A queda nas margens da JBS-Friboi de 12,2% para 4,9% entre o primeiro e segundo trimestre no Brasil pode ser o prenncio da piora da crise que as indstrias vivem desde o final de 2007, quando a escassez de animais ficou mais evidente e os preos do boi mais elevados. Estimativas da
Scot Consultoria so de ociosidade de 50%. O resultado fechamento de fbricas, demisses e leilo pelo gado.
No Rio Grande do Sul, no semestre, 25% das vagas foram fechadas. De acordo com o diretor-executivo do Sindicato das Indstrias de Carnes daquele estado (Sicadergs), Zilmar Moussalle, muitos frigorficos fecharam as portas e esto abatendo em outros estabelecimentos para reduzir os custos. Uma fonte do setor diz que h um verdadeiro leilo por animal. A disputa pelo boi grande e h uma carnificina entre as indstrias. Os sindicatos e associaes do setor no tm estimativas nacionais de unidades fechadas e demisses.
A indstria frigorfica vive uma crise sem precedente com a falta de matria-prima, disse Moussalle. Segundo ele, a ociosidade no estado de 65% e o consumo est represado, por causa do repasse. Na sua avaliao, diante deste quadro ter de haver queda no preo do boi. O presidente da Associao Brasileira de Frigorficos (Abrafrigo), Pricles Pessoa, confirma que as indstrias esto com margens apertadas e com dificuldade de formar escala em prazo mais longo. O preo do boi est incompatvel com as exportaes por causa do cmbio e no mercado interno, o consumidor no absorve os impactos da elevao dos preos, diz.
Se a situao ficar difcil, em 2009 vamos ter oportunidades de compras, disse o presidente da JBS, Joesley Batista, referindo-se ao fato de acreditar em quebra de indstrias. Na sua avaliao, todo o setor deve ter reduo de margem, com maior dificuldade no prximo trimestre. Batista diz que entre 4% e 5% de margem razovel. Abaixo disto ruim (ver matria abaixo com os resultado do grupo).
Luciana Leocdio, chefe de anlise da Ativa Corretora, diz que o mercado aguarda a divulgao dos prximos resultados para confirmar a tendncia de queda nas margens. O JBS, como
player mais representativo, tem uma opinio a ser considerada, acrescenta.
Para Miguel Cavalcantil, scio-diretor da Agripoint, a expectativa de manuteno ou piora das margens, em virtude dos preos e do cmbio. Na sua avaliao, haver, no segundo semestre, um embate entre oferta e demanda, com abates ainda menores que os do primeiro, quando a queda foi de 20% em relao a 2007. Ele lembra que o setor produtivo est passando por um momento de ajuste de oferta, uma vez que o preo alto do bezerro atual desestimula a venda rpida do boi gordo para abate e estimula a reteno de fmeas para recomposio do rebanho. Mas isto traz reduo da oferta tambm.
Fica muito claro que medida que o preo da matria-prima vai subindo, os frigorficos tm uma situao complicada porque so obrigados a conviver com capacidade ociosa por falta de gado e de mercado, diz Jos Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP. Isto porque, segundo ele, os frigorficos no esto conseguindo repassar o aumento nos custos ao consumidor, tanto interno quanto externo. Ferraz diz que a tendncia de piora no terceiro trimestre uma vez que, apesar da entrada de animais confinados, no haver volume suficiente de boi a pasto. Levantamento da Associao Nacional dos Confinadores (Assocon) mostra que em relao inteno de confinamento das pesquisas realizadas no primeiro semestre houve reduo no volume de 12%, para 578.451 cabeas. Mas na comparao com o ano passado, h um acrscimo de 6,7%.
Fabiano Tito Rosa, analista da
Scot Consultoria, tambm no acredita em reverso do quadro atual de crise das indstrias porque o investimento que o campo vem fazendo demora um certo tempo para surtir efeito. Alm disso, segundo ele, como os custos da produo subiram, o ritmo do investimento dos pecuaristas diminuiu.
A grande presso nas margens dos frigorficos vem do preo do boi gordo que, em dlar, o mais caro do mundo, perdendo apenas para o europeu. Segundo a
Scot Consultoria, ontem a arroba valia, em So Paulo, US$57,55; para US$54,00 a no Uruguai e US$36,45 na Austrlia. Ou o frigorfico repassa para a carne ou perde margem. E isso diminui a competitividade, afirma. O presidente da JBS confirmou que a unidade americana voltou a exportar para a Rssia porque o preo do Brasil ficou caro demais. Mas
Rosa acredita que os outros pases tambm passaro por um ajuste, pois h diminuio na produo americana, dificuldade de expanso no Uruguai e na Austrlia. Se o consumo mundial continuar crescendo, a produo no vai acompanhar o ritmo e os pases vo ter de aumentar a carne no mdio prazo, acredita o analista.
Fonte:
Gazeta Mercantil. Agronegcio. Por Neila Baldi. 01 de agosto de 2008.
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