A Itambé está em vias de reabrir o mercado do México para os produtos lácteos brasileiros. Fontes do mercado afirmam que as plantas de Goiânia e de Uberlândia da empresa estariam prestes a realizar exportações a esse país.
Procurada, a companhia informou apenas, por meio de seu gerente de exportações, André Massote, que essas duas fábricas estão em processo de habilitação para exportar àquela região. No final de setembro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), informou sobre a garantia dada pelo governo mexicano de publicar o parecer final das análises para habilitação de duas indústrias brasileiras que foram auditadas neste ano, o que confirma o interesse daquele país em retomar importações.
De acordo com produtores, analistas e exportadores, a crise global de crédito não deve prejudicar os processos de negociações de abertura de mercados que estejam em andamento e tampouco o ritmo das exportações do setor - que tiveram um salto em comparação ao ano passado. Além do México, neste momento, a China é outro país que poderá antecipar a abertura para os produtos do Brasil, devido ao problema que enfrenta atualmente em relação ao leite contaminado em seu mercado interno.
“Embora seja cedo para dimensionar os impactos reais, a crise financeira não será tão catastrófica quanto parece. As medidas tomadas neste último final de semana vão acabar repercutindo na economia real”, acredita Alfredo de Goeye, diretor da Serlac Trading, a maior exportadora brasileira do setor. “Além disso, o leite não é um produto cujo consumo seja cortado imediatamente”, disse. A Serlac costuma responder por praticamente metade das vendas externas nacionais nesse segmento. Goeye informou que a trading mantém suas metas de embarques para 2008, mesmo em cenário turbulento. A estimativa é de exportar 60 mil toneladas neste ano, o equivalente à receita de aproximadamente US$250 milhões - 92,3% mais do que no ano anterior.
Em relação às vendas totais brasileiras de lácteos, dados do Mapa indicam crescimento de 160% na receita com exportações até setembro deste ano, quando totalizaram US$397,4 milhões. Em volume, os embarques chegaram a 109,5 mil toneladas (crescimento de 77,5% na comparação com igual período de 2007). Em litros de leite, dados da Scot Consultoria apontam para exportações de 861 milhões de litros até setembro.
Destinos
A Venezuela é o principal mercado consumidor dos produtos lácteos brasileiros. Do total exportado até setembro, aquele país importou o equivalente a 41% em receita (US$162,8 milhões) e 37,6% em volume (41,2 mil toneladas), segundo o Mapa.
De acordo com Vicente Nogueira, diretor do departamento econômico da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL), tão logo o Brasil comece a exportar para China, Rússia e México - três dos mais significativos importadores mundiais de lácteos -, o País ganhará posição entre os cinco maiores exportadores mundiais do segmento em três ou quatro anos. Hoje, os brasileiros não estão nem entre os dez países maiores exportadores do setor. Encabeçam essa lista a Nova Zelândia, União Européia, Estados Unidos, Argentina e Austrália.
Nogueira disse em entrevista recente que há um esforço conjunto do governo e do setor privado pela batalha que envolve as questões legais para a abertura desses mercados. O México é um mercado difícil e as conversações para resolver embates fitossanitários duram quatro anos. Dados do Mapa mostram que o Brasil realizou embarques para esse país em 2006 e em 2007.
A indústria de leite e derivados Itambé está em vias de reabrir o mercado do México para os produtos lácteos brasileiros.
Fonte: DCI. Agronegócios. Por Érica Polo. 17 de outubro de 2008.