O boi gordo continua imune crise que atinge a cotao das
commodities agrcolas. Em So Paulo, o preo da arroba valorizou-se 1,5% desde o incio de setembro e a carne bovina no atacado paulista subiu ainda mais, 5%, e bate recordes nominais sucessivos, segundo o Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A carne desse animal s perdeu para a suna que teve forte valorizao de 14,5% no perodo. Enquanto isso, as cotaes internas de soja e milho caram 3,36% e 6,5%, respectivamente, o que deve contribuir para pressionar para baixo o custo de produo de carnes, principalmente de frango e suno.
Esse cenrio externo negativo no afetou a economia real, at o momento. Ainda no sentimos queda da demanda, tanto no mercado interno quanto no externo, afirma Srgio De Zen, pesquisador do Cepea. Alm disso, o setor de carnes no afetado diretamente pelo movimento especulativo do mercado de
commodities, conforme explica
Fabiano Tito Rosa, analista da
Scot Consultoria.
O mercado de carnes est com pouco gado disponvel para abate desde a entressafra de 2006. O pecuarista est reinvestindo para aumentar a produo. Mas o ciclo longo e esse incremento s refletir em mais oferta em trs ou quatro anos. Neste momento, so os fundamentos que esto comandando este mercado, avalia
Rosa.
Ele acredita tambm que, alm de no ter respingado na economia real, a crise financeira no afetou os mercados emergentes, para os quais o Brasil mais exporta carne, como Rssia, Oriente Mdio e sia. Mas a falta de crdito aos frigorficos pode mudar esse cenrio positivo para o setor, na avaliao de Roberto Giannetti da Fonseca, vice-presidente do Conselho de Comrcio Exterior da Federao das Indstrias de So Paulo (Fiesp). Os frigorficos usam os recursos do Adiantamento de Contrato de Cmbio (ACC) para pagar o pecuarista pelo boi. Esse dinheiro irriga o setor. Se ele no estiver disponvel, pode haver presso sobre o preo da arroba, avalia Gianetti. Segundo ele, a falta de crdito para exportao pode tambm limitar o acesso dos frigorficos exportadores ao bom momento do cmbio.
Somente a carne de frango teve recuo de preo desde setembro, segundo levantamento do Cepea. Essa queda foi de 2,5%. A retrao ainda no reflete os menores preo do milho e da soja, o que s deve acontecer ao final deste ms, garante rico Puzzer, vice-presidente da Unio Brasileira de Avicultura (UBA). O impacto no custo de produo deve ser de R$0,05 a R$0,10 por quilo do animal, o que significa at 5,8% de reduo no custo, estimado atualmente em R$1,70. Chegamos a pagar R$31,00 pela saca do milho e hoje estamos pagando R$24,00, comemora Pozzer. Mas a preocupao do setor que o impacto positivo do menor preo dos gros no chegue ao avicultor. Isso porque h crescimento expressivo da produo de frangos no Pas, acima da expanso da demanda. Vamos sair do patamar de 460 milhes de pintos alojados para 480 milhes. H receio de que essa baixa do preo da carne de frango apurada pelo Cepea j seja reflexo de uma maior oferta do animal, preocupa-se Pozzer.
Suinocultura
J a carne suna apresenta elevaes de preos antecipadas. Na avaliao de Pedro de Camargo Neto, presidente da Associao Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suna (Abipecs) o cenrio se deve melhora dos preos no mercado internacional e do equilbrio da oferta interna. No est sobrando carne. E a alta do boi tambm vem puxando o preo das outras carnes, afirma.
Assim, o final do ano, que j considerado o melhor momento de preos para a carne suna, deve, neste ano, ser ainda melhor, segundo ele. Esse aumento de preo em setembro e outubro indicativo de demanda aquecida, de melhora de renda. S que esse aumento de consumo costuma acontecer somente a partir de novembro, o que indica que teremos um fim de ano ainda melhor. Apesar de no ter os dados precisos, o dirigente da Abipecs acredita em uma elevao do consumo
per capita de carne suna de 12,5 quilos por habitante por ano para 14 quilos.
Fonte:
Gazeta Mercantil. Agronegcio. Por Fabiana Batista. 7 de setembro de 2008.
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