Restrio, a exemplo do que foi feito no Par, est sob anlise e tem com alvo a repreenso da atividade irregular
O Ministrio Pblico Federal (MPF) de Mato Grosso programa para este ms o lanamento de medidas de restrio venda de gado produzido em reas de desmatamento ilegal no Estado, similar s aes e notificaes encampadas no Par. Aqui, o anncio aciona o alerta vermelho especialmente numa rea que concentra 17,8 milhes de cabeas de gado, englobada pelo bioma amaznico. O percentual corresponde a mais de 69% do rebanho bovino de um estado que detm o maior volume do pas, 26 milhes de cabeas.
Na esteira do estado vizinho, a preocupao mxima se d diante de retaliaes comerciais e na queda brusca nos preos da arroba para o pecuarista, seja ele dentro da lei ou margem dela.
Um procedimento administrativo est sob a anlise do procurador da Repblica Mrio Lcio Avelar e dever desencadear as medidas contra a venda de gado de reas desmatadas irregularmente. Antecipadamente, o Marfrig abriu o precedente em Mato Grosso, ao posicionar ao mercado, no final de junho, que a partir de ento no compra bovinos originrios de novos desmatamentos na Amaznia Legal. A deciso foi amparada publicamente pelo governo estadual.
No mapa da carne em Mato Grosso, o rebanho espalhado por municpios do bioma amaznico representa 69% do rebanho total, de 26 milhes de cabeas. A regio tambm concentra 71 mil propriedades rurais e 29 plantas frigorficas, com uma capacidade diria de abate de mais de 23 mil cabeas, conforme dados compilados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuria (Imea).
De acordo com o Sindicato das Indstrias Frigorficas de Mato Grosso (Sindifrigo), a entidade orienta ao menos, desde o ano passado, s empresas que abolissem a compra de gado de reas ambientalmente irregulares. O alerta se d diante de autuaes e da co-responsabilidade imputada s indstrias perante a lei e Justia.
No Par, o MPF ingressou com aes judiciais contra 21 fazendeiros e frigorficos (o maior deles o Bertin), cobrando o pagamento de R$2,1 bilhes em indenizaes pelos danos ambientais. Um conjunto de 69 empresas que compraram os subprodutos dos frigorficos foram notificadas, incluindo grandes redes como Carrefour e Po de Acar.
O resultado prtico da ao no mercado da carne no Par foi a presso sobre os preos do boi gordo. L, em poucos dias, o valor mdio em vigor da arroba caiu de R$72,00 para R$66,00 em tempos de preos estveis em vrias regies do pas. Uma queda que no separa o joio do trigo na hora da venda e inflama as reaes de pecuaristas mato-grossenses diante do prenncio de efeitos devastadores tambm em Mato Grosso.
Contudo, o maior temor se concentra numa moratria ampliada de frigorficos nacionais e principalmente de compradores internacionais. O que se tem hoje so 30 municpios no Par em estado de calamidade. So 1,5 milho de pessoas que no sabem o que vo fazer para se sustentar. Espero que as coisas aqui em Mato Grosso sejam tratadas com critrio para que no haja o que ocorreu l. A gente espera que o pecuarista seja ouvido. Sabemos que o problema existe, mas tambm precisamos de regras claras sobre o que o boi ilegal e de um governo mais eficiente, que no demore at cinco anos para dar uma simples licena, alerta o superintendente da Associao dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
O coro endossado pelo consultor de mercado especialista em pecuria
Fabiano Tito Rosa, da
Scot Consultoria. cido nas crticas, ele taxa a ao desencadeada pelo MPF do Par como desastrosa, desordenada e nada seletiva. No foram somente 21 fazendas e empresas embargadas. Os negcios travaram e os frigorficos de l deixaram de vender. O fato que as fazendas embargadas nem estavam na lista suja do Ibama. Espero que o MPF tenha aprendido algo com o que ocorreu no Par e consiga fazer, em Mato Grosso, algo mais seletivo, prega.
Fonte:
Dirio de Cuiab. Por Juliana Scardua. 7 de julho e 2009.
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