O forte recuo do mercado internacional de couro - que tem como principais clientes as indústrias moveleira e automotiva dos Estados Unidos - acertou em cheio as empresas do setor no Brasil. Em quatro meses, os preços de couro para exportação caíram pela metade, há empresas que demitiram quase 50% dos funcionários e há forte redução do ritmo de produção. Entre os meses de janeiro e novembro, os embarques de couro recuaram 11,5% em receita para US$1,7 bilhão na comparação com igual período de 2007.
A situação, segundo Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, é menos grave para os frigoríficos que também atuam como curtumes, e mais aguda para as indústrias que atuam exclusivamente no beneficiamento de couro. “No caso dos frigoríficos, a venda de couro representa, até 10% da receita da empresa, que tem a carne como produto mais importante. Mas os curtumes, só têm esse produto, e forte dependência do mercado internacional. Cerca de 80% da produção é exportada”, detalha Rosa.
Em alguns curtumes, esse percentual é de 100%, como é o caso do Vitapelli, que está entre os três maiores do País. Nilson Riga Vitale, diretor da empresa, diz foram demitidos 1,2 mil funcionários desde junho deste ano, quase a metade dos 2,5 mil colaboradores que a empresa tinha. “O mercado mundial de couro para estofamento mobiliar e automotivo caiu em torno de 60% a 70%. Nosso faturamento nos últimos quatro meses caiu 50% e, no acumulado do ano deve recuar 30%”, lamenta Vitale.
Com isso, a empresa que atuava em três turnos para atender a demanda externa, agora está operando em um único turno. Os preços do metro quadrado do curou mobiliar (muito usado para sofás) caíram nos últimos quatro meses de US$13 para US$6,50.
Em 2007, a Vitapelli exportou 3,7 milhões de unidades de couro e, a previsão era de atingir 4 milhões em 2008, volume que não deve passar dos 3 milhões, segundo Vitale.
Ele afirma que espera que não haja mais demissões, apesar de não ter estimativa de como serão suas vendas em 2009. “Certamente teremos um mercado muito recessivo nos seis meses do ano que vem. Nesse período deve haver uma redução do excedente de couro no mundo. Pode ser, portanto, que haja alguma recuperação no segundo semestre”, avalia o empresário.
No grupo BMZ, um dos maiores do País, também houve demissões há dois meses e a produção recuou com menor volume de venda externa, segundo Ludmila Moscardini Pires, encarregada de Exportação de uma das unidades do grupo. “Começamos a perceber um forte recuo da Itália, nosso principal cliente em agosto”, diz Ludmila.
Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Fabiana Batista. 2 de dezembro de 2008.
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