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Scot Consultoria

Preço do leite ao produtor cai e já reflete prejuízos


Sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 - 10h47

Em contrapartida, consumidores continuam pagando alto pelo produto e os lucros não chegam às propriedades rurais A produção de leite no Brasil está fechando janeiro com péssimas perspectivas para os próximos meses de 2009. Há sete meses o setor registra queda nos preços, apesar do aumento dos custos de produção. Hoje, os pecuaristas contabilizam apenas prejuízos, com uma defasagem significativa entre o valor da produção e o de mercado. Segundo Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil (Associação Brasileira de Produtores de Leite), a produção de um litro de leite custa ao produtor não menos que R$0,70. O preço de venda da mesma quantia varia entre R$0,60 e R$0,65. “A situação é pior se levarmos em conta que o preço do leite para o consumidor continua alto. A pergunta é quem está levando essa vantagem, esse lucro”, questiona Rubez. Os preços em queda se explicam pela grande oferta no mercado em oposição à diminuição do consumo, registrada principalmente a partir da metade de 2008. Segundo Rubez, o primeiro semestre do ano passado teve um aumento de 14% na produção, impulsionado pelas boas expectativas do mercado e de crescimento do País. “Com a crise e a inflação, que atingiram os preços em meados de 2008, o consumo de lácteos em geral recuou 6%, a partir de agosto”, informa. O último ano fechou com crescimento de apenas 2% na produção de leite, resultado do forte recuo da produção no segundo semestre. Segundo Cristiane de Paula Turco, da Scot Consultoria, no acumulado dos últimos sete meses, o preço do leite caiu 20,5% no País, por conta da defasagem entre oferta e procura. “Esse quadro leva a um desestímulo da produção de leite, que tende a diminuir gradativamente”, ressalta Cristiane. Para Rubez, o pior já passou, na questão do controle da produção, já que a tendência é que esse comportamento se autorregule. “Agora, é importante a gente se preocupar com o consumo interno, já que exportamos apenas 3% da nossa produção. Os desempregos e o baixo poder aquisitivo da população, decorrentes da crise, podem levar a uma retração maior do consumo”, alerta o presidente da Leite Brasil. Cristiane lembra que o Brasil passou a ser exportador de lácteos só a partir de 2003 e, desde então, as remessas ao exterior têm crescido, mas não o consumo da população. “Nos últimos meses do ano passado já observamos uma queda no interesse pelo produto brasileiro, e não podemos prever como vai ser a demanda externa nos próximos meses”, observa. Segundo ela, apesar de tímidas, as exportações podem ajudar a escoar a produção, mas é importante que se garanta o consumo interno nesse momento de incertezas. Ajuda do governo No final de 2008, o governo federal aprovou a realização do PEP (Programa de Escoamento de Produção), que promove o escoamento do excedente da produção e a garantia de um preço mínimo ao pecuarista. O preço-base atualmente é de R$0,07. Na última quarta-feira (28), o governo promoveu o leilão de 33 milhões de litros de leite, vendidos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. “O preço mínimo está muito baixo, destaca Paulo Roberto Bernardes, presidente da CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios). Ele destaca que os preços internacionais de lácteos estão caindo muito, o que, aliado ao aumento dos insumos, desestimula os produtores. “Poderemos assistir ao abate de vacas e a migração dos pecuaristas para outras atividades”, prevê Bernardes. Para o presidente da Leite Brasil, o governo oferece medidas “ainda muito tímidas” para o setor leiteiro diante da importância da atividade. Jorge Rubez ainda lembra que o PEP só beneficia os exportadores e diz que a dificuldade maior está no acesso a créditos, comum a outras áreas do agronegócio. “A crise pode ser uma oportunidade de o País crescer, produzindo mais alimentos, exportando mais e gerando mais empregos, por isso, o governo tem que aproveitar” diz. Tempo E não é apenas a crise mundial que exige cautela. Segundo Cristiane de Paula Turco, da Scot Consultoria, as contínuas chuvas registradas em grande parte do País, apesar de melhorar as condições de pasto, têm sido prejudiciais por dificultar a coleta e transporte do leite. “O produtor tem que entender que cada vez mais tem de aumentar sua produtividade, principalmente no caso de commodities, que tendem a cair de preço com o passar do tempo”, destaca a consultora. Ela lembra que uma boa gestão, com controle de custos, pesquisas de insumos, acompanhamento do mercado do leite e também das rações e seus componentes – como milho e soja –, é muito importante para garantir a produção futura. Fonte: Campo News. Por Verônica Lima. 30 de janeiro de 2009.
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