As cooperativas vo fazer a diferena dentro da consolidao do agronegcio brasileiro. De acordo com Geraldo SantAna de Camargo Barros, coordenador cientfico do Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada (Cepea) e professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) est nas mos das cooperativas a responsabilidade de compensar os efeitos das fuses. Isso acontecer, ao menos parcialmente, em gros, laticnios e insumos, diz.
Lygia Pimentel, analista da
Scot Consultoria, considera as absores uma possibilidade de fortalecimento para as cooperativas, mas observa que as entidades sofrem com falta de crdito por parte do governo. vlido, mas as cooperativas precisam de capital. Os contratos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) esto caros, afirma.
A analista diz que as cooperativas tm necessidade de organizao e elaborao de estratgias para crescer durante todo o processo de consolidao.
Para a Cooperativa dos Produtores Rurais de Alvinpolis, em Minas Gerais, uma das 29 fornecedoras de leite da Itamb Laticnios, a parceria que comeou h mais de 40 anos, em 1964, foi um bom negcio.
Segundo Ledes Cota, diretor comercial da cooperativa, apesar de o preo do leite ser regulado pela Itamb e nem sempre seguir o valor de mercado, os produtores evitam prejuzos com problemas de escoamento. No fim do ano, os valores so mais altos. No entanto, no perodo de seca, a concorrncia paga mais, mas preferimos atender a Itamb, diz.
Cota explicou que a compensao para os produtores vem por meio de participao nos lucros, com o prmio de fidelidade. Os tcnicos tambm nos do assistncia sem custo nenhum.
De acordo com a analista e com Barros, nenhum setor est livre de consolidao no cenrio do agronegcio. Para
Pimentel, o aumento de concentrao de empresas ocorreu devido crise econmica. Do ano passado at o incio deste ano, diferentes setores da agricultura se uniram para superar as dificuldades financeiras. Dentre as fuses, no setor sucroalcooleiro, destacam-se os acordos entre a Cosan e a Shell, a Bunge e o Grupo Moema, o Acar Guarani e a Hmus.
No setor de carnes, alm de Marfrig e Seara, tivemos a unio da JBS Friboi e da Bertin. No leite, a Itamb se uniu a outras cinco cooperativas e deve se tornar o maior grupo de laticnios do Pas. Sempre haver consolidao. E quanto maior, mais diversificado ser, diz a analista da
Scot.
No setor de caf Gil Carlos Barabach, analista da Safras & Mercado, disse que apesar da tendncia de expanso do
gourmet, concentraes podem ocorrer, mas nada em grande escala. Se avanar deixar de ser um nicho de mercado. Pelo alto custo de produo pode se tornar invivel.
Joo Birkhan, coordenador do Centro de Comercializao de Gros da Federao da Agricultura e Pecuria do Estado de Mato Grosso (Famato), tambm no acredita em tendncia de consolidao na produo do setor. No vejo possibilidade de ficar nas mos de grandes empresas.
A analista da
Scot estima que daqui para frente, apensar de diminuir o fluxo de concentrao, ainda devem ocorrer fuses nos setores de suno, soja, frango e cana. O momento agora de diluir dvidas. As empresas que se fundiram esto alavancadas e devem abrir mais capital na bolsa.
Pimentel prev ainda um ano promissor para o agronegcio em 2010. Ser um ano de crescimento, principalmente para a carne, afirma.
Segundo Barros, do Cepea, a questo das consolidaes deveriam ser mais discutidas, por carregarem uma carga perigosa associada falta de competio. Cabe ao governo cuidar dos aspectos da falta de concorrncia.
Mesmo sem notar sinais de efeitos negativos para o mercado nacional, segundo Barros, o fato de rgos do governo favorecerem a concentrao com recursos fiscais e do trabalhador chama a ateno. O governo est estimulando a concentrao em empresas pblicas e privadas, em nveis extremos, para criar empresas globais, transnacionais. No claro o ganho lquido dessa iniciativa para o Brasil.
Fonte:
Jornal DCI. Agronegcios. Por Alcia Pontes e Danilo Sanches. 1 de maro de 2010.
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