O Ministrio da Fazenda est avaliando a possibilidade de isentar os frigorficos que atuam no mercado interno da cobrana de 4,5% de PIS/Cofins sobre a aquisio de boi gordo. O objetivo da medida dar um flego para as indstrias em meio crise internacional e permitir um aquecimento da economia, j que assim como feito com o IPI dos carros, os preos da carne bovina aos consumidores poderiam recuar.
Indiretamente, a medida reduziria tambm a competitividade dos frigorficos que fazem abate clandestino no Brasil. Estimativas indicam que 37,5% do abate nacional irregular, ou seja, das 40 milhes de cabeas de gado abatidas anualmente, 15 milhes de cabeas saem de frigorficos sem qualquer tipo de fiscalizao. Essa medida poderia trazer para a legalidade o abate pelo menos parte dessas 15 milhes de cabeas, que seriam tributadas de outras formas e permitiria at um aumento na arrecadao, afirma Otvio Canado, diretor executivo da Associao Brasileira das Indstrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
A proposta foi entregue pela Abiec, que representa os frigorficos exportadores, em parceria com a Associao Brasileira de Frigorficos (Abrafrigo), entidade que representa as indstrias que atuam apenas no mercado interno ao secretrio executivo do Ministrio da Fazenda, Nelson Machado. Na prxima semana, as entidades voltam a se reunir em Braslia para dar prosseguimento ao projeto, que poderia ser posto em prtica via um projeto de lei ou Medida Provisria.
Apesar de o assunto ter sido encaminhado e estar em estudo pelo governo, existia a expectativa de que o acordo firmado entre os frigorficos exportadores e os de atuao interna no fosse fechado. Isso porque, a Secretaria da Receita s aceitaria fazer qualquer tipo de anlise e eventual reviso na cobrana do imposto se houvesse um consenso entre os dois lados. Fontes informaram que at momentos antes da reunio realizada essa semana em Braslia o acordo no estava totalmente fechado.
Para a cadeia, a proposta de iseno do PIS/Cofins para as operaes de mercado interno ir criar uma isonomia tributria entre os frigorficos exportadores e os que atuam localmente. Hoje em dia, os exportadores so isentos da cobrana do tributo, beneficiados pela Lei Kandir, alm de outras vantagens indiretas As indstrias que trabalham no mercado domstico ficaram esquecidas nos ltimos anos, mesmo com 75% da produo de carne brasileira ainda sendo consumida internamente, afirma
Fabiano Tito Rosa, analista da
Scot Consultoria.
Mesmo considerando a medida positiva, o consultor considera difcil o consumidor sentir uma retrao nos preos da carne. Segundo
Tito Rosa, o poder de repassar quedas nas cotaes est na mo das grandes redes varejistas e no com os frigorficos. Ele lembra que entre 70% e 80% da venda de carne no Brasil feita por meio de supermercados e que o benefcio da reduo tributria para a indstria poderia ser usado como fator de presso sobre os preos da carne com osso. O varejista paga para o frigorfico R$3,70 pelo quilo do dianteiro, mas vende o quilo do acm, por exemplo, a R$9,70, afirma.
Fonte:
Jornal O Progresso. Por Alexandre Incio. 31 de janeiro de 2009.
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