Os custos de produção do gado de corte devem ficar mais altos em 2011, puxados principalmente pelo aumento de gastos de 20,4% vistos neste ano e pela perspectiva de manutenção em preços mais elevados dos insumos agrícolas no ano que vem. Os fertilizantes e concentrados foram os maiores responsáveis pelo avanço dos custos este ano, segundo estudo da
Scot Consultoria.
A análise foi baseada na variação de preços realizada de janeiro a dezembro deste ano, usando como base quatro elementos essenciais para a produção da pecuária de corte de alta tecnologia: o fertilizante, o concentrado energético, o concentrado protéico e o suplemento mineral.
Segundo o analista e zootecnista
Gustavo Aguiar, em 2009 houve queda de 19% nos custos de produção de gado por conta dos reflexos da crise econômica global. Com isso, a tendência natural já era de alta, entretanto, os baixos estoques e a maior demanda por grãos como o milho e a soja auxiliaram essa retomada dos índices. “O que percebemos é uma retomada no movimento de alta geral das
commodities. E esse ano vimos um momento de alta nos custos de produção”, disse.
Os concentrados energéticos, que têm como pilar principal o milho, registraram a maior alta entre todas as categorias, com um total de 76,5% na média geral de janeiro a dezembro deste ano. “Apesar desse grande crescimento do milho, em média, ficamos bem parecidos com o ano passado. Pois como o preço caiu bastante por conta da crise, ele agora está recuperando”, frisou.
Os fertilizantes também acumularam uma alta significativa nesse período, fechando com 40,5%. O suplemento mineral, liderado pelo sal, contabilizou um aumento de 29,4% no ano. E, por fim, o concentrado protéico com incremento de 15% no período. “A alta dos concentrados gerou grande impacto na produção de gados confinados. Entretanto, o produtor não sentiu muito esse efeito por conta da valorização da carne bovina”, afirmou
Aguiar.
Para o produtor mato-grossense, Marcos Reinach, essa alta apenas retomou os patamares de preços perdidos em 2009, não afetando muito os rendimentos do produtor. Ele afirmou que os preços pagos pela carne bovina minimizaram os aumentos dos insumos. “Essa alta de preços não interferiu muito no meu negócio, e também não acredito que tenha tornado-o inviável para outros produtores. Isso faz parte do mercado, temos um ano melhor e outro pior”, comentou.
Com a previsão do setor de alta para os insumos em 2011, Reinach concordou que nesse caso o pecuarista brasileiro pode encontrar algum problema, destacando que o importante não é o volume de faturamento e sim a rentabilidade gerada pelo negócio. “A alta dos insumos esperada no ano que vem pode complicar, porque se o preço do boi chegar ao preço teto visto este ano, mas o insumo seguir em alta, a rentabilidade cai. O que interessa é a rentabilidade e não o faturamento’, garantiu ele.
Por fim, o pecuarista não descartou a possibilidade, caso o cenário acima se confirme, de uma produção ainda menor em 2011. “Um custo mais alto pode inibir o aumento de produção do pecuarista. É claro que isso não é uma regra, pois produtores estratégicos sempre farão confinamento para recuperar o pasto. Mas existem fazendeiros que somente visam lucros, e esses deixam de produzir quando não vale a pena”, afirma Reinach.
O analista da
Scot Consultoria afirmou que ainda é difícil prever os custos para o ano que vem por conta das incertezas que rondam as safrinhas de milho. Ele destaca que o milho foi o fator interessante em deste ano e deve ser em 2011 também. Em curto prazo, a expectativa é de um recuo nos preços do grão. “A safrinha de milho segue incerta por causa do clima e devemos virar o ano com um estoque de até nove milhões de toneladas de milho, que é alto. Se a safrinha for boa teremos excesso do grão e os preços caem”, disse
Aguiar.
Para ele, a única certeza é que os custos ficarão ainda mais altos no próximo ano. “A tendência é de alta para os insumos tão logo os custos de produção do gado de corte de alta tecnologia serão maiores também”, finalizou ele.
Os custos de produção do gado de corte no Brasil devem ficar mais altos no próximo ano, puxados principalmente pelo aumento de gastos de 20,4% vistos neste ano.
Fonte:
DCI. Agronegócios. Por Daniel Popov. 23 de dezembro de 2010.
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