O novo ciclo de baixa na agricultura, com a reverso de preos dos gros, pode inviabilizar os lucros dos produtores j nessa safra de vero. Associaes do setor j esto revisando suas estimativas, prevendo migrao de cultura e queda na produtividade como resultado da fuga dos fundos de investimentos desses mercados.
Em apenas um ms, a queda nas cotaes j bastante expressiva. A mdia mensal dos preos do milho recuou de R$26,28 em julho para R$24,00 este ms. No caso da soja a retrao ainda mais acentuada, de R$53,57 em julho para R$45,00 no ms de agosto.
A previso dos analistas que para aqueles que no adotaram mecanismos de proteo a crise seja pior que a observada em outros perodos, j que desta vez vem acompanhada de novos fundamentos, como a fuga dos fundos de investimento dos mercados futuros do setor, e da forte alta dos custos com insumos.
Em dlar, o rendimento do produtor ainda mais depreciado. Hoje o exportador trabalha com um cmbio de R$1,57, em mdia. Em setembro de 2007 esse valor era de R$1,90.
Para o professor de economia da Trevisan Escola de Negcios, Alcides Leite, ainda que a maioria dos produtores no fique em situao de endividamento eles tero uma sensvel reduo de lucros nessa safra. Isso se deve ao fato de que as despesas de produo foram feitas num momento de alta dos preos dos fertilizantes, sementes e defensivos agrcolas, e tero suas receitas em momento de queda dos preos dos produtos agrcolas no mercado internacional, avalia.
Segundo o especialista, o Brasil deve manter o foco nos pases emergentes j que, mais que nos Estados Unidos, a desacelerao das economias do Japo e Europa deve reduzir o consumo de alimentos na regio.
A Associao dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja) j espera um rendimento inferior ao obtido na safra 2007/2008. Ainda que a entidade no espere uma reduo de rea de plantio, j espera que a safra 2008/2009 tenha uma produtividade inferior. Isso porque a um ms do plantio cerca de 30% dos fertilizantes no haviam sido comprados.
A perspectiva de preo tambm no das melhores e a posio vendedora dos fundos aumenta a cada dia. Em janeiro de 2008 a diferena entre os contratos comprados e vendidos batia na casa dos 140 mil e hoje est na casa dos 80 mil.
De acordo com Maria Amlia Tirloni, analista de gros e fibras, a desvalorizao dos preos deixou os participantes de mercado ainda mais reticentes. Isso no s impossibilitou os negcios como tambm as prprias indicaes de preos foram apenas uma referncia, destacou.
A Associao Brasileira dos Produtores de Algodo (Abrapa) divulgou um levantamento no qual prev uma nova reduo da rea plantada no Pas. A nova estimativa aponta uma reduo de 9,6%, ante a previso de 20% apresentada no estudo anterior, feito num perodo de alta para os gros. De acordo com o presidente da Abrapa, Haroldo Cunha, foi justamente a queda dessas
commodities que fez aumentar a inteno de plantio de algodo para a prxima safra.
A inflao medida pelo ndice Geral de Preos (IGP) entre os dias 11 de julho e 10 de agosto pela Fundao Getlio Vargas (FGV) j mostra os reflexos da queda das
commodities. O ndice desacelerou para 0,38%, ante a alta de 2% registrada na medio de julho.
O item Matrias-Primas Brutas foi o que mais influenciou na forte desacelerao, registrando deflao de 1,87% este ms ante a inflao de 4,54% de julho. Neste subgrupo, destacam-se os itens soja em gro (12,88% para -6,51%), bovinos (11,15% para 0,72%) e milho em gro (6,93% para -3,73%).
Os alimentos se transformaram, em pouco tempo, de viles da inflao em um dos principais motivos para a queda dos preos.
O ndice de Preos ao Consumidor - Semanal (IPC-S) anunciado ontem caiu de 0,44% para 0,34%, e o grupo alimentao impulsionou o recuo: teve deflao de 0,06%, ante alta de 0,4% na medio anterior.
Em apenas um ms, a queda das cotaes das
commodities agrcolas j expressiva. A mdia mensal dos preos do milho recuou de R$26,28 em julho para R$24,00 este ms. No caso da soja, a retrao ainda mais acentuada, de R$53,57, em julho, para R$45,00, neste ms de agosto. Esta queda nos preos deve provocar uma produo agrcola menor na safra 2008/2009. Como a do algodo, que deve reduzir, em 9,6%, a estimativa de rea plantada, e a soja ter menor produtividade. Produtores que no adotaram mecanismos de proteo, garantem os analistas, convivero com uma crise maior que a observada em outros perodos, j que desta vez as perdas viro acompanhadas de novidades, como a fuga dos fundos de investimento dos mercados futuros de
commodities e a forte alta dos custos com insumos, como os fertilizantes.
As carnes esto na contramo dessa tendncia, j que devero manter os preos em alta. No caso dos bovinos, a elevao se dar pela reduo na oferta de animais. Alm disso, a Austrlia anunciou ontem que espera reduzir suas vendas externas do produto em 5% em 2009, principalmente por problemas climticos que prejudicam as pastagens.
A possibilidade de cobrir essa lacuna, para os brasileiros, estar no Oriente Mdio e em pases como Filipinas e Cingapura. Esses mercados representam 10% das exportaes australianas. A perspectiva positiva aparecer em mercados mais marginais, ou seja, para onde os australianos exportam menos volume, mas que so regies importantes para o Brasil, como o Oriente Mdio, esclarece
Gabriela Tonini, consultora da
Scot.
Fonte:
DCI. Agronegcios. Por Priscila Machado. 19 de agosto de 2008.
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