A partir de 2004, quase todos os principais produtos agrícolas do país assistiram à queda dos custos dos defensivos necessários para o seu cultivo. Em uma análise de mais longo prazo, como essa, o que se observa é uma tendência de queda na relação de troca entre a quantidade da produção gasta para a aquisição do pacote de defensivos exigidos pelas diferentes culturas. Neste ano, em contrapartida, já se observa alta em alguns casos.
Segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), compilados pela Associação Nacional de Defesa Vegetal, em janeiro de 2006 eram necessárias 10,6 sacas de soja para comprar uma cesta de defensivos que, em média, são utilizados por hectare. Essa relação caiu para 7,9 em janeiro de 2007 e para 5 sacas em janeiro deste ano.
Houve ainda um leve decréscimo em abril, quando os dados foram atualizados, mas, em agosto, eles voltaram a subir para o patamar do início de 2008. Ainda que se mantenham em níveis baixos se comparados com o histórico levantado desde 2003, a simples alta chama a atenção: apurados a cada três meses, a relação de troca para a soja levantada pelo IEA não subia há dois anos.
Até o fim do ano, a perspectiva é de aumento, avalia José Otavio Menten, diretor executivo da Andef. Culpa, em grande medida, da alta do dólar. As importações de produtos técnicos, usados posteriormente para a formulação de produtos finais no Brasil, são de cerca de US$ 2 bilhões.
Mesmo alguns “efeitos positivos” que poderiam sair da crise acabaram não se efetivando. O preço do herbicida glifosato, largamente usado nas lavouras para controle de plantas invasoras e dessecação na pré-colheita de cereais, manteve-se em alta mesmo depois do forte declínio do preço do petróleo, base de sua fabricação. A alta do petróleo vinha sendo apontada como responsável pelo encarecimento do herbicida.
De acordo com levantamento da Scot Consultoria, em junho, era necessárias 5,3 sacas de soja para a aquisição de um balde de 20 litros de glifosato. A relação de troca não parou de aumentar desde então e, em outubro, superou as 8 sacas por hectare.
No caso do milho, a alta na relação de troca manteve-se praticamente ininterrupta desde dezembro de 2007. Naquele momento, eram necessárias quase 8 sacas de milho para uma medida de 20 litros do herbicida. Neste mês, a relação chegou a quase 16 sacas. Em grande parte, também reflexo da alta do dólar, avalia a Scot.
Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. 23 de outubro de 2008.