• Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Informativa ABAG entrevista Sebastião Costa Guedes


Quinta-feira, 5 de março de 2009 - 16h40

Em entrevista ao Informativo Abag, o presidente do Conselho Nacional da Pecuria de Corte (CNPC), Sebastio da Costa Guedes, fala sobre as exigncias internacionais com a segurana alimentar, sobre emisses de gases de efeito estufa e das vantagens produtivas do Brasil em relao aos paises europeus. ABAG - No incio de 2005 vivemos uma situao difcil com o embargo da Unio Europia s exportaes de carne bovina in natura do Brasil. Hoje estamos com 200 fazendas habilitadas. O que tiramos de positivo desta virada de jogo? Sebastio da Costa Guedes - O mundo globalizado e a segurana alimentar exigem que se cumpra o prometido. Nos pases desenvolvidos as exigncias sero cada vez maiores e fornecedores decidem se as acatam ou no. Uma vez acertado, o acordo tem que ser cumprido! A poca do s para ingls ver est superada. O governo adotou uma postura realista e comea a destravar gradativamente o processo seguindo o atualmente acordado. Talvez no futuro possamos negociar uma rastreabilidade mais flexvel, pois no temos a vaca louca, da qual os nossos adversrios do Reino Unido e da Repblica da Irlanda ocupam o 1 e o 3 lugares no pdio mundial da incidncia acumulada. Em resumo, acordos assinados devem ser cumpridos, pois o comrcio internacional assunto srio. ABAG - Este ano a Organizao Mundial de Sade Animal (OIE) reconheceu como rea livre de aftosa 16 estados brasileiros e o DF e, em maio, o MS. Essa deciso pode sofrer reviravoltas ou evolumos? Guedes - O Brasil melhorou muito os investimentos em defesa sanitria, embora ainda no estejamos no nvel ideal. O resultado foi positivo. Espero que no haja reviravoltas e que as novas auditorias transcorram sem problemas. As atuais discusses com a UE para remover restries geogrficas parciais de alguns estados, como MT e MG mostram que as avaliaes da OIE comeam a dar reflexos em outras reas. A volta das discusses para exportar carne in natura aos EUA outro bom sinal. O dia que Brasil e EUA estiverem mais ligados no tema, o mercado mundial da carne pode ficar mais atraente para todos os paises produtores e exportadores. A postura dos representantes do MAPA junto OIE mostra um Brasil amadurecido, responsvel e que sabe discutir tecnicamente seus dados e avaliaes. A aftosa continua sendo ainda uma barreira para muitos mercados interessantes. O Par recebeu visita do diretor geral da OIE, Dr.Bernard Vallat, que ficou impressionado com o potencial e a motivao de suas lideranas e autoridades para erradicar totalmente a doena. No NE estamos em franco progresso principalmente no MA, PE e RN. O Piau tambm investiu recentemente na reduo de seu risco. Todos estes indicadores so positivos, mas vigilncia essencial e deve ser constante. ABAG - Em um Pas com reas fronteirias imensas e a cada dia notcias sobre novas ocorrncias de aftosa em pases como Bolvia, Colmbia, Equador, Paraguai e Venezuela, nos defrontamos com uma estratgia global ou nacional? Guedes - O Brasil atua nacional e continentalmente para erradicar a doena. Acho essencial prosseguir investindo nas reas fronteirias com o Paraguai e mais do que nunca com a Bolvia, cuja situao de defesa sanitria parece estar retrocedendo. Na Amaznia temos mostrado boas medidas tanto na calha do rio Amazonas como na fronteira com a Venezuela. Nesta o Giefa pode ajudar muito, disponibilizando consultoria tcnica. Brasil e Colmbia, conforme contatos recentes entre autoridades governamentais, Panaftosa e lideranas da Fedegan, CNPC e CNA esto concentrando esforos para apoiar Bolvia, Equador e Venezuela no projeto de erradicao da aftosa. No recente Congresso Mundial da Carne houveram boas discusses colombiano-brasileiras sobre o tema. Na prxima visita de zoo-pecuaristas colombianos ao Brasil, no incio de outubro deste ano, a cooperao internacional para apoiar os citados pases crticos (Bolvia, Equador e Venezuela) na meta de erradicar a aftosa at 2010. ABAG - Como podemos incluir o Brasil, que detm 200 milhes de cabeas de bovinos, correspondente a 15% do rebanho nacional, no balano mundial da emisso de gases de efeito estufa, se temos uma pecuria extensiva e no intensiva? Trabalhos realizados por europeus s levam em conta a emisso e no reteno dos gases nos pastos. O que preciso ser feito para nossa imagem e credibilidade melhorar cada vez mais e conquistarmos mais mercados? Guedes - Se observarmos os dados oriundos de pesquisadores da Embrapa e da Scot Consultoria entre outros, vamos ver que mesmo a pecuria extensiva brasileira tem um saldo positivo no balano de C02, ai includo o metano. Pelos dados disponveis temos em mdia uma lotao de pastagens da ordem de 0,88 cabeas/hectare. Assim temos uma emisso da ordem de 1.226,72 kg de CO2 hectare/ano. Considerando que 23% de nossas pastagens estejam degradadas e 77% com bom manejo, teremos uma fixao de CO2 de 1.772,72 kg de C02/hectare/ano, o que redunda em um balano positivo para a pecuria brasileira de 546 kg de C02/hectare/ano. Deste modo o livro Livestock ,The Long Shadow deveria considerar no apenas as emisses, mas tambm a fixao pelas pastagens e o balano final, que no nosso caso j favorvel. A prpria Agroanalysis em setembro do ano passado publicou excelente anlise feita por Palma Nogueira,Torres e Tito Rosa, tcnicos da Scot sobre o tema. Estudos recentes mostram que a evoluo tecnolgica com aumento da pecuria mais intensiva permitir resultados ainda mais favorveis. O Brasil tem recursos e tecnologia para aprofundar pesquisas e anlises sobre este importante aspecto da sustentabilidade, que os pases desenvolvidos responsveis por 75% das emisses de gases causadores do efeito estufa tentam com seus lobbies transformar em mais uma barreira nossa pecuria em constante evoluo. Agora esto cada vez mais crticos em lanar a culpa aos arrotos e flatulncia dos bovinos ao invs de se dedicarem em reduzir suas prprias emisses industriais ou da alta velocidade de seus modernos e velozes automveis. ABAG - A pecuria brasileira ainda tem espao para crescer em tecnologia (melhores pastagens, aumento na taxa de desfrute, uso de confinamento e semi-confinamento, etc...), com base nas melhores prticas e aes de mitigaes contra o efeito estufa? Guedes - Sim, nossa pecuria tem ainda enorme potencial evolutivo. Estudos criteriosos mostram que podemos aumentar nossa produo de carne bovina em at mais 4 milhes de toneladas anuais sem grandes esforos e sem derrubar uma rvore sequer da nossa floresta tropical amaznica, que essencial para o mundo respirar, principalmente quando o Greenpeace revela que a exigente Europa Ocidental tem hoje menos de 0,3% de suas florestas originais e todavia ainda comprava recentemente 800 mil toneladas de madeiras nobres, pagando US$570 milhes/ano em operaes sem certificao de origem, o que equivale a afirmar que seriam oriundas de desmatamentos que afrontam nossa legislao ambiental. Fonte: ABAG. 17 de outubro de 2008.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos