• Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Consumo elevado de carne alivia custo recorde do boi


Quarta-feira, 27 de outubro de 2010 - 09h36

No momento em que a cotao da arroba do boi gordo atinge um valor recorde, diante de uma escassez de animais prontos para abate, as margens de lucro dos frigorficos do Brasil se sustentam no crescente consumo interno, em que pese as exportaes estejam menos competitivas, disseram especialistas nesta quarta-feira. A melhora da renda da populao brasileira, que tende a consumir ainda mais no final de ano com a chegada do dcimo terceiro salrio, tem garantido repasses de preos para a carne bovina na proporo da alta do boi, com arroba sendo vendida acima de R$100 atualmente. Nos mercados atacadista e varejista, a cada real que sobe (o boi) est tendo repasse (para a carne) e est tendo absoro. Nestas pocas de preo elevado, pensando em mercado interno, o frigorfico ganha bem, porque ele repassa fcil, o mercado comprador, no existe estoque..., afirmou Alcides Torres, engenheiro agrnomo e analista da Scot Consultoria. No acumulado do ms de outubro, a arroba do boi gordo em So Paulo teve valorizao de cerca de 15%, para um recorde de R$107,60 na tera-feira, mesma alta percentual registrada para a carne negociada no atacado paulistano, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Acho que o frigorfico est ganhando dinheiro, a gente no sabe o lucro, mas a gente faz as contas das margens, e est bom para os frigorficos hoje, acrescentou ele. No ano, a variao acumulada do preo da carne e do boi tambm semelhante, de quase 40 por cento, segundo o Cepea. Torres afirmou que j se fala no mercado em R$110 pela arroba, num perodo em que o consumo aumenta ainda mais. O fim de ano favorvel, a gente tem agora a primeira parcela do 13 em novembro, e tem bonificaes em dezembro, e isso bom para o mercado... Outra coisa, o poder do salrio mnimo aumentou acima da inflao, fora as bonificaes atrves de cartes de alimentos, ento isso tudo tem dado essa alavancada no consumo de protenas, declarou. Limites Segundo o professor da Esalq e pesquisador do Cepea Srgio De Zen, difcil saber o limite da transferncia do preo. Mas ele ponderou que, apesar dos picos de preo da carne, o consumidor tem algumas opes para amenizar a situao. Ele tem a possibilidade de escolha e nem todos os cortes vo na mesma direo, e com isso tem uma situao mais equilibrada do que parece, parece que o preo vai explodir, mas no explode, na mdia fica mais caro, mas no na mesma proporo, disse De Zen. Outras carnes (de frango e suna) tambm esto apresentando alta, em meio a preos maiores de matrias-primas para a rao como o milho no mercado internacional. Os preos mais altos dos alimentos mereceram at um comentrio do candidato a presidente Jos Serra (PSDB), que avaliou que o governo deveria tomar medidas para contar a alta. Mas o analista da Scot ponderou que o passado da economia brasileira mostra que o prprio mercado e os consumidores devem regular tais movimentos de preos, e no o governo. Os especialistas lembraram que a alta atual no preo da arroba do boi no est sendo aproveitada por todos os pecuaristas, at porque no so muitos com bois prontos para ofertar. Aps um perodo longo de seca este ano, o boi de muitos produtores continua magro. E os pecuariastas tentam elevar o peso dos animais para otimizar os ganhos num perodo de baixa oferta, at porque os custos de reposio do rebanho tambm sobem nessas pocas. Da parte do boi gordo, s deve ocorrer um alvio de preo a partir de janeiro, quando a oferta melhorar aps um perodo de chuvas que deve recompor os pastos. Mercado externo O preo recorde do boi, entretanto, mais sentido para as unidades frigorficas que vendem para o mercado externo, onde a competitividade da carne brasileira j no mais a mesma, tambm em funo da taxa cambial. Talvez a gente esteja vendo um dos momentos mais complicados, se analisar o pilar de sustentao (do mercado de exportao): tem oferta menor, tem uma capacidade esttica subutilizada, tem o dlar que achata e termina a competitividade, sem contar o preo do boi em patamares nunca atingidos, afirmou Antnio Camardelli, presidente da Abiec, que representa os exportadores. Segundo ele, considerando que o Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, no tem mais o diferencial do preo do gado em relao aos seus competidores, o governo e o setor privado deveriam buscar novos procedimentos e tecnologias para ampliar a competitividade. Tendo isso, o Brasil - com o maior rebanho comercial do mundo e amplas reas disponveis - voltaria a ter um diferencial. Camardelli disse que prefere aguardar o fim de outubro antes de falar sobre uma previso de volume exportado em 2010. Mas disse que a essa altura do jogo, o volume no interessa muito, o negcio tem que crescer em preo/tonelada e isso tem sido verificado. O que interessa ser campeo de renda. Fonte: Primeira Edio. 27 de outubro de 2010.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos