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Scot Consultoria

Escassez aquece mercado externo de carne


Quinta-feira, 19 de março de 2009 - 10h08

Se por um lado a suspenso dos abates do Frigorfico Independncia trouxe desconfiana quanto sade financeira das outras indstrias do setor, por outro, deu um flego na oferta interna de carne e ajudou a derrubar os custos das indstrias que continuam abatendo. O valor da arroba do boi recuou 9% desde janeiro, enquanto o preo que o frigorfico recebe pela carcaa casada recuou bem menos, 2,4% no perodo. A outra notcia positiva que os preos internacionais comeam a reagir com o esvaziamento dos estoques dos principais importadores. H, neste momento, inclusive dificuldade dos importadores de encontrar alguns cortes especficos, sobretudo os de menor valor agregado, como os cortes bovinos dianteiros. Steffani Ursini, trader da Globe Brazil Export, empresa especializada na exportao ao mercado do Oriente Mdio, explica que de fato nesta semana houve reao nos preos. Cortes traseiros, como o coxo mole (top side), que estavam sendo negociados entre US$3,4 mil e US$3,5 mil a tonelada nas semanas anteriores, est agora sendo negociada a US$3,85 mil, alta entre 10% e 13%. H dificuldade na oferta de alguns cortes. O mercado est vivendo basicamente de estoques, pois a produo dos frigorficos est baixa. Percebemos que os clientes, quando encontram preos menores, querem levar uma grande quantidade, detalha Steffani. Ela acres-centa que um cliente que estava ultimamente comprando quatro contineres, nesta semana est querendo levar de seis a sete cargas, sobretudo dos cortes de menor valor agregado. Dados preliminares do Ministrio da Agricultura (Mapa) indicam que em fevereiro, os abates nos frigorficos com inspeo federal (habilitados para exportao) recuaram 21% em relao a janeiro. Foram abatidas 1,29 milho de cabeas, ante as 1,6 milho registradas no ms anterior. Na comparao com fevereiro de 2008, a queda nos abates de 33%. Naquele ms de 2008 foram abatidos 1,8 milho de bovinos. Os estoques que os importadores tinham esto acabando e o preo, que tinha cado, est reagindo com a necessidade desses compradores voltarem ao mercado, avalia Alcides Torres, analista da Scot Consultoria. De acordo com ele, os preos da carne destinada ao mercado europeu reagiram 1,2% em maro em relao aos negociados em fevereiro. Para a Rssia, os preos j subiram 6%. Em fevereiro, os valores mdios pagos pela tonelada de carne bovina na exportao ficaram 12% menores do que os negociados em fevereiro de 2008. Em janeiro, essa retrao era de 16%. Acredito que a melhora nos preos deve ser refletir nos dados de abril, j que essa recuperao est ocorrendo agora em meados de maro, pondera Guilherme Favieri, consultor de gerenciamento de risco da FCStone. A oferta interna de carne diminuiu e est ajudando a sustentar os preos, conforme acrescenta Torres. A carcaa bovina, que h um ms valia R$4,78 (o quilo em So Paulo), fechou ontem em R$4,85, segundo a Scot Consultoria. O pecuarista tambm est ofertando menos animais e contribuindo para um abate menor. Por enquanto, tem chovido bem e o produtor fica confortvel em deixar o boi no pasto. Mas, a partir de abril e maio, vem a seca, e a presso de venda fica forte e, caso a oferta de bovinos esteja alta, isso pode provocar uma retrao mais fortes no preo, alerta Torres. Ontem, a arroba do boi em So Paulo fechou em R$77, queda de 6% em relao a fevereiro. Cmbio X Marfrig O dlar valorizado trouxe efeitos negativos ao resultado lquido do grupo Marfrig, que tem 81,6% de seu endividamento em moeda estrangeira. No quarto trimestre de 2008, a companhia teve prejuzo de R$74,2 milhes, ante ao lucro de R$26,3 milhes em igual perodo de 2007. No ano, a empresa tambm teve resultado negativo de R$35,5 milhes, comparado ao lucro de R$84,9 milhes em 2007. Em 2008, o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciao e amortizao) que mede a gerao de caixa da companhia, foi de R$884,4 milhes, aumento de 132,6% em relao a 2007, quando a empresa registrou R$380,2 milhes. A margem foi de 14,3%, ante os 11,4% registrados em 2007. A companhia obteve em 2008 uma receita lquida de R$6,2 bilhes, quase o dobro dos R$3,3 bilhes registrados em 2007. A dvida bruta do grupo elevou-se para R$4,3 bilhes no quarto trimestre de 2008, ante os R$3,2 bilhes do trimestre anterior. Fonte: Gazeta Mercantil. Finanas & Mercados. Por Fabiana Batista. 19 de maro de 2009.
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