At o fim do ano, deve persistir a tendncia inflacionria nos preos dos alimentos no varejo. Levantamento da Fundao Getlio Vargas (FGV), feito a pedido da Agncia Estado, mostra que a inflao das matrias-primas agropecurias no atacado, de repasse quase automtico nos preos dos gneros alimentcios junto ao consumidor, atingiu em novembro o maior patamar em mais de dois anos. Tomando por base os dados do ndice Geral de Preos - 10 (IGP-10) de novembro, a FGV apurou alta de 20,15% no acumulado em 12 meses nos preos destes produtos, a mais intensa neste tipo de comparao desde setembro de 2008, quando subiam 20,29%.
As matrias-primas brutas agropecurias comercializveis (commodities) atingiram a primeira taxa positiva acumulada do ano, com alta de 6,61% nos 12 meses encerrados em novembro, a maior em quase um ano e meio. Isso vai levar a novos repasses de aumentos de preo nos alimentos no varejo. A cadeia de derivados destes produtos muito longa junto ao consumidor, alertou o responsvel pelo levantamento e coordenador de Anlises Econmicas da FGV, Salomo Quadros.
Ele lembrou que a onda de aumentos originados do setor agropecurio comeou nos ltimos dois meses. Porm, a partir de novembro, a intensidade das altas mostrou que a inflao no est arrefecendo. Ainda no posso fazer uma estimativa para a inflao de 2011. Mas, podemos dizer que existem combustveis novos para a elaborao de novos surtos de elevao, afirmou o especialista. O que ns podemos descartar a ideia de que o pior j passou, afirmou.
Na prtica, as elevaes de preos so mais intensas em produtos relacionados a
commodities agrcolas. O analista da
Scot Consultoria, Alex Lopes da Silva, comentou que produtos como farelo de soja e subprodutos de algodo esto mais caros no mercado. De acordo com Silva, alguns produtos, como o caroo de algodo, comeam a faltar no mercado. Os alimentos concentrados proteicos esto mais caros, resumiu.
Para a economista do Santander, Tatiana Pinheiro, o cenrio atual nos preos das matrias-primas agropecurias um fator a mais para elevar as expectativas quanto aos resultados dos indicadores de 2011. Creio que estamos nos distanciamento do centro da meta inflacionria para o ano que vem (de 4,5%) disse a tcnica, acrescentando que a projeo do banco para o ndice Nacional de Preos ao Consumidor - Amplo (IPCA) de 2011 de 5%. Na semana passada, o IBGE divulgou o IPCA-15 de novembro, de 0,86%, bem acima do teto da projeo mdia de mercado, que estava em 0,77%.
Para os ndices Gerais de Preos (IGPs), a previso do Santander que terminem em torno de 4,7% para o ano que vem. Mas podemos revisar a estimativa dos IGPs para cima, caso esta presso de agropecurias permanea neste nvel, acrescentou Tatiana. Apesar do avano das expectativas, o Santander no aposta em alta na taxa bsica de juros (Selic), atualmente em 10,75%, na prxima reunio do Conselho de Poltica Monetria (Copom), marcada para a segunda semana de dezembro - a ltima do ano. O BC deve elevar os juros sim, mas somente na primeira reunio do Copom em 2011, acrescentou a analista.
O economista do banco Schahin, Silvio Campos Neto, avalia que com a provvel mudana no comando do Banco Central (BC) no ano que vem, o primeiro do governo Dilma Rousseff, crescem as incertezas sobre a conduo da poltica monetria, bem como sobre a autonomia da autoridade monetria para manter a inflao no centro da meta.
Fonte: Agncia Estado. 28 de novembro de 2010.
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