma vez a pecuria de corte perde. Todos os meses do ano os custos desta atividade foram superiores inflao. Na mesma comparao, o leite teve reajuste maior apenas duas vezes.
Analisando-se os preos das duas atividades no ano de 2008, o leite teve perda em dois meses (as cotaes caram) e o boi, em apenas um (janeiro).
Segundo levantamento da
Scot Consultoria, em julho, os preos mdios do leite caram 2,45%. Os do boi subiram 1,08%. O estudo mostra que, de 17 estados pesquisados, 14 tiveram recuo nas cotaes de leite.
Nogueira lembra que a estimativa de melhora em agosto. A explicao para esta queda seriam as vendas menores (frias escolares) e os estoques das indstrias. Alm disso, segundo ele, em algumas regies houve aumento de produo, pelo maior volume de vacas paridas no perodo ou pelo fornecimento de rao.
Fonte:
Gazeta Mercantil. Agronegcio. Por Neila Baldi. 31 de julho de 2008.
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