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Scot Consultoria

Abate de boi cai 13% em 2008 e exportações mantêm queda


Terça-feira, 20 de janeiro de 2009 - 16h57

A queda no volume de bois abatidos no Brasil em 2008 foi mais acentuada do que a esperada pelo setor. Foram 21,8 milhões de animais, ante os 25,09 milhões do ano de 2007. O número, que representa os abates com inspeção federal, significa retração de 13%, quando o setor acreditava que a queda no ano ficaria entre 5% e 8%. O nível de atividade dos frigoríficos do País é o menor desde 2004, quando 20,3 milhões bovinos foram abatidos, segundo dados do Ministério da Agricultura. As notícias de retração também se estendem às vendas externas. As exportações de janeiro (até o dia 18) do complexo carnes mostram volumes 21% menores do que em janeiro de 2008 e 4,4% inferiores ao já retraído mês de dezembro. O ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, atualmente consultor do maior processador de carne bovina do mundo, o JBSFriboi, avalia que levará um tempo para que o mercado volte à normalidade, principalmente porque falta crédito para financiar exportações e importações. A redução do nível de atividade dos países desenvolvidos também continuará influenciando esse ritmo de “marcha ré” nos embarques da proteína. Ele afirma que por conta dessas exportações menores - que vêm desde o início do ano passado com as maiores exigências da União Européia - o Brasil deixou de abater 5 milhões de cabeças em 2008. A situação, agravada pela retração econômica na Rússia, principal comprador da carne brasileira, vai manter as exportações em queda por mais tempo. “Janeiro terá menos embarques que dezembro”, avalia. Até o dia 18 deste mês, as exportações de carnes (incluindo de frango e suínos) resultaram em receita de US$121 milhões, muito abaixo dos US$873 milhões das quatro semanas de dezembro. Em relação a janeiro de 2008, a queda é de 21%. Luiz Carlos de Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carnes (Abiec) disse ontem que ainda não tinha avaliado os dados da Secex com profundidade. Mas afirmou que os negócios de exportação realmente tiveram forte retração em janeiro. A receita com os embarques do complexo carnes está recuando com intensidade desde setembro passado, quando foram embarcados US$1,49 bilhão. Desde então, até dezembro, essa queda acumula 41%. O resultado é elevada ociosidade nos frigoríficos, segundo Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. Ele estima que nos últimos quatro meses de 2008, as indústrias tenham operado com 50% da capacidade ociosa. “Talvez agora em janeiro, esse percentual esteja menor, em 40%”. Os preços da arroba em São Paulo mantiveram em janeiro a tendência de queda. O valor da arroba, que estava entre R$86,00 e R$87,00 no começo de janeiro, caiu, desde sexta-feira passada para R$84,00. JBSFriboi Sobre que impactos esse cenário negativo traria para o JBSFriboi, Pratini afirmou que o Brasil representa apenas de 13% a 14% dos negócios do grupo e que a medida aqui foi a de ajustar o nível de abate em 30% desde julho - segundo ele não se estuda fechamento de unidades no Brasil por causa das exportações em queda. Pratini garantiu que não houve retração em abates nos Estados Unidos, que representam mais de 50% da atividade da companhia. “Diferentemente do Brasil, que tem como compradores principais a União Européia e a Rússia, os Estados Unidos têm acesso a outros mercados”, afirmou Pratini. Ele negou os rumores de que o JBS estaria tratando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiamento para aquisição do grupo Bertin, o segundo maior do País. “O foco do JBS neste momento é acompanhar de perto da decisão da justiça americana sobre a aquisição da National Beef. A expectativa é que haja alguma novidade em três meses”, diz Pratini. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Fabiana Batista. 20 de janeiro de 2009.
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