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Scot Consultoria

Contrato futuro sobe, apesar de dólar forte


Sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 - 11h10

Os indicativos de oferta e demanda mais justos determinaram o rumo nos preços dos principais itens agropecuários negociados na BM&F Bovespa nos últimos três meses. Passado o auge da crise financeira global, que dissipou a especulação e o inchaço das commodities, analistas acreditam que a estabilidade dos preços futuros atuais passaram a refletir a realidade do mercado em relação à produção e consumo. Mesmo com a valorização de 10% no dólar durante o período, o que causaria queda nos preços por aqui para reajustar a remuneração, produtos como o café e o milho mostraram força para subir no mercado futuro. Segundo dados do Centro de Informações da Gazeta Mercantil, a moeda americana subiu de R$2,1220, no dia 20 de outubro, para R$2,3390 até sexta-feira passada. Ainda assim, a saca do café negociada na Bolsa brasileira contrariou a lógica de queda proporcional ao dólar e recuou apenas 1% em três meses, sendo cotada atualmente em US$132,50, o que no cálculo final mostra uma alta de 9%. A commodity também foi destaque no mercado internacional, com valorização de 4,4% no primeiro contratos desde o dia 20 de outubro. Para Eduardo Carvalhaes Júnior, do Escritório Carvalhaes, essa estabilidade do café mesmo com a crise mostra que os fundamentos do mercado (oferta e demanda) provavelmente estão exercendo força no mercado futuro. “O Brasil terá uma safra bem menor neste ano. Além disso, os estoques são os menores já registrados e na passagem deste ano-safra, em junho deste ano, devemos ficar com os estoques praticamente zerados no mundo inteiro”, explica. Por esses motivos, outros analistas e até mesmo produtores estavam projetando uma valorização nas cotações do café acima de 20% até o final deste ano. “Uma coisa é certa: não teremos café sobrando no mercado”, prevê Carvalhaes. Segundo explicou, um dos fatores que contribuem para esse cenário de escassez é o crescente consumo interno. “O Brasil é onde as taxas de consumo crescem acima do ritmo mundial”. Para ele, os níveis dos preços poderiam estar ainda mais elevados, pois já surgiram informações de que a safra da Colômbia, segundo maior produtor mundial do tipo arábica, será menor. “O mercado só não subiu ainda mais porque ainda não há total segurança sobre essas informações”. A demanda pelo milho fez com que as cotações futuras negociadas na BM&F Bovespa se descolassem do mercado internacional. Na Bolsa de Chicago (CBOT), o grão recuou 6,6% nos últimos três meses, passando para US$3,9050 o bushel (27,2 quilos). Por aqui, a saca de 60 quilos teve valorização de 8,9%. Pedro Colussi, da AgraFNP, observa que fenômenos distintos ocorreram no mercado interno e externo para que isso ocorresse. “No mercado americano, as notícias de que haverá redução na demanda por ração provocou a queda. A demanda por etanol também deverá cair e há todo o cenário internacional, onde a produção de milho na União Europeia e Canadá foram grandes, reduzindo a demanda pelo grão”, analisa. No mercado interno, a valorização dos preços futuros foi impulsionada basicamente pelas notícias de quebra na produção do Paraná e Santa Catarina, explica Colussi. “As exportações também subiram muito em novembro e dezembro. Os agricultores americanos estavam recusando propostas de vendas por causa dos preços baixos pagos naquele período e isso aumentou a demanda aqui”. Ele acrescenta ainda que a janela de exportação do milho brasileiro também foi favorecida por causa do vácuo deixado pela Argentina. “As licenças para exportações deles esgotaram em setembro”. Na contramão do café, o boi gordo foi o mais atingido até agora pela crise. Os valores da arroba negociada na BM&F Bovespa recuaram 8,8% desde outubro e agora estão em R$82,90. Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, lembra que as vendas aos principais consumidores internacionais caíram muito por causa da crise. Porém lembra que os preços estão acima da média no primeiro semestre de 2008. “Essa sustentação foi proporcionada pela baixa oferta de gado no mercado por parte dos produtores”, explica. Ele acrescenta que janeiro historicamente é um mês ruim por causa das despesas de início de ano. Mas disse que a margem de lucro dos frigoríficos não deverá ser muito prejudicada. “O atual patamar dos preços e uma boa gestão permitem um lucro satisfatório”. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Roberto Tenório. 30 de janeiro de 2009.
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