De outubro do ano passado até este mês, a arroba do boi gordo caiu 10,36% em São Paulo - praça de referência para preços -, de acordo com acompanhamento da Scot Consultoria. No mês que se seguiu ao agravamento da crise financeira global, a arroba tinha preço médio de R$91,87. A média neste mês, até ontem, ficou em R$82,35.
Do lado da oferta de bovinos, que continua escassa no país por conta do ajuste do ciclo de produção na pecuária, não haveria razões para um recuo tão significativo do boi, afirma Fabiano Tito Rosa, analistas da Scot. “Sem a crise, talvez o boi não tivesse caído”, comenta o analista.
Mas a crise internacional derrubou a demanda por carne bovina no mercado externo - e também os preços do produto -, reduziu o crédito e atingiu em cheio frigoríficos brasileiros, que já vinham enfrentando dificuldades por conta da oferta apertada de bovinos para abate.
O efeito por aqui foi o fechamento de plantas de abate de bovinos ou até mesmo a saída temporária de empresas do mercado com o pedido de recuperação judicial, caso dos frigoríficos Independência, do Margen, do Arantes e do Quatro Marcos. Os três primeiros estão operando apenas parcialmente e o Quatro Marcos arrendou cinco unidades que operava para a JBS-Friboi.
Citando estimativas da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo ), Tito Rosa observa que cerca de 50 unidades de abate de bovinos foram fechadas no país por causa da crise no setor. Essas unidades representam uma capacidade de abate de 9 milhões de cabeças por ano.
“A oferta de gado continua apertada. O preço não teria caído tanto se mais unidades industriais estivessem operando”, afirma o analista. Para ele, apenas a partir do próximo ano é que a oferta de bovinos começará a se recompor no país.
Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha. 28 de julho de 2009.