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Scot Consultoria
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Giro financeiro desaba na BM&FBovespa


Quinta-feira, 9 de julho de 2009 - 10h00

O primeiro semestre foi de altas generalizadas dos preços futuros dos produtos agrícolas negociados na BM&FBovespa, mas de retração acentuada do movimento na bolsa brasileira. Em volume, o número de transações foi de 952,3 mil, mais próximo do desempenho de dois anos atrás do que do da primeira metade de 2008, quando as quebras de recordes, em volume de negócios realizados e na movimentação financeira, foram recorrentes. As transações movimentaram R$23,4 bilhões, ou R$17,7 bilhões a menos que nos primeiros seis meses de 2008. Muito desse declínio pode ser posto na conta do desempenho dos contratos futuros de boi gordo. Temeroso com a demanda por carne bovina, tanto interna quanto externa, o papel teve menos procura que a que ele se habituou a ter ao longo de 2008 - em junho, o número de negócios foi menor que o registrado com os contratos de café. Na soma dos contratos futuros e opções, foram 418,2 mil papéis negociados no semestre, volume 47,7% menor que a registrada no mesmo período de 2008, segundo relatório da bolsa. Nos preços, o boi gordo já havia encerrado a primeira metade do ano com o pior desempenho entre os produtos agrícolas negociados na BM&FBovespa. Os contratos de segunda posição de entrega, normalmente os de maior liquidez, encerraram o período com preço médio 6,64% maior, segundo cálculos do Valor Data. Os preços da soja encerraram o semestre na dianteira, com alta, na média, de 46,96%. O receio com o andor da demanda por carne bovina continua a permear os negócios com boi gordo no mercado futuro. “A dúvida maior ocorre na demanda, tanto no mercado interno quanto no externo”, atestou, em relatório, Maria Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria. Na oferta de gado, segundo ela, “as opiniões convergem em comportamento firme para o mercado”. O mês de julho começou sem negociação de papéis de boi gordo com vencimento em 2010, o que pode ser visto como mais uma evidência dos problemas do segmento. O fato é pouco usual, diz a analista, já que, nos últimos oito anos, segundo ela, apenas em julho de 2004 e de 2005 não havia papéis com vencimento no ano seguinte. “Em ambos os períodos as dúvidas eram significativas em relação ao comportamento do mercado para o ano seguinte”, diz a analista. O ano de 2004 foi marcado por uma acentuada baixa do mercado e o de 2005, pela descoberta de focos de febre aftosa no país. Ainda que sejam contratos de menor relevância no total dos negócios com produtos agrícolas na BM&FBovespa, açúcar e etanol também deram feição ao declínio dos negócios na bolsa brasileira nos primeiros seis meses de 2009. Pelo contrato de etanol não houve procura porque, com a baixa do preço do petróleo no mercado internacional, depois dos picos atingidos em 2008, a demanda externa pelo biocombustível minguou - sem exportações, dizem analistas, não há razão eloquente para a negociação de etanol no mercado futuro. Apenas um único e escasso contrato de etanol foi negociado no primeiro semestre. Os contratos de açúcar nunca figuraram entre os líderes de negócios na bolsa brasileira, mas, há dois anos, seu volume chegou a corresponder a quase 40% do volume que se negociou de papéis de milho. No primeiro semestre deste ano, foram 224 contratos negociados, uma queda de 96,2%. Na bolsa brasileira, a atuação dos especuladores é menos decisiva para o direcionamento de preços e volumes que a de seus pares na bolsa de Chicago, referência internacional para a formação de preços agrícolas. Os especuladores afastaram-se dos negócios no primeiro semestre, mas foi a retração dos próprios agentes da cadeia produtiva - indústrias e produtores - que determinou a queda dos volumes, segundo Eduardo Tang, analista da Terra Futuros. “No segundo semestre, a perspectiva, ao menos nos grãos, é de melhora. Essa percepção de que o pior da crise já passou deve animar os investidores”, afirma ele. “Muitos participantes estão voltando aos negócios”. Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Patrick Cruz. 9 de julho de 2009.

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