Interferncia na rentabilidade maior na produo de gros, que depende de rodovias mal conservadas para o escoamento de milhes de toneladas
Rodovias mal conservadas, pouco investimento em formas alternativas de transporte, distncias continentais e a deficincia e saturao dos portos existentes para escoar as mercadorias colocam o Brasil entre os pases com valores de frete mais caros do mundo.
Para o produtor de gros - o mais onerado com o custo do transporte -, a rentabilidade pode ser reduzida em at 36%, conforme avaliao de especialistas consultados pelo Campo News.
E, diante de uma perspectiva de safra de soja recorde de 76 milhes de toneladas para este ano, um aumento de 16% em relao a 2009, a demanda por maior quantidade de caminhes para transporte poder corroer a renda do agricultor em at 40%.
Se, no comeo de 2009, os caminhoneiros cobravam R$200,00 por tonelada de soja, atualmente o transporte do Mato Grosso at o porto de Paranagu, de onde segue para a exportao, no sai por menos de R$230,00. Como cada tonelada rende, em mdia, US$360,00 dlares ao produtor, o equivalente a R$648,00, o preo do frete representa 36% desse valor.
Acredito que esta porcentagem esteja entre as mais altas do mundo. E, em alguns casos, esse ndice pode chegar a 40% do ganho que ele teria com a venda do seu produto. Esse aumento se deve poca de intensificao da safra, quando h maior demanda por caminhes para transporte, frisa o consultor
Rafael Ribeiro Lima Filho, zootecnista da
Scot Consultoria.
Produtor paga a conta
Segundo ele, embora o frete seja pago por quem compra no caso, pelas indstrias , esse preo j antecipadamente descontado do produtor. De qualquer maneira, o produtor que onerado, resume.
No entanto, o diretor do CentroGros, centro de comercializao da Famato (Federao da Agricultura e Pecuria do Estado de Mato Grosso), Joo Birkhan, destaca que a perspectiva da safra recorde de soja e o excesso de milho que ainda permanece nos armazns tornou a contratao do frete uma incerteza.
Sem espao para armazenar a soja, o produtor tem de escoar rapidamente o que est colhendo. Por isso, est extremamente difcil encontrar caminho atualmente. E, por esse aumento na demanda, o produtor no tem como saber quanto o frete ir lhe custar, comenta.
De acordo com Jos Vicente Ferraz, diretor tcnico da AgraFNP, mais de 70% da safra de soja de Mato Grosso sai do Estado atravs da malha rodoviria, diferentemente do que ocorre em outros pases ao redor do mundo, que do preferncia absoluta ao transporte por meio do sistema ferrovirio ou hidrovirio. A deficincia brutal das rodovias faz com que o produtor perca muita competitividade. Essa desvantagem ocorre em todas as atividades, mas fica mais clara quando lidamos com safras gigantescas como a da soja, comenta.
Infraestrutura
A BR-163 e a BR-364 so as vias mais importantes que cortam o Estado ao meio, no sentido norte-sul. Nos dias com muita chuva, o trfego difcil e se torna um transtorno para os caminhoneiros. Em muitos casos, os caminhes chegam a ficar dias atolado. Isso no uma novidade e s no Brasil acontece. Nossa eficincia produtiva dentro da fazenda perdida quando essa produo escoada, avalia Ferraz.
Para Birkhan, h um descaso por parte do governo federal a respeito da importncia que a maior regio produtora de gros no Pas possui para suprir o crescimento da demanda mundial. Temos clima, tecnologia e espao para duplicar a produo de soja. Mas no h empenho nenhum do governo para resolver nosso problema de escoamento, frisa
Fonte:
Campo News. Por Tisa Moraes. 2 de maro de 2010.
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